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O dia amanhece mais frio que o costume, e quando levanto da cama para olhar o céu, vejo que está nevando. Minha boca se curva num singelo sorriso naquele momento, pois neve é algo mágico para mim e que me traz lembranças que estão guardadas no fundo da mente...

Flashback on

Depois de me encher de agasalhos e colocar uma touca rosa na minha cabeça, mamãe sorriu pra mim. Eu vi em seus olhos preocupação e tristeza, mas qual criança seria capaz de decifrar isso?
Ela segurou a minha mão firmemente e me puxou para fora de casa. O chão já estava todo coberto com várias camadas de neve branquinha, e eu só sentia vontade de me jogar ali em cima e passar o dia inteiro brincando na neve.
- Vamos fazer um boneco de neve? - mamãe sorriu e se abaixou para ficar da minha altura.
Eu respondi que sim, e empolgada comecei a construir o boneco com ela.
Nós fazíamos isso todo ano, todo inverno. Era um hábito nosso, e nunca perdia a graça. Porém, ela foi embora. E com a falta dela, brincar na neve perdeu totalmente o sentido pra mim.

Flashback off

Depois de vestir uma roupa bem quentinha e passar maquiagem no rosto, peguei minha bolsa e sai do quarto. Melissa não iria ver aula naquele dia por conta do frio, e para não discutir que as aulas de hoje eram importantes, deixei minha amiga dormindo. Afinal, eu mesma queria estar fazendo o mesmo que ela.
Enquanto caminhava pelo corredor da universidade, senti alguém tocar em meu ombro e imediatamente olhei para trás na esperança de ser ele. Confesso que eu andava por aí, querendo encontrá-lo, que a cada passo meu eu imaginava ele ao meu lado. Mas tudo não passava de uma grande ilusão.
- Bom dia. - Zayn sorriu abertamente pra mim, e eu retribui o sorriso, ou pelo menos tentei.
- Bom dia. - eu disse.
Não gosto de andar com Zayn pelos corredores da faculdade, imagino que Harry possa nos ver e ficar chateado. Não quero magoa-lo mais ainda.
- Vamos tomar café da manhã juntos? - ele perguntou sorrindo e ainda com a mão por cima do meu ombro.
- Eu não estou com fome, Zayn. Agradeço o convite.
- Vamos, Hayley. Seu pai não iria gostar de saber que a princesinha dele não está se alimentando direito. - ele disse.
Meu sangue congelou nas veias ao ouvi-lo mencionar meu pai, e eu quis sair correndo imediatamente, mas meus pés não me obedeciam. O fato de Zayn ser um capanga do meu pai, que é um dos traficantes mais perigosos do estado, só piora mais ainda a merda que está a minha vida. Tudo por causa de uma rixa idiota que o meu pai tem com o Harry.
Eu sinto que Zayn, mesmo querendo ser bom e sair dessa vida - como ele já me disse - vai continuar esfregando na minha cara a minha situação com meu pai, só pra me ter por perto, acuada e com medo daquele homem que infelizmente, é o meu pai.
Pensei em cuspir na cara dele e dizer que eu não vou. Mas o rosto de Harry surgiu na minha mente.

- Eu o mato, ouviu bem? Eu mato ele bem na sua frente, se você ousar falar com ele novamente. Você não sabe a guerra que está causando, Hayley.
- Ele vai largar o tráfico! - eu disse.
- E você acha que isso resolve? - Trenton riu - Ele sempre vai ser meu inimigo, garota, dentro ou fora. E você sabe o que os inimigos fazem? Acabam uns com os outros.
- Não faça nada com ele. - pedi.
- Depende somente de você.

Depois de acordar do meu pequeno devaneio, olhei para Zayn, que ainda estava esperando uma resposta minha, sorri forçado e disse:
- Sim, Zayn. Vamos tomar o café da manhã. - minha voz saiu mais baixa do que o costume.
Zayn não tirou a mão do meu ombro até entrarmos no refeitório, e eu torcia desesperadamente para que Harry não estivesse ali.

- Pra onde você vai? - Melissa me perguntou enquanto estava me observando vestir um casaco bem quente.
- Vou dar uma volta, Mel. Preciso pensar. Preciso conversar com a minha prima. - eu disse.
- Quer que eu vá com você? - ela se ofereceu.
- Não precisa, Mel. Preciso de um tempo sozinha, para organizar as ideias.
- Tudo bem. Mas não vai sumir de novo, ok? Toma cuidado, e qualquer coisa, me liga. - ela disse, me olhando com seus olhos castanhos exalando preocupação e carinho.
Fui até ela e dei um abraço apertado, Mel tem sido muito boa para mim. 

As ruas estavam calmas, as minhas botas entravam na neve até o tornozelo, mas eu não me incomodava com isso. Na verdade, me sentia livre. Podia ver o vapor saindo da minha boca quando eu respirava, e usei isso para aquecer minhas mãos, já que havia esquecido as minhas luvas.
Entrei no starbucks mais próximo e pedi uma bebida quente. Olhei pelo local e me certifiquei que Scarlet ainda não tinha chegado. Sentei em uma mesa no fundo do local, por ser mais quente, e esperei ansiosamente pela minha bebida e pela minha prima.
Scarlet entrou praticamente correndo, e olhava para os lados me procurando freneticamente. Acenei com a mão e logo ela veio até mim, sentou na cadeira que estava à minha frente, respirou fundo e sorriu.
- Como você está? - ela perguntou segurando a minha mão por cima da mesa.
- Na mesma. - eu suspirei - e você?
- Estou preocupada com você. Mas como eu disse, eu vou te ajudar. Na verdade, acho que já encontrei uma forma de te ajudar. - ela disse com os olhos azuis brilhando.
Uma pequena chama de esperança se ascendeu no meu peito naquele momento. Talvez ainda haja esperança para mim, para nós, afinal.

Depois de horas conversando com a Scarlet e ouvindo sobre o plano que ela tem para me ajudar, decidimos ir embora, pois a cada minuto o clima ficava mais frio e a neve caia com mais intensidade. Me despedi da minha prima com um abraço caloroso, e comecei a minha caminhada de volta para os alojamentos da faculdade.

Senti um carro parando ao meu lado, mas ignorei e continuei andando. O carro continuou me acompanhando, e eu já amaldiçoava mil vezes Zayn e o meu pai, que além de estragar completamente a minha vida, ficam me seguindo para todo lugar que vou.
- Hey. - escutei alguém me chamar e imediatamente olhei para o carro.
Meu coração, que parecia estar congelado com todo aquele frio, esquentou instantaneamente ao ve-lo. Ele estava lindo, com uma touca verde no cabelo e as bochechas levemente rosadas por causa do frio.
- Oi. - eu disse, olhando desesperadamente para os lados, checando se não havia ninguém nos observando.
- Entra no carro, te levo para os alojamentos, tá muito frio pra ficar na rua. - ele disse e abriu a porta do passageiro pra mim.
Meu Deus, sei que eu preciso recusar, pois se alguém nos ver, a vida dele corre riscos, mas a saudade que eu sinto dele fala mais alto. Sei que preciso ficar longe, preciso parar de magoá-lo tanto assim, mas parece que minhas pernas não me obedecem e caminham diretamente para o carro.

Ele abre um meio sorriso quando fecho a porta do carro, e meu coração falta sair pela boca. Por que ele ainda insiste em mim, mesmo depois de tudo que eu fiz com ele? Ele não me odeia como eu penso?
- Nunca vou entender os motivos para você ter feito aquilo que fez comigo, mas eu não iria deixar você congelar nesse frio. - ele disse sem me olhar.
- Ah, tudo bem. Obrigada, Harry. - eu disse.
- Não quero mais brigar, ok? Se não deu certo entre a gente, vida que segue. - ele fez uma pausa, eu não tinha coragem de olhar para ele, sinto vontade de beija-lo, mas isso só pioraria tudo. - Eu não consigo te odiar, então vamos tentar viver harmonicamente, ok? Afinal sua prima namora o meu melhor amigo. - ele disse.
- Tudo bem. - eu disse.
O resto do caminho foi em silêncio, um silêncio constrangedor para nós dois. Harry estacionou em frente à faculdade, e eu me soltei do cinto de segurança.
- Obrigada, Harry. - eu disse e olhei nos olhos dele, percebi que estavam com a pupila dilatada, apenas um fino anel verde em volta da parte escura. Tão bonito. Não pude evitar olhar para a boca, tão rosada e convidativa...
- Por nada. - ele forçou um sorriso e mostrou a covinha. Meu coração parou por dois segundos.
Abri a porta do carro, mas sua mão em minha coxa me impediu de sair. Olhei para ele e vi que ele tinha os olhos fixos na minha boca.... Ah não!
Harry puxou meu rosto para mais perto, e com uma das mãos puxando o meu cabelo, ele me beijou. Nos beijamos desesperadamente, sem nos importar em respirar. O tempo era curto, e a saudade era imensa.
Ele partiu o beijo, mas não afastou o rosto do meu.
- Droga. Não sei porque fiz isso. - ele disse, sem abrir os olhos.
Eu sorri. Estava me sentindo tão bem naquele momento, o peso que eu carrego parece ter sumido, mas na verdade, eu sei, que depois desse beijo, ele só aumentou.
- Isso não aconteceu, ok? É melhor ficarmos longe... Porque quando você está por perto, eu não consigo evitar... Que a merda do meu coração ainda é só seu.
- Tudo bem. - eu disse me afastando. - É melhor eu ir agora. Tchau, Harry. - disse e abri a porta do carro rapidamente, sem esperar uma resposta dele. Meu coração estava pulando tanto em meu peito que eu sentia que a qualquer momento ele iria sair pela minha boca, mas eu tentei me controlar e olhei para os lados. Ninguém nos viu, eu espero.
Entrei no alojamento sorrindo feito uma boba. Ele ainda me ama.

N.A: Oi gente, sei que demorei a postar, mas foi por causa do vestibular, espero que vocês entendam. A boa notícia é que agora eu estou de férias e vou postar com mais frequência. Preciso que comentem e digam o que estão achando. Mil desculpas pela demora. ❤️

Possession || Harry StylesOnde histórias criam vida. Descubra agora