Base militar do governo, local desconhecido
-Ok. Mas tem uma coisa que eu não entendi. As pessoas que estavam no prédio quando o vírus foi lançado no ar se transformaram apenas inalando o ar e morreram quase instantaneamente. Como esse senhor, Robert, foi infectado, sendo que ele nem estava no prédio e por que ele virou um zumbi só depois de morrer de pneumonia, diferente dos outros que morreram por causa do vírus? -Eu não tinha conseguido entender aquela parte da história toda que Zoe contava.
-É pra isso que você está aqui, menina. Achar resposta para as perguntas das pessoas. -E foi embora, deixando-me ali com uma dúzia de perguntas sem solução. Sentindo-me inútil naquele meio de pessoas inteligentíssimas e trabalhando duro, fiz a coisa mais madura a fazer naquele momento. Comecei a bater minha cabeça na ponta da mesa, esperando uma inspiração vir à cabeça, e acabei chamando a atenção de um rapaz que passava e observava a cena cômica do meu desespero, de pijamas e com uma caneca de café na mão.
-Ei, garota. Tá tudo bem? -Ele parecia preocupado. Os cabelos castanhos um pouco longos eram um charme. -Eu sei que esse lugar pode te tirar do sério, mas a última coisa que precisamos é uma menina se automutilando na sala de pesquisas. -Ele tentou me rir um pouco, mas minha cabeça estava latejando e doendo demais para rir. -O que houve? Ah, a propósito, sou Bran.
-Emily... -Disse, acariciando minha testa, numa tentativa falha de passar a dor. -Aquela mulher, a Zoe, me fez um bando de perguntas para eu achar as respostas... O problema é que eu nem sei por onde começar!
-Ah, sei. Por que as pessoas do prédio morreram assim que entraram em contato com o vírus e por que o Robert morreu depois? -Ele fez um palpite, acertando em cheio.
-Exatamente. Todos têm que criar uma teoria?
-Acho que sim. Eu já tenho a minha e acho que faz bastante sentido. Bem, é meio que um rascunho de uma teoria e ainda precisa de alguns ajustes, mas acho que está boa. -Fiz um sinal com a mão para que Bran continuasse a explicar. -Eu acho que esse vírus é como o da gripe. Ele viaja pelo ar, carregado pelo vento e, assim, chega muito longe e se instala em qualquer hospedeiro que veja pela frente. Isso explica porque Robert tinha o vírus, mesmo não estando presente no laboratório. Agora, porque não morreu instantaneamente, não tenho nada ainda.
-Nossa... Realmente, faz muito sentido. Mas o vírus não era passado por fluidos corporais?
-Sim, depois de instalado no corpo. Mas quando ele foi expelido em forma de aerosol no prédio do laboratório, ele conseguiu percorrer grandes distâncias. É possível que toda a cidade de Springfield esteja contaminada com o vírus.
-Se não, uma parte grande está. Depois de Robert transformar seu próprio filho e devorar a outra, uma multidão já estava na frente da casa. Mesmo que pouca gente tenha efetivamente servido de jantar, muitas foram mordidas. E se transformaram mais tarde. Não temos mais notícias de lá há quase uma semana. Só sabemos que a guarda nacional priorizou aquela região.
-Sim, mais ainda não faz sentido as pessoas no prédio terem morrido rápido e Robert não. Até seu filho se transformou mais rápido.
-Será que tem algo a ver com a idade? Ou a morte pode ser por causa do vírus. -Bran começou a pensar alto, mas logo depois manteve os pensamentos para si.
-Como assim, Bran? -Não entendi. O que o vírus tinha a ver com a morte do coitado?
-Pense bem... Robert não morreu por causa do vírus, certo? Ele tinha pneumonia e morreu de insuficiência respiratória. Agora, o pessoal do prédio e Luke foram mortos pelo vírus e...
-Mas Bran, não tem como saber se o G11 estava fazendo ou não danos internos no cara, a pneumonia pode muito bem ter sido acelerada pela ação do vírus. Só uma autópsia e alguns exames para descobrir algo assim.
-Você tem razão... Mas o que pode ser? -Bran indagou-se, curioso. Sem tempo para mais pensamentos, a sirene tocou, avisando que era hora de ir para o quarto e dormir. -Qual o número do seu quarto? Quer que eu te acompanhe? -Ele perguntou, gentil.
-Ah, é 322. E o seu?
-390, só um pouco distante. -Caminhávamos juntos até nossos aposentos. -O que será que acontecerá quando o mundo acabar?
-O que? -A pergunta foi tão repentina que eu, distraída, não prestei atenção.
-O mundo está acabando, certo? Zumbis começando nos Estados Unidos, que exporta produtos para o mundo inteiro e recebe milhares de imigrantes ilegais por ano e que é alvo de terroristas 24h por dia. É apenas uma questão de tempo até o mundo inteiro estar infectado com essa merda. E só sobraremos nós, em uma base militar do governo, ninguém sabe onde, com centenas de armas e toneladas de comida. O que será do mundo nessa época? -A reflexão de Bran me fez com que eu me sentisse triste. E ao mesmo tempo me fez pensar que não queria ser a mulher responsável por repovoar o planeta.
-Ah, não sei. Essa época ainda não chegou. E realmente espero que não chegue. -Gaguejei um pouco com o pensamento de Bran ser o último homem da Terra e de perceber que gostei da ideia.
-Chegamos, 322. Até mais, Emily.
-Até, Bran. -Ambos nos despedimos e entrei no meu quarto. Esperei um pouco e olhei para o corredor, apenas para ver o menino andar calmamente, como se tudo estivesse bem. Sorri, fechei a porta e me joguei na cama, convidativa e macia, dormindo quase que instantaneamente.
~x~
O garoto caminhou um pouco mais e chegou em seus aposentos. Ao chegar lá, tomou um banho, para acalmar, e deitou-se em sua cama. Encarando o teto, pensava nas pessoas em perigo do lado de fora das paredes da base, que não sabe onde fica ou o que é. Eles podem tanto estar no subterrâneo de uma montanha quanto na cobertura de um prédio da cidade. Observou as rachaduras do teto, dedurando a idade do lugar -ou sua localização. Pensou em cada um dos seus amigos, que sentia falta deles, mas deixou tudo para trás quando foi recrutado pelo exército quanto isso começou. Sua garganta fechou quando pensou em sua mãe, sozinha, e mesmo tentando esquecê-la, seu cérebro teimava em atormentado com as últimas imagens que havia dela. Ignorou os pensamentos, balançando sua cabeça para dispersá-los. Os cabelos morenos cobriam-lhe os olhos. Estava precisando cortá-los. Virou-se para a parede e adormeceu, pensando no dia de amanhã e em encontrar Emily.
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Infected- A origem (cancelado)
Fantasy"Ninguém me disse que eu teria que viver assim. Se eu soubesse, teria nascido e já começado a me preparar fisicamente, espiritualmente e psicologicamente para isso" - Emily Ford, 17 "Não sei se ainda tenho traços da humanidade. Quando vejo uma ameaç...