Capítulo 38 - Final

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Beatriz narrando...

Alguns meses depois...

Tudo estava indo bem. Minha família, meus amigos, meus estudos e principalmente meu namoro com Otávio.

A cada dia me surpreendia com ele e me apaixonava mais. Podia ficar horas só ouvindo a sua risada, conversando e o beijando.

Hoje era feriado e estava em casa sozinha assistindo TV. Meus pais tinham saído para passar o dia juntos e meus amigos estavam espalhados por aí.

Assistia um programa qualquer na TV quando alguém bate na porta de casa. Corro até a mesma com um grande sorriso pensando ser meu namorado mas no momento em que abro a porta meu sorriso se desfaz quando vejo em é. Andressa.

Ela estava parada na porta me olhando com um olhar triste. Estava em um calça preta, tênis, regata marron e sua barriga... estava enorme.

- Oqu-oque faz aqui? - Perguntei tentado parecer confiante e fria ao mesmo tempo.

- Fim conversar. - Falou ela olhando em meus olhos séria.

Olhei para ela e pisquei várias vezes. Não sabia se podia confiar nela, mas que mal ela podia me fazer estando...grávida?

- Entre. - Falei dando passagem para ela.

- Obrigada. - Falou entrando em minha casa.

- Deseja beber algo? - Pergunto enquanto fecho a porta.

- Não. - Respondeu. - Eu só vim conversar com você enquanto Felipe resolve algumas coisas por aqui. - Falou ela.

- Ok. - Falei. - Sente-se. - Apontei para o sofá me sentando seguido por ela. - O que deseja falar?

Ela percorria o olhar por toda a sala e aquilo me deixou um pouco desconfortável e me deu medo até, vai que baixa a louca nela e ela resolve me atacar ali? Estávamos sozinhas e oportunidade não iria faltar. Vai saber.

- Quero primeiramente lhe pedir desculpas. - Falou olhando para as mãos que estavam em seu colo.

- Andressa... - A chamei. - Por que?

- Por tudo que causei a vocês. - Falou ela respirando fundo. - Eu te odiei sem motivo, na verdade sempre tive inveja de você.

Minha cara tava no chão.

- De mim? - Perguntei. - Olha pra você! É linda, inteligente.

- Não é esse tipo de inveja. - Falou ela. - Você sempre teve atenção de tudo nessa casa e na vida do Otávio também. Ele nunca me amou e eu nunca amei ele, mas doía toda vez que ele olhava pra você de um jeito que ele nunca me olhava. - Falou. - Você deve saber de toda a história, não é? - Perguntou e eu acenti ainda sem dizer nada.

- Pois é! - Falou. - Eu me arrependo. Hoje vejo que ninguém teve culpa pelas coisas que aconteceram no passado e que eu somente fui alimentava por um ódio que não me levou a lugar nenhum, só a sofrer e perder meu pai.

Aquilo doeu muito em mim.

- Por mais que as pessoas digam que meu pai foi um mostro, eu não o via assim. - Ela olhava para baixo, ela chorava. - Dói saber que seu neto não vá conhecer seu vô...

- Andressa... - Comecei mais fui interrompida.

- Quando eu descobri que estava grávida foi um choque para mim. - Continuou. - Não queria ter uma vida crescendo dentro de mim, eu já havia ido embora, mas não queria um filho agora. Mas Felipe estava tão feliz e a sua felicidade acabou me contagiando, mas eu ainda sentia ódio em meu coração. - Fungou. - Mas com o tempo, minha barriga foi crescendo e fui me apegando a esse bebê, mesmo nunca ter visto ele ainda em minha mãos ele me mudou, no lugar do ódio ele plantou amor e isso me livrou.

Ela chorava e eu também.

- Esse bebê não pode vir em hora melhor, sabe? - Levantou o olhar para mim e eu assenti. - Ele me mudou e amei a mudança. No meu peito só havia mágoa e ódio por pessoas que tinham me acolhido tão bem e que tinham me amado de certa forma e sabia que eles não mereciam o meu ódio mais sim o meu afeto. Então hoje tomei coragem e vim lhe pedir desculpas, por tudo que causei a voces. Me arrependo muito.

Sem pensar me levantei e abracei Andressa pegando a mesma de surpresa.

- O que está fazendo? - Perguntou ela espantada.

- Estou te desculpando. - Falei me afastando e vi em seu rosto um sorriso e alívio, sorri também. - Eu não sinto raiva de você, até te entendo. Esse bebê, - Alisei sua barriga com cuidado. - Veio em ótima hora sim, te mostrou que ódio não nos leva a lugar nenhum, e com ele você não vai se sentir sozinha mais. Pelo contrário, vai se sentir amada e protegida.

- Me sinto assim toda vez que ele se mexe. - Confessou e sorrimos.

- Andressa... - Tinha uma pergunta que não podia ficar sem fazer. - Esse bebê, ele é...

- Não. - Falou ela entendendo minha pergunta. - Eu e Otávio não tínhamos nada a muito tempo, tenho cem por cento de certeza que o bebê e de Felipe. - Falou convicta.

Suspirei aliviada.

- Bom. - Falou ela se levantando. - Acho melhor eu ir.

- Não quer ficar mais? - Perguntei.

- Não. - Respondeu. - Felipe deve estar me esperando.

- Ok.

- Beatriz, você merece ser feliz ao lado de Otávio. Ele ama você, pode ter certeza disso. - Sorriu. - O faça feliz também, ele merece.

Assenti com a cabeça.

- Você também merece ser muito feliz. - Falei de coração.

- Eu já sou. - Falou sorrindo sinceramente. - Até mais ver, Beatriz.

- Até mais vez, Andressa.

Antes de sair ela parou e se virou para mim:

- Peça perdão a todos por mim, diga que sinto muito por tudo, de verdade e que todos sejam muito felizes. - Sorriu e saiu.

Suspirei como se não acreditasse naquilo. Sorri ao ver que depois de tudo ela se livrou de um ódio que a perturbou por tanto tempo. As vezes as pessoas são consumidas por raiva, ódio e se deixam levar por esse sentimento querendo ver o fim do próximo sem perceber que isso acaba consigo mesmo. Senti meu coração mais leve agora sabendo que ela estava arrependida pelo que tinha feito e estava se redimindo por tudo.

Por mais escuro que seje, sempre haverá uma luz para nos guiar a claridade. A salvação para todos.

Maktub - 3 Livro de A Baixinha E O PlayBoyOnde histórias criam vida. Descubra agora