"Flores de celofane amarelas e verdes
Elevadas sobre a sua cabeça
Procure pela garota com o sol em seus olhos"
(Lucy and Sky With Diamonds" - The Beatles)
Nossa... Para tudo... Eu sei que não devo, mas é inevitável não olhar para aquela bunda enorme e sexy de Jamie.
— Vanessa? Vanessa? Hey? Terra chamando Vanessa? — Jamie me desperta dos meus devaneios.
— Ah! Oi!? O que dizias?
— Eu quero mais estrelinhas. — Pego mais uma cartela e entrego a ele, que continua seu trabalho ao redor do lustre, as estrelas estavam formando um caracol feito de dentro para fora. Yan está sentadinho dobrando roupas. Eu estou encantada com ele.
— Jamie? Quando você veio olhar o apartamento...
— Ah! Obrigado mesmo por ter entrando no assunto, quero falar uma coisa com você sobre aquele dia. — fico, então, de mau humor, ele com certeza vai falar do quase beijo: que foi um erro e que não vai mais acontecer.
— Posso concluir? — pergunto e ele percebe o mau humor.
— Claro.
— Você falou algo sobre minha energia, Você falou sobre como elas oscilavam entre aqueles sentimentos. Como você sabia? Quero dizer... Como estava minha energia?
— Não sei se você acredita nisso, não sei nem se EU acredito, mas sempre me disseram que eu tinha mediunidade. Não aquela mediunidade que nós vemos espíritos para tudo quanto é lado, mas quando as energias nos afetam... E eu aprendi a usar isso a meu favor.
— Nossa... Mas e você, o que ia falar? — ele movimenta a boca dizendo "depois" e olha para Yan. Resolvo conversar com Yan, então sem soltar a escada o chamo. — Yan?
— Oi?
— Você tem quantos anos? — ele mostra os cinco dedos, indicando a idade. — E o que você mais gosta de fazer, fora brincar?
— Ouvir o Jam cantar. — fala ele com vozinha de criança. Emociono-me com a resposta.
— O que você acha de ele cantar agora para nós? — ele balança a cabeça positivamente. — Jamie? Canta para nós?
Ele me encara um pouco emburrado por alguns segundos, mas volta a seu trabalho e diz:
— Nosso pai costumava cantar isso para eu dormir quando eu tinha a idade de Yan. — ele raramente fala da família. Respira fundo e começa a cantar:
Mama told me when I was young
Come sit beside me, my only son
And listen closely to what I say
And if you do this it will help you some sunny day
Take your time, don't live too fast
Troubles will come and they will pass
Go find a woman and you'll find love
And don't forget, son there is someone up above
And be a simple kind of man
Be something you love and understand
Baby, be a simple kind of man
Won't you do this for me, son?
If you can?¹
E uau. O que é isso? No bar eu o ouvi cantando, mas quando ele estava lá não foi assim. Aqui ele tem mais vida, mais essência, mais intensidade e mais paixão. Meu pai é um homem do rock, e eu sempre ouvi essas músicas com ele, e essa para mim é conhecida: "Simple Man - Lynard Skynard". Ele não canta toda, mas só aquelas três estrofes me fazem perder o ar e eu preciso largar um pouquinho a escada e sentar um pouquinho na cama para me recuperar do choque que sua voz causa em mim.
***
Depois de terminamos de arrumar o quarto de Yan, Jamie vai colocar Yan para tomar banho e eu fico esperando na sala. Ainda tem algumas caixas e as prateleiras da sala estão vazias. Olho dentro das caixas e vejo lá alguns livros. Tomo a liberdade para começar a arrumar, olho os livros com atenção, são títulos em inglês, edições capa dura. Shakespeare, Dickens e outros escritores. Há alguns títulos nacionais como Machado de Assis. Passo um tempo arrumando e acabo me assustando ao perceber Jamie me observando.
— Desculpe, tomei a liberdade de arrumar.
— Tudo bem, eu agradeço.
— Você está ai há muito tempo?
— Um pouco.
Coro com a resposta e resolvo mudar de assunto.
— Então você gosta de ler?
— Você não? — eu mostro o livro de contos de Machado — Um dos meus favoritos. Eu e uma amiga gostamos muito desse livro. — Falo me lembrando de Julia. E me lembro da conversa que James e eu estávamos tendo no quarto.
— O que você queria falar comigo?
— Ah! Okay! Naquele dia que viemos aqui, você estava muito nervosa. Você também tinha uma marca roxa no rosto... O que houve?
Solto a respiração, aliviada. Graças a Deus não é sobre o quase beijo. Mas é sobre a marca.
— Na noite anterior, eu havia socado o saco de boxe do meu irmão até a exaustão, depois disso não comi nada, e na manhã seguinte eu fui para a universidade e não tive tempo de tomar café. Então eu acabei desmaiando e bati o rosto. — respondo gaguejando um pouco por causa da mentira, mas, eu não estou mentindo completamente, estou apenas omitindo a parte de Pedro. E mentindo sobre a marca.
— Isso teve algo a ver com Pedro? — James que saber, e eu gelo.
— Não... — ele se aproxima e coloca uma mecha do meu volumoso cabelo cacheado para trás da orelha, levanta meu queixo para eu olhar para ele.
— Só quero que saiba que eu estou aqui para lhe ajudar. E não faça mais isso... Treinar e passar muito tempo sem se alimentar. Você poderia ter sofrido um acidente. Promete que vai se cuidar mais?
— Pro... Prometo...
¹Mamãe disse-me quando eu era mais jovem: venha sentar-se ao meu lado, meu único filho e ouça com atenção o que eu lhe direi, e se você o fizer, isto lhe ajudará em algum belo dia. Não tenha pressa, não viva rápido demais. Dificuldades virão e passarão. Encontre uma mulher, e encontrará o amor, e não esqueça, filho, há Alguém lá em cima. E seja um tipo simples de homem. Seja algo que você ame e entenda, seja um tipo simples de homem. Você não fará isso por mim, filho? Se puder?
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Quando as Coisas São do Jeito que São [Revisão]
RomanceQuando as coisas são do jeito que são, aceitar os fatos é o método mais seguro para evitar a frustração de não conseguir mudar o rumo dos acontecimentos. James é um belo rapaz, nascido na Inglaterra, viveu altos e baixos até vir para o Brasil, ainda...