Meu olhar se concentrava na figura de Emma que estava atrás das portas da prisão. Desde a aventura passada, quando descobrimos que nós tínhamos o mesmo poder, um não parava de olhar para o outro. Um clima tenso pesava contra minhas costas, pois sabia que havia alguma coisa de errado ao fato de eu estar vivendo naquele lugar. Há algo que não coincide nessa história toda. Viro minha cabeça para o lado e vejo Max sentado na cadeira. Nós estávamos tendo uma séria conversa.
- Eu não menti! Eu só... só omiti a verdade! Isso não é mentir. -ele argumenta. O motivo pelo qual essa conversa estava sendo realizada, era por causa de seu comportamento estranho quando Selina perguntou qual era o meu poder no refeitório.
- Então por que ficou estranho quando a Selina perguntou qual era o meu poder? Ou quando eu te contei sobre o meu poder? Vamos logo, cara! Eu quero a verdade.
- Clark, ter o mesmo poder do que o outro não significa nada! Absolutamente nada! É apenas uma coincidência. Já conheci várias pessoas com o poder de telepatia.
- Tipo?
- Tipo... okay, eu não conheci. Mas sei que não tem nada a ver isso.
Eu não estava acreditando em mais nada do que Max estava falando. Tudo que entrava em meus ouvidos era identificado como mentiras.
- Você não tá acreditando em mim, neh?
- Nem um pouco. -Max bufa profundamente e senta de um modo relaxado. Eu apenas cruzo os braços já impaciente.
- Okay... eu conto a verdade...
- Aleluia!
- Você não acha estranho ter Ghramers com o mesmo poder? Tipo... uma prisão, onde colocam mutantes para morrerem. Não acha que existe alguma coisa de estranho nisso? Não tem nexo.
Fico um pouco pensativo sobre o seu argumento. Ele poderia estar certo por um lado, não teria a mínima graça em uma luta entre dois Ghramers com o mesmo poder, e errado pelo fato de isso ter sido feito pelo fato de sermos mutantes. Pessoas que podem ser perigosas para os humanos, que provavelmente sentem medo por serem inferiores a nós.
- Espera... está me dizendo que isso não é comum? É a primeira vez que isso acontece?
- Sim.
- Coincidência?
- Não existe coincidências. - ele retruca.
- Destino?
- Acredita mesmo em destino? Porque se for o caso, o destino de todos nós é péssimo.
Eu fico meio apreensivo sobre a conversa. Parecia que cada vez mais eu dava um passo a frente para alguma descoberta, mas a resposta ainda permanecia implícita em minha mente.
- Okay, mas se esse for mesmo o caso... por que não falou antes? Acha que eu ficaria bravo ou algo do tipo?
- Não gosto que as pessoas se intrometam em algo que eu esteja fazendo... prefiro trabalhar sozinho do que em dupla. - seu olhar permanecia paralisado na cama em que eu dormia. Ele a olhava sem ao menos piscar, como se estivesse perdido em seus pensamentos.
- Max... somos amigos. Quero que saiba que pode contar comigo pra qualquer coisa. - falo enquanto posiciono meus cotovelos em minha coxa e entrelaço meus dedos o olhando. Max fora a primeira pessoa a simpatizar comigo, não apenas pelo fato de ele ser da mesma cela que eu, mas sentia que podia confiar nele. Ele sorri levemente e levanta sua mão. Nossas mãos se encontram rapidamente produzindo um som alto e uma leve ardência em minha mão, mas o importante é que ele também me considerava como um amigo.
*
Meu travesseiro parecia mais macio do que o normal. Ficar dois dias sem ele foi um desafio. Agora eu sei que ele era bem especial na minha rotina.
- Max? Está acordado? -ouço um murmuro. Obviamente era dele, já que havia apenas nós dois naquela cela. Me viro de lado e abraço o meu travesseiro. Era o único jeito com que eu conseguia dormir. Desde que cheguei, só consegui cair no sono desse jeito. Poderia dizer que isso é uma mania da infância ou da adolescência, já que estava acostumado com isso. - Quem eram aqueles Ghramers das outras celas?
- Você está se referindo a garota do óculos ou o homem da maca? -sua voz soa sonolenta.
- Se os dois responderem a minha pergunta, tanto faz.
- Não sei... mas ouvi boatos que eles são Veteranos. Veteranos bem poderosos. - ele fala entre um profundo bocejo.
- Hum... já lutou com algum Veterano? -indago curioso e ouço uma rápida risada irônica.
- Acha que eu estaria vivo aqui se já tivesse lutado com um dos Veteranos? É, achou certo. -não sei como ele está neste exato momento, mas chuto que seu sorriso sarcástico estava visível em seu rosto, como sempre. - Mas sim... uma vez. Mas não gosto de falar sobre isso...
- Por que? Não seria como uma experiência à mais para não morrer?
- Não, Clark... bem... sim. Mas não gosto de relembrar do passado. Tudo o que acontece no passado deixa uma marca, tanto boa quanto ruim. Se for boa, deixa saudades. Se for ruim... a dor te assombra de novo.
Max era o tipo de pessoa que deixava uma impressão de mistério no ar. Não sabia muita coisa sobre ele, talvez pelo fato de nem ele saber muito sobre si próprio, como todos que estão aqui. Eu poderia perguntar algumas coisas sobre ele, mas não queria ser chato. Poderia descobrir coisas simplesmente normais sobre ele, ou até mesmo assombrosas. Um ronco penetra em meus ouvidos. Um ronco baixo, porém podia ser ouvido claramente. Me apoio na cama e olho na cama de baixo da minha. Max havia caído no sono. Ele deveria estar muito cansado por ter sido uma das vítimas do veneno dos gafanhotos modificados. Me sento na cama normalmente e olho para fora daquele lugar. Conseguia ver Emma deitada em sua cama. Seu corpo estava direcionado para o teto. Ela estava olhando para cima, brincando com os dedos da mão que estavam localizados em volta da sua barriga. Ela estava inquieta, se mexendo de um lado para o outro. Seus pés se mexem para fora da cama, ela estava se levantando. Ela fica sentada, com as mãos na borda de sua cama e com a cabeça baixa, que logo se ergue. Nossos olhares se cruzam. Eu não sabia o que fazer, já que não poderia falar com ela. Levanto minha mão e aceno lentamente para ela enquanto pressiono o meu lábio levemente. Nenhuma resposta. Seu olhar permanecia normal, sem nenhuma mudança em sua expressão. Me pergunto o que fiz para ela me ignorar desse jeito. Finalmente uma ação. Seu olhar se abaixa com uma pequena expressão de dúvida, suas pernas voltam para a cama e ela se deita novamente. Admito que me iludi por um breve momento, mas procuro focar mais em alguma lembrança de uma ação que havia feito para receber aquele tipo de tratamento. E nada! Absolutamente, nada! Me deito novamente e abraço meu travesseiro. Meus olham começam a se fechar lentamente. A cada segundo, o sono ia me possuindo cada vez mais, até que finalmente, acabo dormindo.
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Oie, pessoal! Espero que estejam gostando da história! *-* Estou fazendo de tudo para agradar vocês, dando o meu melhor ♥ Então, não mereço um voto? Não se esqueçam de comentar a sua opinião sobre o capítulo ;)
Beijos!
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The Ghramers
FantasyJá ouviu falar em pessoas com habilidades especiais? Pessoas que nasceram com um dom à mais fornecido por Deus? Muitas pessoas costumam ter medo desse tipo de seres vivos, os Ghramers. Por este mesmo motivo, o chamado Sr. Black criou um programa do...