Lá Vai Ela - Vanessa

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"Lá vai ela um pouco magoada

Lá vai ela com um pouco de dor"

(There She Goes – Babyshambles)

Ele não tá bem... O meu Jamie. Alguma coisa ruim aconteceu. Meu corpo treme e eu quero gritar. Jonathan me olha preocupado.

-O James, o meu James, Jonathan. – O telefone toca de novo. Dessa vez o de Toni.

-"Alô? Carlos?"... "Faz muito tempo?"... "Quarenta minutos?"... "Certo, obrigada por avisar" – Ele vira para nós apanhando a chave do carro da mesa e diz – O James foi visto ao redor dos limites da cidade, em um bar de estrada. Liguei para o Carlos ontem, mas o James só apareceu hoje e ele demorou um pouco para associar à pessoa. Vamos.

Eu agradeço aos céus os sigo até o carro rezando para todos os santos que conheço, pedindo para meu menino ficar bem. Estava na frente com Toni dirigindo em altíssima velocidade. Nem percebi a lágrima escorrendo, só quando Jonathan tocou meu ombro do banco de trás. Limpei-a e engoli, com muita dificuldade, todo o nervosismo. Eu precisava ser forte pelo meu moreno perigoso.

-Toni? Você consegue ir mais rápido? – Pedi um pouco mais grossa do que imaginei.

-Não, Vanessa. Desculpa. Não posso passar disso. – Suspirei.

-Onde é esse bar? – Perguntei

-É em um local bem perigoso. – Falou Toni, seco.

-Você não está ajudando – Falou Jonathan

-Desculpa, Vanessa, mas é verdade. – Retrucou Toni.

-Vocês acham que ele pode... – Minha garganta fechou.

-É uma possibilidade. Mas continue rezando para que não. – Falou Jonathan, amável.

Depois de intermináveis minutos dentro do carro, finalmente chegamos ao bar. Toni entrou e dois minutos depois ele voltou.

-Uns caras disseram que o viram indo para próximo do matagal. – Falou ele.

-Droga. – Resmungou Jonathan. Meu coração apertou. Toni se dirigiu ao tal matagal. Fui olhando atentamente até que vi.

-Toni, para! – Ele freou bruscamente. Desci correndo do carro. Os meninos vieram atrás.

Meu moreno estava deitado de lado, muito machucado. Havia uma poça de vomito do seu lado, fui correndo até ele. Vê-lo desse jeito me embrulhou o estômago, me afastei e coloquei toda a pouca comida que havia ingerido para fora. As lágrimas vieram junto.

-Ele tá respirando – Ouvi Jonathan dizendo. Respirei aliviada. Voltei e me sentei e coloquei a cabeça dele no meu colo.

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-James, Jamie, meu moreno. Aguenta firme, meu amor. – Falei em seu ouvido. – Eu não quero te perder... O socorro já está chegando. Você vai ficar bem. – As lágrimas voltaram a jorrar de uma forma intensa. – Eu nunca te contei, mas eu te amo, meu anjo. O tempo que eu passei com você... Foi tão maravilhoso. Eu não sei quando aconteceu, mas eu te amo. De um jeito que chega a doer. E eu quero cuidar de você e de Yan. Você ainda tem tanto para saber de mim e eu de você. Você ainda precisa cantar para mim. O Yan, ele precisa de você. Eu preciso de você. – Beijei todo seu rosto, seu pescoço. Os lábios. Segurei suas mãos entre as minhas e beijei. Eu ouvia a sirene se aproximando, mas eu não me importava. Minha vida seria vazia se eu perdesse aquele homem. Eu o amava, e a constatação disso não me assustava. Adormecia-me. Era esse amor à esperança na qual eu me agarrava. Senti os paramédicos me puxado de perto do meu amor. –Não... Não... James... – Gritava e chamava pelo meu anjo. – Não me deixa longe dele... James... Por favor... James... – Eu via os paramédicos o colocar em uma maca, mas ao mesmo tempo eu não via. Vi James sendo colocado em uma ambulância, mas não via de verdade. Jonathan entrou com ele, ouvi Toni falar comigo, senti Toni me abraçar. Senti meu corpo amolecendo em seus braços e tudo estava ficando escuro. Meu último pensamento foi o quanto eu amava James, e o quanto eu queria passar o resto de minha vida ao seu lado.


Quando as Coisas São do Jeito que São [Revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora