A verdade

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Acordei após um tempo, mas mesmo assim ainda me sentia cansando como se meu corpo estivesse sem dormir por dias.
Olhei para o lado e sem ainda cair a ficha. Só que ela caiu assim que olhei para a grande janela do quarto de Daniel e logo em frente à mesma havia uma vista bastante confortante.
Uma árvore logo em frente ao AP de Daniel, e logo atrás uma ruazinha que se mostrava bastante calma com casas em silêncio e mais a fundo, bem longe os prédios, e os raios de sol do crepúsculo no céu passando por entre eles.
Olhei para baixo e percebi um carro parado logo a frente da casa de Daniel. Não tinha reparado nele antes, apesar dele me parecer familiar.
Do nada meu coração saltou e dançou na minha boca. O carro preto que estava na frente da minha casa!
O carro era do desgraçado do Daniel! Vou matar ele! pensei.
Me envolvi entre um lençol para cobrir minha nudes mais parecendo uma menina usando os vestidos da mãe. Andei até a sala já ouvindo uma voz de uma garota falando com Daniel.
A voz era familiar, muito familiar!
Me aproximei para ver quem era, mas Daniel falou apenas "nos deixe em paz!" Furiosamente e fechou a porta na cara da menina com voz familiar.
Depois se virou para mim e eu o encarei.
O carro não é dele! É da garota!
Mas... quem é a garota?!
Corri para a janela do quarto antes que Daniel pudesse me deter. E lá estava ela.
Carla.
Ela entrou no carro e olhou, em direção da janela. Em meus olhos.
Era ela! Me perseguindo, mas: porquê?
Carla me encarava e antes de entrar no carro fez um sinal passando o dedo polegar no pescoço da direita para a esquerda e depois foi embora.
Uma ameaça? Talvez.
"Ela sempre foi apaixonada por mim!" Falou Daniel. "Mas eu nunca a quis!"
O olhei. Ele estava com uma expressão pensativa.
"Conte-me tudo!" Falei.

Após algum tempo eu já estava ficando sem vocabulário.
Daniel me contou tudo sobre Carla e sua "paixão obsessiva" por ele.
O lance era que: Daniel foi professor dela durante o ensino fundamental na antiga escola da garota à tarde. O mesmo turno e na mesma turma que Carla era, e pela manhã dava aulas na minha escola. Carla desde então começou a arranjar um jeito de ter algo com o professor, mas ele não a queria.
Daniel então me contou que Carla nunca soube de ninguém com quem ele tinha ficado ou namorado e descobrir que o seu amado era gay foi um choque muito forte para a sua pessoa.
Meus olhos apenas encaravam a xícara de chá e foi só aí que eu percebi estar com a boca aberta.
Perguntas brotavam em minha mente mas a única que me veio foi:
"Se isso é verdade, porque você me deixou naquele dia em que nós ficamos em casa?"
Daniel baixou a cabeça, era a sua vez de encarar a xícara.
"Porquê eu tive medo!"
O olhei sem entender, e ele continuou:
"Carla ameaçou contar tudo para alguém quando soube de nós dois! Ela já desconfiava desde o primeiro dia de aula, a garota sabe até o modo de eu olhar para as pessoas!" Daniel parecia aborrecido. "Ela nos seguiu naquele dia em que fui para sua casa, e viu a hora em que eu saí e na segunda ela viu o bilhete que você colocou sobre minha mesa e me ameaçou. Disse que era para te deixar ou se não ela mandaria uma foto que tirou depois que eu saí da sua casa para a diretora da escola me acusando de estupro de vulnerável!"
"E você sabe se essa foto existe?!"
"Eu não pude correr o risco de perder meu emprego! Eu disse aquelas coisas e depois passei a investigar, mas a foto não existia! Foi então que o encontrei no banheiro da escola!"
Eu me lembrava de cada momento naquele banheiro. Mas o assunto era outro.
Então uma vaga desconfiança me rondava a cabeça:
"Você sabe se mais alguém está envolvido nessa história? Quer dizer, será que Carla tem ajudantes?!"
"Você sabe alguém que se aproximou de você que seja amigo dela?"
Lembrei de Matheus, do jeito de como ele me tratara. Será que ele fazia parte do plano de Carla?!
"Hein?!" Perguntou Daniel me vendo pensar.
"Não!" Menti. "Todos os amigos dela que eu conheço são apenas de passagem, nada de mais!"
Tomei um gole do chá como se fosse para deixar minha mentira descer goela abaixo assim como o chá. Se fosse para perguntar eu iria falar com Matheus pessoalmente.
Pediria para ele me falar toda a verdade.
Olhei para Daniel.
Seus lindos olhos me encarando e seus dentes à mostra por detrás da xícara que ainda estava em sua boca.
"Pensei que você não iria me perdoar! Achei que você iria apenas dizer que tudo era mentira e ir embora!" Falou ele.
Sorri abaixando a cabeça. Uma mecha de cabelo caiu sobre meus olhos e eu a coloquei no lugar.
"Você é tão lindo!" Comentou Daniel.
"Eu não era tão lindo à pouco tempo! Apenas alguns dias eu era apenas um zé ninguém da vida!"
Ele me olhou, agora examinando minhas feições.
"Você sempre foi lindo!" Falou ele então. "Te amo!"
Meu corpo congelou com essas duas últimas palavrinhas.
Eu o olhei então:
"Eu também! Muito! Desde o primeiro dia de aula!"
Daniel se levantou da cadeira e me beijou. Eu levantei retribuindo o beijo e sentindo uma pequena lágrima descer meu rosto. Paramos de nos beijar e nos abraçamos. Seus músculos bem localizados me envolvendo e eu podia sentir sua respiração no meu ombro.
Daniel me amava, e isso me fez brilhar por dentro.

Saudações Ao Professor (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora