A visita

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Eram seis horas da noite e eu conversava pelo Whatsapp com Matheus desde as quatro.
À esse ponto da conversa nós já havíamos ganhado bastante intimidade, mas nada tão relevante. Ele é um garoto legal e muito bom de papo.
E enquanto eu conversava com ele arrumava meu quarto que estava uma zona. Eu estava só de cueca e camisa, jeito típico meu de andar pela casa pois não suporto bermuda! Gosto das minhas coisas livres... enfim!
Já havia varrido o espaço e agora tinha que colocar tudo que eu tinha colocado para fora do quarto de novo para dentro. Não era muita coisa, apenas dois depósitos de guardar roupas, meu ventilador e um pequeno sofá que mamãe me deu pra enfeitar meu quarto.
Coloquei os dois baldes no lugar e depois o ventilador ao lado de minha cama em cima do banquinho que ele ficava. E agora vinha o mais trabalhoso: o sofá.
Fui arrastando ele até o seu devido lugar, deixei ele ali parei um pouquinho quando uma voz masculina soou pelo quarto.
"Sofazinho pesado esse hein!"
Dei um pulo de susto, batendo minha cabeça em um estante onde boto meus livros. Aquela voz me assustou, era grossa mas serena. Pra falar a verdade eu jurei que fosse Daniel, mas depois virei-me e vi que não era.
"Aí meu Deus, você está bem?!" Disse o rapaz vindo na minha direção oferecendo ajuda.
"Não!" Apontei um dedo na sua direção. "Fique aí mesmo!" Respondi. Eu estava morrendo de vergonha.
Peguei uma toalha e a envolvi na minha cintura para não deixar as pernas à mostra.
Olhei para o homem, afinal quem era ele?! Ele era bonito, muito bonito. Tinha um corpo estrutural, mas de onde esse garoto saiu?!
"Quem é você?!"
Ele me encarou como se eu o conhecesse, mas não lembro dele.
"Não de lembra de mim, Richard?"
"Não!" Respondi tentando ainda reconhecer o rapaz.
"Nossa! Eu mudei tanto assim priminho?"
Priminho?!
Pera! Esse jeito de me tratar...
"Ai minha nossa!" Larguei a toalha no chão e abracei o rapaz. "Meu Deus Pedro, como você está mudado! Que saudades!"
Eu sorria. Estava muito feliz. Pedro sempre foi meu primo favorito, ele era o mais chegado a mim.

Ainda não havia caído a ficha de que era Pedro quem estava ali comigo. Ele havia mudado e muito.
Pedro era muito feio na infância! Ele era esquelético, era cheio de espinhas no rosto e seus dentes eram muito tortos. Agora ele havia mudado, crescido e amadurecido.
Acho que esses anos que ele passou no Rio de Janeiro foi um modo dele se ajeitar e vir pra Belém como se fosse uma coisa feita para surpreender quem o conhece à muito tempo.
"E a faculdade? Por que você largou?!" Perguntei, estávamos conversando à alguns minutos.
"Resolvi abrir meu próprio negócio! Trabalho em uma malharia. O negócio deu certo e abri algumas lojas. Daí eu deixei meu pai cuidando do negócio e vim visitar as pessoas que faziam falta."
Ele me encarou.
Sorri.
Olhei para o nada sem saber oque dizer.
"E você também mudou muito! Está muito bonito!" Disse ele pra mim cortando o silêncio.
"Obrigado!" Disse-lhe com as bochechas ardendo. "Você também está muito bonito!"
Ele sorriu.
Olho para ele do meu lado deitado. Ambos estamos de bruços, nos apoiando pelos cotovelos sobre a cama.Ele está olhando para baixo.
Então vejo o quanto ele é bonito. Agora com dezenove anos, seu rosto era liso, bem limpo, sem uma marca de acne. E seus dentes são perfeitos. Agora lembro de como ele era quando adolescente. A pele cheia de espinhas e um enorme aparelho que atravessava seus dentes. Mas eu gostava dele daquele jeito.
Quem eu gostava muito também era da tia Aurora, a mãe de Pedro. Ela sempre nos dava uma dica de como devíamos evitar ter marcas de acne no rosto. O segredo era: não espremer as espinhas.
Eu fui teimoso, logo que minha fase de ter espinhas começou eu as espremida oque depois de algum tempo se formou em uma bela cicatriz que ficou selado na minha pele.
Mas ele não, Pedro nunca as espremida e as deixava crescer no rosto. Dizia que a fase de ter espinhas iria acabar. E isso rendeu no que ele é hoje.
Lembro de um dia quando Pedro e eu estávamos brincando no quarto e ele falou pra mim:
"Já estou cansado de brincar disso!"
"Você sabe alguma outra coisa que podemos brincar?" Perguntei para ele.
"Vamos brincar de papai e mamãe?"
Eu o olhei, e concordei. Levantei do chão e continuei o olhando.
"E como a gente começa?!" Perguntei.
Pensei que ele iria me beijar, eu naquela época ainda achava o beijo uma coisa boa, sempre via os filmes e achava os beijos uma coisa linda. Talvez fosse porque eu ainda não tinha beijado ninguém.
"Bem... se deite na cama, se embrulhe e me espere. Vou fechar a janela!" Respondeu Pedro.
E assim eu fiz, fui para cama me envolvi em meio aos lençóis, deitado de lado.
Esperei ele vir, ele fechou a janela e veio até a cama por trás de mim.
Lembrando disso dei um riso.
"No que está pensando?"
"Bem..." respondi. "Estava lembrando do tempo em que a gente brincava na casa da sua mãe."
Ele sorri.
"Eu amava brincar de papai e mamãe com você!" Disse ele.
Meu sorriso sumiu do rosto e o encarei no fundo dos olhos.
A porta abriu rapidamente.
Era mamãe.
"Vocês querem comer?!"
Nos assustamos e olhamos para a frente respondendo "sim" em modo sincronizado. Descemos da cama e fomos jantar.

De madrugada tive um sonho.
Eu estava lá, novamente com nove anos, deitado de lado esperando Pedro vir.
Ele andou até a cama, se deitou atrás de mim chegou ao pé do meu ouvido e falou:
"Podemos brincar sem roupa se quiser!"
A mesma coisa que ele falou quando éramos crianças.
Mas meu sonho se misturou, e não tínhamos mais treze e nove anos. Agora tínhamos dezenove e quinze anos, mas ambos estávamos nus sobre a cama.
Pedro virou meu pescoço para trás e me deu um beijo -oque já não havia acontecido na vida real quando éramos crianças.
Ele passou a mão pelo quadril descendo até as coxas, despois voltou pelo mesmo percurso e parou de me beijar, mas quando eu vi, não era Pedro quem estava ali, e sim Daniel.
Acordei num pulo da cama. Olhei para o lado e percebi que ainda era noite. Estava muito suado.
Não sei oque havia acontecido, mas meu pênis pulsava dentro de minha cueca. Abaixei a mesma e olhei para ver se tinha mijado, mas na verdade, foi o sonho que havia me excitado de alguma forma que acabei gozando dormindo.

Saudações Ao Professor (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora