"Mamãe dizia, "Você é uma menina bonita"
O que você pensa, não importa
Escove seu cabelo, corrija os dentes
O que você veste é o que importa"
(Pretty Hurts – Beyoncé)
Quando estou entrando no bar, eu o vejo, ou melhor, o escuto. Ele fala algo sobre rock clássico. Meu pai costuma escutar isso desde quando eu era criança.
Começa a tocar uma música que eu costumo ouvir sempre. Não é uma das minhas favoritas, mas gosto dela. Ele, o vocalista, me perfura com seu olhar e descaradamente flerta comigo através da canção. Ele é de uma pele branca pálida, cabelos negros, e olhos azuis sobrenaturais, que se destacam no rosto e chamam atenção de todos, hipnotizam. Canta com a alma e nunca tira seus olhos de mim. É um moreno perigoso e eu estou caindo na dele. O show acaba, vejo Pedro entrar no bar, bastante bêbado (Para Variar). Desde quando terminamos, ele me persegue e arruma confusão onde eu estiver. Não aceitou muito bem o fim de nosso relacionamento forçado. Eu estou discutindo com ele quando sinto uma mão na minha cintura e uma voz rouca sexy vir de trás de mim. É ele. O vocalista. Ele me pergunta o que está acontecendo. Digo a ele que o maldito está me incomodando e machucando. Ele ordena a Pedro que me solte e quando Ele o faz é para tentar bater no músico. Começam a discutir, e o cantor o empurra, mas Pedro volta para tentar bater nele. O moreno perigoso, mais ágil, lhe soca o rosto. Eles começam a brigar, Pedro sai em desvantagem. Normalmente, qualquer garota quando vê uma briga grita escandalosamente para que alguém aparte o confronto, mas quando seu ex-namorado é um perseguidor, psicopata, te caçando por um mês inteiro, não aceitando o término do relacionamento, é um alivio vê-lo apanhando! Fico feliz pelo moreno não ter se machucado. Tudo acontece muito rápido. Quando percebo, Pedro já está imobilizado pelo cantor na hora que os seguranças chegam e para retirá-lo dali. O moreno me olha e eu dou um grande sorriso de satisfação.
— Obrigada, pela surra que você deu nele. O canalha mereceu.
— Disponha! — ele me ofereceu o braço. Seu forte sotaque indica que ele não é brasileiro.
— Americano? — pergunto encantada.
— Não, não! Britânico.
— Isso explica... Seu cavalheirismo, quero dizer!
Ele me dá uma gargalha incrível. Conduz—me para a parte de cima do bar/boate, onde fica o restaurante. O local é calmo e o isolamento acústico não permite que o som seja muito incomodo. Nunca tinha subido aqui. É confortável, aparentemente. A decoração tem um toque meio oriental com almofadas no chão, no lugar de cadeiras, e mesas baixas (ainda que houvesse algumas mesas e cadeiras mais escondidas nos cantinhos). Ele me conduz até as almofadas e me diz para sentar, enquanto senta—se a minha frente.
— Não sei por que toda essa decoração se servem fast food. — ele diz me entregando um cardápio. Sorrio.
— Mas é agradável. — falo, e ele sorri. Um homem alto se aproxima de nós, e se abaixa.
— Não pude deixar de ouvir o elogio, obrigado! — agradece e se apresenta. — Toni, dono do bar...
— Toni, imagino que saibas o que aconteceu... — o moreno inicia.
— Sim. Depois falamos sobre isso. — sorri. Ele tem um belo sorriso. — O que vão pedir?
— O de sempre. Sanduíche de cheddar à moda da casa, sem salada, milk—shake de Ovomaltine e batatas. — ele olha para mim. — E você?
— O mesmo! — respondo. Toni sorri e se afasta.
— Sou James! — ele estende a mão, se apresentando, finalmente.
—Vanessa! — Lhe estendo a mão e ele a beija. Sorrio.
— Então, ex—namorado, hein?
— Sim. Ele está me dando nos nervos. Terminamos há um mês e desde lá ele vem me perseguindo. — desabafo.
—Sério?
—Sim... Aliás, muito obrigada por aquela bela surra.
—Disponha. – Mais uma gargalhada. Não contenho o sorriso. James parece leve, contagiante.
Conversamos e tudo flui muito naturalmente. Falamos sobre coisas aleatórias como o clima, o cardápio legal e música, e quando a refeição chega tentamos comer em silêncio. Mas não ficamos mais do que o necessário para mastigar de boca fechada. Conversamos um pouco mais sobre faculdade, hobbies.
—Então, James. Faculdade?
—Administração na federal e você? – Não contive o sorriso. – Que? – Ele perguntou.
—Administração na Estadual.
—Jura?
- Sim.
Não conversamos sobre família. Não falo a ele que o único motivo de eu ter namorado Pedro, foi minha mãe. Que somos da classe alta e minha ela quer que eu namore um burguesinho. Quando comecei a sair com Pedro, para conhecê—lo melhor, ela descobriu, ao chegar em casa, praticamente me obrigou a namorá—lo. Namoramos por um ano. Mas eu nunca tinha gostado do relacionamento. Minha mãe sempre quis que eu fosse à garotinha patricinha, mas sempre fui ao contrario. Não gostava das roupas coloridas de marca que ela tentava me fazer usar, não gostava das pessoas com quem ela queria que eu andasse. Não gostava da vaidade. Mas eu aturava. Eu engolia o sapo e a cobra e o camaleão e o jacaré. Eu engolia.
Não conto também que o motivo de eu ter terminado com Pedro foi por ele ter tentado me bater e... Ao invés disso continuo comendo e sorrindo para aquele belo estranho.
"Oi amorinhos, desculpa a demora para postar. Mas que tal votar no lindo do James? Ele não merece?! Até o próximo capítulo! Kisses."
VOCÊ ESTÁ LENDO
Quando as Coisas São do Jeito que São [Revisão]
RomanceQuando as coisas são do jeito que são, aceitar os fatos é o método mais seguro para evitar a frustração de não conseguir mudar o rumo dos acontecimentos. James é um belo rapaz, nascido na Inglaterra, viveu altos e baixos até vir para o Brasil, ainda...