Quando as Coisas São do Jeito que São [Revisão]

Lá vem o Sol - James

"Lá vem o sol

E eu digo

Que está tudo bem

Queridinha

Tem sido um inverno longo, frio e solitário

Queridinha

Parece que faz muitos anos desde que ele esteve aqui"

(Here Comes The Sun - The Beatles)

Acordo me sentindo bem. O sol estava surgindo, eu estou em casa, na minha casa, ou melhor, no meu apê. Levanto, tomo banho e vou até o quarto do pequeno Yan. Beijo sua testa e o cutuco para acorda-lo. Ele desperta desorientado.

— Bom dia, Campeão! Vá tomar um banho, vou fazer o café.

— Tá bom!

Eu já estou mobiliando a casa. Comprei fogão e geladeira, coisas que não vieram na casa — que estava mobiliada. Os armários são bem grandes e de madeira boa. Comprei TV e raque. Cortinas e lençóis e todo o enxoval de casa nova. Comprei alguns adesivos para colocar no quarto de Yan. Como hoje é sábado, sem aulas. Nem para mim e nem para ele. Yan mudou de creche, e está fazendo terapia com uma psicóloga infantil. Meu irmão sofreu um trauma muito grande e eu só quero fazer o que for possível para tirar isso dele.

Resolvo ligar para Vanessa, afinal, não nos falamos desde quando me mudei.

— Alô?

— Quem fala? — pergunta ela, um pouco assustada.

— Vanessa, sou eu. Jamie. Te acordei?

— Ah! Oi Jamie. Eu já estava acordada. Como conseguiu meu número?

— Seu irmão, lembra?

— Ah, sim.

— Vanessa, deixa eu te perguntar, hoje vou decorar o quarto do meu irmão, quer vir nos ajudar?

— Não sabia que você tinha irmão!

— Pois é! Tenho sim.

— Que horas?

— Quando quiser. Venha tomar café aqui.

— Okay. Não demoro.

Alguns minutos depois, Vanessa bate na porta. Vou abrir para ela. Eu estou só de bermuda preta e sem camisa. Ela fica estática ao me ver, com olhos arregalados, aparentemente aproveitando a visão.

— Gostou? Pode ser seu, querida! — falo para ela, que sorri quando pisco.

— Obrigada, mas não! Não hoje. — fala entrando, observando minhas mudanças no ambiente. — Nossa já tem um pouco – Muito – mais de vida isso.

— Vou deixar assim mesmo. Vou só adicionar alguns livros às prateleiras. O quarto de Yan eu pintei assim que cheguei. Achei a dispensa. Não tinha visto.

— Que cor você pintou o quarto?

— Teto de Azul Céu, paredes amarelas e comprei um belo carpete verde — Yan aparece no corredor — Hey, Campeão. Vem cá. — Eu chamo. Ele corre e pula nos meus braços, como um macaquinho. Ele olha para Vanessa e pergunta.

— Quem é, Jam?

— Yan, quero que você conheça a Vanessa. Uma amiga minha, pode ser amiga sua também.

— Oi Yan, como vai você? — ela fala sorrindo.

— Oi Vanessa, você é muito bonita.

— Oh meu Deus...— ela segura seu rosto e lhe dá um beijo estalado na bochecha. Eu o coloco no chão.

— Vanessa, venha, sente-se e tome café conosco.

— Você toma café como brasileiro ou como britânico?

— Depende... Às vezes um às vezes outro... Hoje, é claro, é brasileiro.

— Obrigada.

Comemos calados enquanto Yan nos conta sobre um desenho qualquer que ele assistira. Eu olho para Vanessa, vejo aqueles olhos castanhos e seus cabelos cacheados. Ela está encantada com Yan, e eu com ela... Ela está com uma sainha preta, blusa de mangas compridas listrada, meia-calça preta e tênis botinha. Embora seja manhã, está um pouco frio. Ela está linda. Nós terminamos o café e vamos para o quarto de Yan, pego as estrelinhas que brilham para colar no teto e peço para Vanessa segurar a escada, a sinto dando uma boa olhada para meu traseiro. Gostei da ideia dela admirando meu corpo, talvez me desejando.