The Ghramers

Invisibilidade (14)

Mais uma vez no ringue. Mais uma vez presenciando a nostalgia dos humanos torcendo para um dos dois escolhidos morrer, e entre esses dois, eu faço parte. Fui trazido para o campo enquanto dormia, pois não me lembrava de ter inspirado aquela fumaça esverdeada que fazia qualquer Ghramer desmaiar. A luz clara e suave do sol pairava sobre minha cabeça, deixando a impressão de que meu cabelo iria pegar fogo a qualquer momento. Olho para cima e vejo um brilho colorido causado pela luz do sol naquela barreira que nos deixava presos nesta cúpula de lutas.

O som da sirene soou e junto, a empolgação da plateia aumentou com o início da luta. A falta do pequeno discurso daquela sombra me chamou atenção, assim como o fato de ele não estar naquela torre de antes, como na minha primeira luta. Algumas coisas estavam diferentes, pois não estava usando a mesma roupa de quando lutei na primeira vez, e sim a mesma roupa que Julius usava em nossa batalha. Ela era azul marinho com detalhes pretos que desciam dos braços para as pernas. Se ajustava bem ao corpo, pois seu tecido era bem flexível - e apertava em algumas partes. Talvez seja uma vestimenta adequada para se batalhar, mas uma coisa me deixava intrigado. Quem haveria me vestido? Me perguntava isso enquanto olhava em volta da arena, procurando meu adversário.

Eu estava completamente sozinho. Não havia nenhuma presença Ghramer no mesmo local em que eu estava presente. Apenas eu, porém sentia que alguma coisa estava me vigiando. Sentia o olhar queimando em minha nuca, atravessando a alma. Talvez seria os humanos do lado de fora ou apenas o sol queimando e me deixando completamente lúcido.
Cedo demais para pensar nessas coisas. Algo forte acertou meu rosto, como o punho fechado de Max no dia anterior. Se ilusão doesse, eu não iria querer sentir aquilo novamente. Outro impacto acerta minha outra face do rosto, fazendo o mesmo virar para o lado contrário. Eu estava olhando para os lados impaciente e amedrontado a procura do que estava me causando aquilo, porém nada. Não havia absolutamente nada naquele estádio com exceção de algumas pedras e eu. Meus pensamentos foram cortados assim que algo me fez tropeçar e cair de costas no chão.

- O sol está te atrapalhando a me ver? - um menino surge em minha frente como um fantasma prestes a te assustar e logo em seguida desaparece em seguida, ficando invisível.

Me levanto rapidamente me afastando de onde recentemente estava, apavorado. Um adversário que nem se quer poderia enxergar. Como isso poderia ser possível? Como eu iria sobreviver aquilo?

- Ótimo... devo estar passando vergonha na frente dos outros.

- Sim, você está. Como é a sensação? -uma voz aparece atrás de mim, com aquele toque familiar de ironia.

Assim que me viro para ver se o garoto estava visível, algo forte acerta minha coxa. Talvez um chute dele. Como uma tentativa inútil, comecei a socar o ar que me rodiava, com a esperança de acertar em alguma parte do corpo do meu adversário, mas nada acontecia.

- Você é muito engraçado. Veio de um circo antes?

- Talvez seja o mesmo circo que você fugiu. -meu punho, rapidamente, se direciona na região do qual a voz estava saindo, mas o resultado era o mesmo de antes.

- Deixa eu te mostrar como faz, brother. -em seguida, o que eu mais temia que aconteceria aconteceu. Uma série de golpes começa a me acertar. Uns não eram tão fortes assim, porém acertavam partes sensíveis do meu corpo. Era difícil saber de qual região os socos, chutes, e outros golpes estavam vindo já que estava ocupado demais me protegendo. Ou tentando.

Não adiantava em nada quando tentava desviar, pois os golpes insistiam em me acertar. Um soco em minha barriga me faz cair no chão e me contorcer de dor. Sim, eu estava na posição fetal por causa daquilo. Podia ouvir a risada daquele idiota em alguma parte perto de mim. Eu não podia desistir da luta, e nem deixá-lo que me matasse.