Os raios de sol do sábado de manhã passavam espontaneamente pela janela deixando uma bela visão das sombras das cortinas balançando sobre o chão.
Eu ainda estava grogue de sono, olhei para a frente e vi minhas roupas sobre uma cadeira ao lado de minha cama, aliás, oque eu havia feito noite passada?
Lembrava de poucos detalhes, mas tudo veio à tona em meus pensamento: eu bêbado, Daniel na moto e nós dois juntos sobre a cama.
Olhei por debaixo dos lençóis que me cobriam e vi que estava nu. Levantei num salto deixando uma onda de dor invadir minha cabeça tão rapidamente que cambaleei para trás.
Corri para o banheiro, liguei o chuveiro deixando que meu corpo se livrasse das impurezas da noite anterior.
Após o banho corri para meu quarto e coloquei as roupas que estavam sobre a cadeira dentro de um balde de roupas sujas que tenho em meu quarto. Retirei os lençóis da cama e percebi que sobre um deles havia alguns pingos de sangue o que me deixou com um pouco de medo. Será que aquilo saira de mim durante a relação sexual? Enfim, não queria saber, coloquei todos os lençóis junto com as roupas e coloquei novos na cama. Sentei para refletir enfiando o rosto entre as mãos e respirando fundo, deixando meus pensamentos irem à Daniel.
Lembrei do jeito que ele me tratou. Seus beijos, suas carícias e de como ele me manteve seguro. Após seu pênis ter me penetrado por completo, Daniel perguntou-me várias vezes se ele estava me machucando. Eu respondia que não, pois não sabia ao certo se o que estávamos fazendo me feria. Eu sentia dor, mas não sabia se aquela dor era porque estava me machucando ou o contrário.
Parei de pensar nisso, olhei para frente e vi que meu besourinho estava sobre a velha escrivaninha do meu quarto."Meu Deus!" Explodia Vanessa do outro lado da linha. "Eu disse que ele gostava de você!"
"Calma! Não sei ao certo se ele gosta de mim!" Disse.
"E oque você pretende fazer?"
"Acho que já sei!"O final de semana passou como um vulto dando entrada para segunda. Mamãe se preparava para ir trabalhar e eu me preparava para Daniel. Coloquei um bilhete que escrevi para ele na mochila e fui ao encontro de Vanessa que surpreendeu minha mãe e a mim ao chegar cedo.
"E então? O que vai fazer?" Perguntou ela com curiosidade.
Mostrei o bilhete. "Vou deixar isso na mesa dele hoje. Aqui diz onde quero encontra-lo, e depois vou dizer pra ele tudo o que tenho pra dizer".
"É assim que se faz!" Disse Vanessa empolgada.E assim eu fiz, botei o bilhete sobre a mesa de Daniel quando fingi que queria tirar uma dúvida. Mas também não deixei de notar que Carla, a garota gótica ou garota de luto como dizia Vanessa não era mais do estilo que era antes. Ela agora estava com uma roupa totalmente diferente das roupas que usava antes. Percebi que havia um tom meio que pastel na sua camisa de baixo e ela usava um casaco parecido com o que usei no primeiro dia de aula, porém, não a encarei muito pois ainda tinha medo de que ela virasse e me desse uma resposta.
Vanessa e eu conversamos bastante na hora do intervalo, e por muito tempo percebi que Daniel passara me encarando. Talvez ele já tivesse lido o bilhete.
As aulas acabaram, corri para a quadra de esportes e fiquei ali, esperando Daniel, que não demorou a chegar.
"Olá Richard! Queria me dizer algo?" Disse ele parecendo calmo. E eu pelo contrário, estava tão nervoso que não podia disfarçar.
"Eu... eu queria te dizer que... que amei estar com você noite passada. Quer dizer, aquilo que fizemos noite passada foi muito especial pra mim."
"Nós não fizemos nada demais! Apenas trepamos, nada mais!" Disse ele fazendo o sorriso em meu rosto se desfazer. "Isso não significa que você não tenha valido nada pra mim. Ao contrário. Eu gostei, eu gostei muito".
O que ele achava de mim? Será que ele queria apenas se divertir?
"Mas isso também não significa que devemos ficar juntos. Não podemos. Desculpa". Disse ele indo embora da quadra me deixando sozinho ali, eu estava imóvel, em choque.
Comecei a respirar fundo, peguei minha mochila e fui para o vestiário. Eu não podia chorar ali.Já haviam se passado alguns minutos e eu ainda chorava no vestiário. Meus olhos ardiam e meu nariz escorria, mas isso não era tão agonizante quanto a dor de saber que você foi tratado como um boneco.
Foi então que percebi que alguém vinha na direção de onde eu estava. Se fosse a inspetora eu estava frito, pois meu passaporte para a detenção já estava marcado.
Me escondi em meio à escuridão e fiquei ali parado para não chamar a atenção.
"Richard? Você está aí?" A voz familiar soava em eco pelo vestiário masculino.
Levantei de onde estava e avistei Vanessa. Ela me olhou e pela cara que fez percebeu que eu estava chorando.
"O que aconteceu?"
Expliquei toda história à ela. Vanessa parecia desapontada e com raiva ao mesmo tempo parecendo não acreditar.
"E agora?" Perguntou ela.
"Não sei! A única pessoa que pareceu me olhar com outros olhos não passava de um homem procurando diversão. Eu já devia imaginar isso!"
"Não fala isso! Existem outras pessoas!"
"Quem iria me querer? Eu nunca fui desejado por ninguém! Ninguém nunca reparou em mim, é por isso que eu sempre fiz questão de entrarmos juntos na escola!" Vanessa me olhou confusa, mas eu continueu: "Nunca fui reparado por ninguém, e entrar de mãos dadas com você na escola me deixava mais aliviado quando via que todos ao nosso redor nos olhavam."
Vanessa ficou imóvel, não falara nada, até que algum tempo depois ela abriu a boca.
"Temos que fazer Daniel pagar. Você só precisa se arrumar um pouco melhor".
"E desde quando isso vai mudar algo?"
"Você não é feio! Olha pra você. Você tem um corpo lindo, só precisa se arrumar melhor e fazer um novo penteado, essas coisas!"
"Como eu vou fazer isso? Não tenho dinheiro!" Disse magoado ao lembrar de minha situação financeira.
"E para que servem os amigos?"
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Saudações Ao Professor (Romance Gay)
Teen Fiction"Não foi apenas uma pequena queda, eu saltei do topo de uma colina." Richard é um garoto que se julga feio e desajeitado. Tendo como melhor amiga Vanessa, ele sempre a ouviu contar suas histórias sobre seus romances e aventuras, enquanto Richard sim...