The Ghramers

Ameaça Aquática (6)

Eu e Selina estávamos ajudando Max a andar pelo fato de ele ter torcido o tornozelo com aquela correria há alguns minutos atrás. Provavelmente estávamos andando há meia hora. Minhas pernas já estavam doloridas pelo fato de Max estar parecendo um morto entre nós, um dos gafanhotos da aventura passada o picou bem no pescoço, isso explicaria o porquê de ele estar balançando os braços loucamente enquanto corria para escapar ileso, coisa que não acabou do jeito que ele queria. Selina estava nos levando até um abrigo que ela e um outro amigo tinham encontrado com comida, água e algumas plantas medicinais que ajudariam com o caso do veneno que o inseto possuía que agora está se espalhando pelo organismo do meu amigo.

- Já estamos chegando. - a voz doce de Selina invade meus ouvidos.

Logo a frente havia uma caverna grande e completamente escura, tanto pelo lado de fora, quanto o lado de dentro. Adentramos a mesma até o fundo. O clima da caverna era completamente quente e úmido, provavelmente era pelo fato da luz do sol ou algo do tipo. Colocamos o corpo de Max perto da parede daquele grande esconderijo e vejo Selina se abaixando na frente dele. Ela estava verificando a picada no pescoço dele que já estava ficando inchada em sua volta.

- Ele vai ficar bem? -foram as minhas primeiras palavras desde o ocorrido com meu melhor amigo.

O único sinal que ela deu para indicar que tinha escutado a minha pergunta, foi o som de ar saindo pela sua boca como se a resposta não fosse muito boa para os meus ouvidos. Ela se levantou com a mão apoiada em sua coxa e se virou para mim.

- No final dessa "atividade em campo"... -ela fala enquanto faz sinais de aspas com os dedos no ar. - eles entregam um soro, a cura para o veneno das picadas dos gafanhotos.

- Ah... isso é bom, certo? -sua expressão de preocupação era notável. Estava visível que algo a mais estava prestes a ser desvendado. - Por que essa cara?

- O problema de tudo isso... é que eles deixam apenas uma dose da cura, ou seja, o tempo final é nosso inimigo número um.
Nunca senti tanto arrependimento como agora. Essa sensação percorria todo o meu corpo me deixando completamente arrepiado dos pés a cabeça. Tudo aquilo provavelmente era minha culpa pelo fato de ter feito Max dormir para descansar ao decorrer do caminho e por não saber como usar o meu poder. Eu estava com o peso em minhas costas e aquela informação só piorou o meu estado.

- Ei, não se sinta culpado. Ele foi picado pelo gafanhoto e não por você. Fica calmo. - percebi que aquilo estava bem nítido em mim.

- Parte de tudo isso é minha culpa, Selina. Se... se eu soubesse usar o meu poder, eu poderia ter garantido que nenhum daqueles insetos repugnantes picassem ele. - meu tom de voz saía fraco. Eu não tinha mais esperanças de conseguir salvar a vida dele.
Parei de falar assim que vi que uma pessoa estava entrando na caverna. Viro meu rosto para ver quem era e a reconheço apenas por seus cabelos loiros. Ela estava adentrando a caverna de cabeça baixa com algumas frutas que estavam em uma grande folha de palmeira.

- Bem eu achei algumas frutas em uma árvore aqui perto, mas... - ela para de falar assim que levanta a cabeça e seu olhar se cruza ao meu. - O que ele tá fazendo aqui? -ela indaga com uma voz forte, como se não gostasse de minha presença.

- É... oi?! -falo com dúvida enquanto levanto minha mão lentamente e aceno rapidamente de um jeito meio que sem graça pelo que acabara de acontecer.

- Ele é meu amigo, Emma. Fica calma... - o murmuro que Max produziu ecoou pelo local e atingiu os ouvidos de todos. - É... ele também.

- Selina, você não vê? Esse imbecil vai nos tornar alvos de algum Ghramer idiota. A maioria das pessoas da PPG odeia ele e o acham uma ameaça! -ela falava enquanto levantava uma das mãos no ar e apontava para mim. Tudo bem, ela estava completamente certa, eu era considerado mesmo uma ameaça para os outro.Provavelmente um monstro ou uma arma perigosa.