24 de fevereiro de 2074
Springfield, Massachussets
Já faz mais de duas horas que eu estava sentado naquela cadeira. A sala de espera do hospital não era lá muito acolhedora e já passava das duas da madrugada. Ligaram para minha casa no meio da noite, já estava no sétimo sono, sonhando. Sonhos interrompidos pelo barulho incessante do telefone na sala. Levantei e segui, cambaleante, o som agudo. Sem conseguir raciocinar direito, procurei por um instante a origem do toque, atendendo assim que a encontrei.
-Alô? -Respondi, com a voz rouca de sono. Não estava em condições de dizer "Frank Willis, quem fala?", como de costume, então fiz o que qualquer pessoa normal faria se tivesse seu sono interrompido, e falei um simples "alô?".
-Boa noite, o senhor Frank Willis está? -A voz grossa e desconhecida diz do outro lado da linha.
-O próprio. Quem gostaria? -Já ajeitei a postura, imaginando que fosse alguém do trabalho, talvez algum chefe superior, ou apenas algum funcionário com a voz autoritária demais.
-Aqui é o Dr. Aguilera, do Baystate Medical Center. Antes de tudo, desculpe-nos pelo incômodo, caso não seja o Frank Willis que procurávamos, mas se for, precisamos que venha para o hospital o mais rápido possível. Chegou um homem baleado na ambulância, desmaiado, apenas com o crachá do trabalho. Depois de retirar a bala e estabilizá-lo, ele ficava repetindo o seu nome, sem parar, enquanto dormia. -O médico contou-me a história.
-Mas quem seria o homem, meu Deus? -Interrompi a fala do médico. Estava surpreso! Que conhecido meu seria baleado? Quem estaria na rua a essa hora da noite, convenhamos! Já passava das onze!
-Como disse, ele tinha um crachá nos bolsos, com o nome dele e alguns números. Caesar Brooke, 2487.
-Caesar! Oh, meu Deus. Estou saindo de casa agora mesmo. Qual o nome do hospital mesmo? -Perguntei ofegante, enquanto pulava da cadeira e vestia uma blusa e enfiava uma calça. A adrenalina tomou conta do meu corpo, levando o sono embora.
-Baystate Medical Center, 759 Chestnut St. Pode parar no estacionamento, diga para o porteiro que o Dr. Aguilera deixou você parar. Mas venha rápido! -O doutor me dava as ordens, enquanto catava as chaves do carro nos bolsos da calça.
-Estarei aí em dez minutos. -Desliguei o telefone e acelerei o carro. Acabou que cheguei em menos de cinco minutos, sem trânsito devido à hora. -O Dr. Aguilera me deixou parar aqui dentro. -Disse para i porteiro, como o doutor pediu.
Entrei no hospital e corri em direção ao balcão da recepção. A mulher, que estava mexendo em alguma coisa no seu computador, levantou o olhar e me observou por cima das lentes grossas de seus óculos.
-Boa noite, eu recebi uma ligação do Dr. Aguilera, dizendo que meu amigo foi baleado e chegou de ambulância, hoje. -Disse, meio sem respirar, ansioso e um pouco impaciente.
-Ah sim, Frank Willis. O doutor disse que viria. Por favor, espere aqui até ser chamado. -Foram as únicas palavras que aquela atendente dirigiu à mim desde que eu cheguei.
Agora, duas horas depois disso, meu nome ainda não foi chamado. Estava ficando sem muita paciência e me segurando para não voltar para casa e dormir o resto do dia. Já tinha bebido mais de 5 copos de café para me manter acordado, já que o calor do momento passou, assim que cheguei aqui.
-Frank Willis, andar 5, quarto 509. Frank Willis, andar 5, quarto 509. -A voz mecanizada chamava pelo meu nome, finalmente. Andei com a certa urgência até o elevador e amassei o botão do quinto andar. Dei logo de cara com o quarto e hesitei ao segurar a maçaneta. Respirei fundo e girei-a abrindo a porta do quarto. Quando entrei, chamei a atenção de todos no recinto, que eram, na verdade, apenas o tal doutor que me ligou, uma enfermeira, terminando de colocar a agulha do soro na veia do homem deitado na maca, e um policial, careca e com uns bons 50 anos, quase da minha idade. -Boa noite, desculpe a demora. Cheguei em menos de cinco minutos, mas me seguraram na sala de espera. -O clima estava tenso e os olhares pairavam em mim, me acusando de algo ou com pena, não consegui decifrar.
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Infected- A origem (cancelado)
Fantasy"Ninguém me disse que eu teria que viver assim. Se eu soubesse, teria nascido e já começado a me preparar fisicamente, espiritualmente e psicologicamente para isso" - Emily Ford, 17 "Não sei se ainda tenho traços da humanidade. Quando vejo uma ameaç...