Prólogo

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9 de fevereiro de 2074

Chicago, Illinois

O dia começou ótimo. Fui pra escola, fiz teste de matemática, aprendi coisas que não sei para que vou usar na vida, recreio, coversa, besteira, mais matéria inútil e handball, o ponto alto do meu dia, já que vivia solitária naquela escola, sem amigos. Sinceramente, não sei o que faria sem o handball. Enquanto um bando de gente fica suada, depois de tanto andar para lá e para cá, eu estou sempre impecável, acertando todos os passes sem nenhum esforço. E é por isso que sou odiada pelas metidas que tentam, em vão, manter o rabo de cavalo bonito enquanto meu cabelo permanece inteiramente arrumado. Finalmente o sinal tocou, me livrando dos olhares irados das minhas inimigas declaradas. É bom ter um pouco de atenção de vez em quando. Como não tenho ninguém, tenho tempo de sobra para me dedicar a alguma coisa. Uso todo o meu tempo livre treinando esportes, sendo meu favorito, o handball. Tomei uma ducha e fui caminhando para o ponto de ônibus. Uma vida chata, vivida por uma garota excêntrica. Peguei o 176, lotado para variar. O dia estava quente, as janelas fechadas, deixando o lugar completamente abafado, e para piorar, o motorista ainda parava em outros pontos para pegar mais gente, encher mais o ônibus, lotá-lo mais ainda e aumentar a intensidade dos resmungos de pessoas ingratas. "Se você se incomoda com os ônibus cheios, que vá a pé!", minha mãe sempre dizia e passei a concordar com ela. Tentando melhorar a situação, coloquei meus fones de ouvido no volume máximo, com um rock tocando. Fechei os olhos e procurei esquecer o calor, as pessoas, minha vida por um momento. Um brevíssimo momento, já que meus fones foram arrancados do meu ouvido e roubados por um coitado qualquer quando desci no ponto perto de casa. Na fuga, ele esqueceu que os fones estavam plugados no meu celular, que caiu no chão quando ele puxou. Peguei o celular estraçalhado do chão e os cacos da tela fizeram cortes profundos na minha mão. Gritei um palavrão, fazendo com que todos os pedestres olhassem torto para mim. Como estava perto de casa, corri para dentro e chamei minha mãe. Fomos ao hospital, os médicos fizeram vários curativos, passaram remédios caso infeccione e eu fiz a minha melhor cara de entediada o tempo inteiro. Chegando em casa, arrastei-me até meu quarto e caí em minha cama. Fitei cada um dos 113 pôsteres das minhas bandas favoritas. Nirvana, Beatles, GunsNRoses... Como a vida poderia ser mais simples, sem escola, sem ladrões de fones alheios, sem ônibus lotados, principalmente sem testes de matemática! Seria a vida perfeita...

Springfield, Massachusetts

-Doutor, o G09 fase um está pronto para ser testado. -Disse a doutora Burk.

-Muito bem. Ilana, pode chamar o Conselho para ver o primeiro teste da fase um? -Disse a ela.

-Sim doutor. Qual cobaia iremos utilizar?

-Deixe-me pensar... Que tal o 23? Ele está aqui para isso, não é?

-Sim, doutor. Volto em um minuto.

-Não, deixe que eu busco. Preciso que você chame Caesar para lhe ajudar nos testes.

-Sim, doutor. -Dito isso, ela saiu do laboratório.

Ser um doutor renomado em Biologia e Mutações não é tão ruim assim. Tenho uma equipe de médicos e pessoas que estudaram nas melhores faculdades dos Estados Unidos e Inglaterra, uma sala especial, um escritório e muitos privilégios, como lugares na primeira fileira nas palestras de estagiários, café no escritório e muitas secretárias bonitas. Repassei as falas devidamente decoradas enquanto caminhava em direção ao corredor das cobaias. Era enorme, com muitas portas que davam nos mais distintos lugares. Uma delas levava-me até a sala dos primatas, com inúmeros chimpanzés, orangotangos e sagüis para realização de testes.

-20... 21... 22... 23! Aí está você, meu amigo. -Jack, um chimpanzé macho já adulto, sorriu ao me ver. Foi nascido e criado em laboratório, para ser usado em testes como esse, perigosos e com resultados imprevisíveis.- Chegou o seu dia. Vamos.

Infected- A origem (cancelado)Onde histórias criam vida. Descubra agora