A Primeira Classe - James

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"É assim desde os 18, mas ultimamente

Seu rosto parece estar lentamente afundando, se desgastando."

(The A Team – Ed Sheeran)

"Bip... Bip... Bip..." – Foi a primeira coisa que prestei atenção, e logo depois senti o cheiro de hospital e um cheiro doce. Depois meus olhos viram o teto branco e eu senti o leve e constante aperto na minha mão esquerda. Olhei e a vi, a dona da voz que me buscou da escuridão. Sua mão segurava a minha e sua cabeça estava apoiada nelas. Vi também que ela chorava. Minha mão apertou a dela e eu tentei dizer para ela não chorar, foi um som inaudível, tentei novamente.

-Hey, Vanessa, não chora. – Foi como ter dito chora, mas o enorme sorriso estava plantado no seu rosto e seu choro era de alegria.

-James, – ela pulou em cima de mim – Meu amor, que bom, que bom que você voltou. Eu estava com saudades desses olhos maravilhosos.

-É verdade, uma vez eu cheguei aqui e ela estava abrindo seus olhos só para vê-los. – Vi Jonathan entrando no quarto. Então fui perceber que eu realmente estava em um hospital, internado, com um braço quebrado e eles estavam ali comigo. Fiquei um pouco atordoado e atônito com a constatação.

-Alguém me explica o que está acontecendo? – Vanessa e Jonathan se olharam.

-Eu vou chamar o Toni e uma enfermeira, já volto. – Falou Jonathan se encaminhando para fora do quarto.

-Vanessa?

-Sim?

-Então? – Ela suspirou ruidosamente.

-Okay. Você não se lembra de nada?

-Não... – Minha mente estava nublada, talvez efeito dos intravenosos que circulavam em minhas veias. – Estou um pouco lento.

-Então, tudo começou quando nós brigamos. Você ficou bem chateado com tudo o que eu te disse. E pelo modo que agi... – Ela abaixou a cabeça e me pareceu envergonhada.

-Vanessa? Olha pra mim. – Procurei seus olhos e foquei neles – Tá tudo bem, eu não estava bem, aparentemente você também não. – Tudo estava começando a clarear, nossa briga, eu saindo para beber, a coelhinha, depois deixar a moto em algum lugar e sair para o bar e andar e andar e andar mais um pouco e parar em alguns bares, e depois ligar para John e depois uns caras roubando meu celular e depois a vodka e depois mais nada. – Agora eu me lembro. Mas, como vocês me acharam?

-Você estava desaparecido fazia dois dias até ligar.

-Dois dias?

-Sim, eles me chamaram no dia que você ligou, nesse dia o Toni já tinha ligado para milhões de amigos donos de bar e depois da sua ligação um amigo dele ligou e avisou que você tinha passado por lá, nós fomos atrás e achamos você... Caído... – As lágrimas brotavam nos seus olhos e derramavam. Levantei-me com um pouco de dificuldade e puxei-a para próximo de mim e a abracei desajeitadamente – Você estava totalmente machucado e havia uma poça de vômito. Por um minuto achei que você estivesse morto. – Vanessa me agarrou com toda sua força e eu a abracei como podia. Ver que aquela garota estava ali, chorando por mim, mesmo depois do troglodita que eu fui. Eu me senti tão querido. Beijei sua cabeça, seu pescoço. E ela voltou a me encarar, enxuguei seu rosto com a mão, toquei seus lábios e em um momento tudo o que eu mais queria era beija-la e beijei. Foi um beijo calmo no começo, mas a necessidade de provar mais dela me consumiu, fui aprofundando o beijo e puxando-a para mais próximo, seu cabelo enrolado em minhas mãos e as suas passeavam por meu pescoço e ombros. Quando o folego nos faltou, nós paramos e ficamos ali em um momento mágico apenas nos olhando. Foi quando eu vi o carinho e o amor em seus olhos, e que embora eu quisesse devorá-la em todos os sentidos, Vanessa merecia alguém melhor que eu. Ela não era perfeita, mas seus defeitos a construíam de uma torta e bela forma. E como eu queria construir, crescer e edificar um relacionamento com a mulher que via na minha frente, mas eu estragaria tudo e não queria arriscar machuca-la e coloca-la na vida de Yan para tira-la depois. Mas foda-se, eu precisava dela de qualquer jeito.

-Ah meu Deus!

-O que foi James? – Perguntou-me assustada.

-E o Yan? Meu irmão.

-Ele está em casa com Tania, acha que você está viajando.

-Espera, estou aqui há quanto tempo?

-Três dias. – Droga.

-Finalmente, bela adormecida. – Ouvi a voz de Toni e o vi vindo com Jonathan, Vanessa virou para pegar algo na bolsa e olhei para Toni, para ela e para porta e pedi silenciosamente para leva-la para casa. Toni entendeu e falou – Vanessa, agora que a Bela adormecida acordou, que tal você ir para casa?

-Não. – Ela respondeu, atrevida como sempre.

-Você está aqui o dia inteiro. – Falou Jonathan para meu espanto.

-Vanessa, meu amor, você tá cansada. – Falei – Por que você não vai para casa? Ficar com Yan? Ele está na sua casa John? – Ele acenou positivamente com a cabeça – Leva ele pra minha casa e fica lá com ele. Amanhã, se eu ainda estiver aqui, você vem. – Peguei sua mão. – Por favor?!

Ela suspirou, revirou os olhos e falou:

-O que você me pede sorrindo que eu não lhe faço chorando? – Olhei-a com um olhar questionador e uma cara safada. – Porra, James. – Eu gargalhei e os meninos também.

-Cuida dela John. Por favor.

-Eu estou. – Falou ele. Quando ela saiu, me joguei de volta na cama, tudo o que queria era sumir. Mas pelo visto Toni tinha muito que falar. E eu tinha obrigação de ouvir. 


Quando as Coisas São do Jeito que São [Revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora