Decodificando (17)

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Eu já estava cansado de olhar Max repetindo os mesmos movimentos que deixavam claro o nervosismo em sua cabeça. Ele andava de um lado para o outro pensando no que havia acontecido há alguns minutos no refeitório.

- Está claro que alguma coisa vai acontecer. Isso nunca aconteceu. Ele nunca deu as caras na PPG. Por que ele faria isso agora? -Max se exalta.

- Calma, nem sabemos se ele é o Sr.Black. Ele pode ser outra pessoa.

- Não, está óbvio que é ele. Você não viu? Ele estava sendo protegido pelos guardas, só podia ser uma pessoa de importância para eles.

- Acha que isso significa alguma coisa?

- Não só acho como tenho certeza. Nunca aconteceu de alguém diferente aparecer aqui para se pronunciar. E quando finalmente aconteceu, o criador desse pesadelo aparece.

Eu sentia que tudo isso era minha culpa, pois tudo começou a acontecer quando eu fui colocado aqui, como mais um dos integrantes dessa guerra. A ideia de eu ser uma parte importante começava a se reforçar na minha mente. Eu estava começando a me denominar como uma maldição.

- Clark? -Max estala seus dedos próximo do meu rosto. - Tá dormindo acordado?

- Ah, não. Só estava pensando em uma coisa.

- Hum, eu entendo. Ultimamente muitas coisas estão acontecendo aceleradamente. E tudo isso por sua culpa. Você já parou pra pensar no que está provocando em nossas vidas? Desde que você chegou tudo isso está desmoronando em volta de nós, pior do que era no começo. Você é um calo no pé de todos da Prisão. Você deveria ter morrido na sua primeira luta.

- O que? -O ar em volta de mim estava começando a me sufocar. O calor percorria todo o meu corpo, como um ácido altamente corrosivo. Cada parte de mim era tomada por uma sensação de queimação. - Do que você está falando?

- Acha que isso não é verdade? - Selina aparece ao lado de Max, com os braços cruzados e com seu semblante de desprezo nítido no rosto. - Nossas vidas já eram ruins sem a sua presença. Você apenas piorou isso. Como nós pudemos te chamar de amigo?

A culpa estava me matando internamente. Eu podia sentir os olhares de reprovação dele queimando minha alma. Em seguida, Emma aparece rindo de um jeito maléfico, típico de uma risada de um vilão dos filmes de super-heróis.

- Viu? Eu não sou a única que não gosta de você. Não deu pra perceber que você é apenas um atraso em nossas vidas, curtas e desprezíveis, que vão acabar um dia?

Aquilo me soava mais verídico do que parecia ser. Minha cabeça estava atordoada, tudo aquilo se passava em um borrão em alta velocidade que devorava a minha vontade de viver. Eu me sentia fútil com todo aquele discurso, pois isso era exatamente o que pensava. Uma parte de mim ainda queria discordar dessa hipótese, mas os fatos impediam isso.

Juntei a pouca coragem que restara depois desses discursos sobre mim e voltei a olhar para eles uma última vez, o que me arrependeu fortemente. Eles estavam sangrando pela boca e pelos olhos, com marcas de luta por todo o corpo. Eu não podia acreditar no que estava vendo, aquilo não poderia ser real. Olho minhas mãos, que encharcadas de sangue, sujavam o chão límpido da minha cela com gotas de um puro vermelho que refletia as lamentações.

- Clark? Você tá ouvindo o que eu estou te falando? -Max coloca sua mão em meu ombro, o que me assusta. Tudo aquilo se passava na minha imaginação, que me alivia por parte. Foi apenas uma simulação do que eu pensava no que iria acontecer por minha causa. Tenho que admitir, eu estava sendo tomado pelo medo de perdê- los.

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