Metamorfose

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No dia seguinte, disse à mamãe que estava doente. Eu não queria ir à escola e também tinha que sair com Vanessa. A noite havia sido chuvosa e por muito tempo chorei de mágoa e ódio.
Daniel vinha em meus pensamentos e muitas das vezes aparecia em meus sonhos fazendo com que eu acordasse frustrado. Lembrava das últimas palavras dele na quadra de esportes, deixando que as lágrimas caíssem pelo meu rosto rigidamente, como as gotas de chuva que caíam afora.
Mamãe quis ficar em casa para cuidar de mim, mas caso ela ficasse, o plano de Vanessa iria por água abaixo.
Então tive que falar que já estava ficando melhor, mas não dava mais tempo de eu ir pra escola ou chegaria atrasado. Mamãe entendeu e saiu de casa.
Após eu ter tomado banho e me arrumado, Vanessa chegou sem precisar buzinar. Eu já a havia visto chegar da janela de meu quarto.
"Oi Richard! Preparado?" Perguntou ela dando um grande suspiro enquanto falava.
"Não sei bem, mas enfim. Vamos logo".
Eu não queria conversar. Não queria fazer ironias ou tirar brincadeiras. Queria apenas fazer oque tinha que fazer pois sabia que seja o que eu fizesse não ia dar à lugar algum.

Vanessa e eu fomos até uma loja de roupas procurar algo para eu vestir. Nessa loja havia muitos estilos de roupas diferentes.
Provei várias roupas, desde o formal ao mais despojado dando preferência a um estilo mais leve. Nada de roupas muito escandalosas cheias de detalhes ou algo assim e ali ficamos. Revirando várias lojas em em que haviam muitas roupas bonitas.
Após comprar várias roupas, alguns sapatos e alguns acessórios fomos ao salão de beleza. Vanessa e eu, ambos cortamos o cabelo. Vanessa pediu para que eu ficasse calmo, mas eu não pude evitar o pânico em minha expressão ao ver que estavam tingindo meu cabelo. Oque mamãe diria ao me ver se chegasse com um cabelo vermelho em casa? Tentei não pensar muito em cabelo vermelho, e sim em algo que fosse mais minha cara.

Após o tempo da tintura acabar, lavaram meu cabelo e depois cortaram sem que eu me visse no espelho. Vanessa já estava pronta, seu cabelo não havia mudado muita coisa, apenas algumas pequenas mechas.
Logo fiquei em pânico ao perceber que a maioria de meu cabelo caia sobre o chão. Era muito cabelo para um corte não muito baixo. Por fim, o cabeleireiro parou, virou-me para o espelho e para que eu visse o novo visual.
O corte se mostrava bastante curto nos lados e em cima o corte era alto. Vi que a tintura no meu cabelo era apenas um reflexo dando à ele um maior contraste quando exposto à luz.
O cabeleireiro me deu algumas dicas de como pentear -passar pomada para que ele não perdesse o volume e jogá-lo para cima e depois para trás para que o ficasse em pé.
Eu deveria lavar meu cabelo do jeito certo para ele não perder o brilho e a cor. Eu ouvi e gravei tudo. As suas dicas me passariam a ser muito valiosas agora.

Saímos do salão e voltamos ao shopping para comprar a tal pomada para meu cabelo e Vanessa também queria comprar algo para ela. Almoçamos lá mesmo e depois fomos à uma loja. Fiquei esperando ela em um canto quando me vi em um dos grandes espelhos que havia no shopping.
Fiquei me fitando como se meu reflexo fosse o de outra pessoa.
O corte havia realçado meu rosto e meu olhar e pela primeira vez eu me senti bonito.
Foi então que Vanessa veio até mim com um celular novo dentro de uma sacola.
"Vamos?" Perguntei exausto.
"Sim! O que achou do novo celular?"
Olhei o celular, era diferente, muito bonito por sinal,
"Muito bonito! Gostei!"
"Ai que bom, pois ele é seu!"

Fiquei um tempo sem reação, mas depois que o choque passou tive que negar o presente.
"Como assim?" Perguntou Vanessa sem entender nada.
"Eu não posso aceitar, isso já é demais, você já gastou muito comigo!"
"O que eu gastei não faz nem cócegas no cartão do papai. Eu disse à ele que iria gastar muito, papai já está ciente, não precisa se preocupar!"
Olhei para o celular, sempre quis ter um celular como aquele.
"Tudo bem!" Disse eu vendo Vanessa dar saltinhos de alegria. "Mas ainda tenho algo para lhe pedir".
"Oque?"
"Você pode comprar uma garrafa de bebida para a mamãe? Tenho que botar outra no lugar da que eu bebi". Ao dizer isso a lembrança de Daniel passou vagamente pela minha cabeça fazendo com que eu uma leve pontada atingisse meu peito.

Quando chegamos em casa, mamãe ainda não havia chegado, então fomos para o quarto e guardamos todas as roupas novas e as velhas colocamos em um saco de lixo. Mas também não jogamos todas as roupas, algumas nós deixamos no armário pois ainda dava pra usar.
Quando acabamos o serviço, levamos todos os sacos de lixo para o andar debaixo. Íamos jogar tudo fora, mas mamãe apareceu bem na hora em que Vanessa eu descíamos as escadas.
Fiquei imóvel, e ela também pareceu chocada ao me ver.
"Oque é que tá acontecendo aqui?" Disse ela parecendo não entender nada.

Expliquei toda a história para minha mãe, disse que eu havia melhorado do meu mal estar e Vanessa me chamou pra sair! Vanessa apenas concordava comigo e se pôs como meu escudo na hora de me defender. Disse que ela me induziu a cortar o cabelo e mudar um pouco o visual.
Mamãe pareceu convencida -Aleluia!- Mas pediu para que eu não jogasse fora as roupas e sim as guardasse pois havia muitas outras pessoas que usariam as mesmas. E isso era verdade, mamãe sempre teve um bom coração.

Saudações Ao Professor (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora