Capítulo 36

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Beatriz narrando...

Acordei sem saber ao certo onde me encontrava. O lugar era bastante iluminado e a cama, bom, nada confortável.

Pisquei várias vezes até me acostumar com a iluminação. Todo a minha volta estava em silêncio absoluto.

Reparei mais no lugar e constatei que estava em um hospital. Minha perna estava engessada e inclinada um pouco mais para cima. Não sabia que horas eram, como havia ido para ali ou o que havia acontecido depois que vi Otávio entrar naquela cabana, tudo era um borrão pra mim ainda.

Olhei mais ao redo daquele grande quarto e parei meu olhar no ser que se encontrava ali. Minha mamãe dormia de um jeito desconfortável em uma poltrona cor azul claro segurando um livro nas mãos. Seu rosto parecia cansado, ela parecia mais magra e ao redor de seus olhos haviam grandes olheiras.

- Mãe... - Chamei a mesma com a boca seca.

Ela lentamente abriu os olhos e me encarou. Instantaneamente senti meus olhos se encherem de lágrimas. Não imaginava ver aqueles olhos lindos, por mais que tristes, outra vez.

- Minha princesa... - Sussurou ela. - Estou sonhando? - Perguntou se sentando na cama e tocando meu rosto com delicadeza.

- Não mamãe. - Sorri em meio às lágrimas.

- Eu fiquei com tanto medo de perder você meu anjo. - Falou ela em lágrimas. - Não sei o que iria fazer da minha vida se não tivesse você nela mais.

Toquei no rosto da minha mãe com delicadeza. Senti tanta falta dela.

- Calma. - Falei baixo. - Eu pensei também que nunca mais veria vocês mas aqui estou, e não é um sonho! - Rimos.

Olhei para uma pequena mesa que estava no meu lado esquerdo de baixo de uma grande janela e vi na mesma um lindo vaso repletos de rosas brancas, minhas preferidas.

- Quem trouxe aquelas rosas? - Perguntei.

- Os meninos, Cauã e Pedro. - Explicou minha mãe. - Eles quase tiveram um surto quando souberam o que tinha acontecido com você, não saíram de perto de você por um segundo se quer, eu que tive que quase expulsa-los daqui hoje.

Dei risada.

- Sinto falta dos meus amigo... - Falei. - Quanto tempo fiquei dormindo? - Perguntei achando que havia dormindo apenas horas.

- Três dias. - Falou minha mãe séria.

- Que?... - Peguntei em sussurro.

- Calma. - Falou minha mãe. - Você inalou muita fumaça, os médicos ficaram realmente preocupados com você, mas agora você acordou, e é isso que importa.

Sorri.

- Sim. - Falei.

Ficamos em silêncio por alguns segundo. Havia várias coisas que eu queria perguntar, queria saber de tudo que me levou a ser sequestrada por aquele homem, queria saber o que havia acontecido com ele...

- Mae. - Chamei.

- Sim.

- O que aconteceu com aquele homem? - Perguntei nervosa.

Minha mãe me olhou por alguns instantes, respirou fundo e respondeu:

- Ele morreu queimado. - Falou por fim seria.

Meu coração gelou naquele momento. Por mais que ele tenha feito tudo a mim, por mais que ele tenha feito coisas erradas no passado e tudo mais, não acho certo um ser humano morrer dessa forma tão horrível. Nem o pior ser da face da terra merece esse fim.

- Ele agora pelo menos é livre de qualquer coisa ruim. - Falei mais para mim do que para minha mãe. - Apesar de tudo que ele fez, não merecia isso. Eu vi dor em seus olhos... - Meus olhos se encheram de lágrimas.

- Calma criança... - Falou minha mãe.

Eu só queria entender o por que disso tudo ser tão complicado. Queria continuar criança. Nunca levei a sério a frase que todos diziam: Crescer não é tão legal assim.
E eles estava certos, saudade de quando a minha única preocupação era o desenho perdido, o brinquedo quebrado ou o joelho ralado.
Hoje vejo que as dores tão pequenas quando criança me preparavam para as dores maiores da vida. Um amor perdido, uma esperança quebrada e o coração todo ferido e remendado pelas dores da vida.
Saudade de ser criança. De levar a vida com mais cor. Tinha medo dos monstros dos desenhos, minha mãe dizia que era só um desenho e que os monstros não existem. Ela estava certa em dizer que os monstros dos desenhos não eram reais.
Os monstros vivem na nossa realidade e o que é mais assustador, dentro de nós.

- Sera que ele está em paz agora? - Perguntei.

Por mais que quisesse não consegui sentir ódio daquele ser. Me lembro de ver seus olhos com medo, dor. Talvez eu seje infantil de mais ou simplesmente tenho um pouco mais de humanidade dentro de mim mais do que as outras possoas.

- Não sei te dizer meu amor. - Respondeu minha mãe me olhando. - Tenho muito orgulho e você. - Falou ela.

- Pelo o que? - Perguntei.

- Apesar de tudo consegue sentir compaixão pelas pessoas. - Falou.

Dei de ombros.

- Mas agora durma um pouco. - Falou ela mudando de assunto. - Está muito tarde e amanhã com certeza você irá fazer alguns exames.

- Não quero dormir. - Menti. Meu corpo estava exausto.

- Não tem essa. - Falou minha mãe autoritária. - Eu estou mandando mocinha.

- Ok, mandona. - Falei.

Me aconcheguei naquela cama não muito macia me entregando ao sono e cansaço que eu nem sabia que habitava meu corpo.

Acordei com a forte luz do sol em meus olhos e com várias vozes no quarto. Minha cabeça latejava.

Abri meus olhos de vagar vendo os seres que ali estava e senti meu coração se encher de alegria. Todos estavam ali, meus tios, meus pais, meus melhores amigos e o ser mais lindo do mundo.

Ignorei todos que sorriam para mim ao me ver acordada, ignorei as vozes que falavam comigo e me concentrei no ser que estava parado na porta do quarto.

Otávio estava lindo em sua calça de lavagem clara, seu tênis e sua simples camiseta cinza. Algo me chamou atenção: seu braço estava enfaixado, mas algo roubou minha atenção por completo: seu sorriso. Ele sorria para mim e seus olhos brilhavam, sorri de volta sentindo todo o ar dos meus pulmões irem embora.

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Último capítulo de hoje amores!

Amanhã eu posto os últimos da nossa história. Cometem a até amanhã! ❤❤

Maktub - 3 Livro de A Baixinha E O PlayBoyOnde histórias criam vida. Descubra agora