Aposta (9)

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As risadas de Max e Selina eram contagiantes. Suas piadas eram tão idiotas que as vezes tiravam algumas risadas sem noção. Eu não sei como, mas eles conseguiram fazer com que minha risada saísse de minha boca.

- Ei, ei. Tenho mais uma. -Max fala retomando o fôlego. Sua face estava avermelhada de tanto rir descontroladamente. - Por que o palhaço foi no médico?

- Ah, cara. Sério?- falo com uma mão em minha bochecha com o cotovelo apoiado na mesa.

- Shiu! Deixa a Sel responder. -nossos olhares se direcionam para ela, que já estava nos olhando com dúvida. Provavelmente pensando na resposta.

- É... eu não sei. -ela fala com os olhos semicerrados. - Por quê?

- Porque ele estava com o nariz vermelho! -Max começa a rir freneticamente enquanto abaixa a cabeça e a encosta na mesa. Eu e Selina permanecemos normais, o olhando como se tivéssemos dó dele. - Mas é claro, que não teve a mínima graça... nem sei por que eu falei isso. - ele tosse forçado. Deu para perceber que ele entendeu que não achamos graça na piada.

- Você é retardado? -Selina indaga com uma voz de pena. Admito que um sorriso leve se estendeu em meu rosto. Selina estava com o cabelo solto, o que a deixava muito bonita.

- Eu acho que vocês não têm senso de humor. Esse povo sem graça. - ele fala cruzando os braços e revirando os olhos.

- Ou você que precisa de ajuda. -falo normalmente enquanto olhava para as pessoas ao meu redor.

- Nooossa! Vai deixar ele falar assim? -Selina fala rindo e olhando para Max. Seu riso era doce, porém bem engraçado. Seu olhar se desvia para o meu e um sorriso carismático surge em seu rosto.

-Primeiro...- Max começa. - Eu não preciso de ajuda. Eu sou do tipo de cara que ajuda a pessoa que tenta me ajudar. Segundo: só tem o primeiro.

- Tá legal, "Super Ajudante"- falo rindo e o empurrando levemente com meu braço. Passar o tempo com os dois fazia com que eu me esquecesse de que eu poderia morrer em qualquer momento. Com certeza, eles são a melhor companhia que se pode ter.

- Nem encostou na sua gororóba. Não está com fome? - Sel pergunta para mim. De primeiro eu não havia entendido o que ela estava falando, porém seu olhar se dirige ao alimento que estava na minha bandeja. Era um tipo de mingau branco e com um aspecto super nojento.

- É assim que vocês chamam isso? - rio levemente e dou de ombros.

- Você se acostuma. Veja o Max, está lambendo a tigela. -viro meu pescoço e vejo Max cuspindo um pouco da gororóba de volta para o recipiente. Não sei o que era mais nojento, aquela cena ou comer o que continha na minha bandeja.

- Ah, sim! Super delícia! -ele sorri com nojo e levanta os dois polegares em sinal de aprovação.
- É, percebi. - falo levantando as sobrancelhas rapidamente.

Max e Selina se levantam com suas bandejas e me falam que vão levá-las de volta para a bancada. Eu afirmo e fico sentado encarando aquela comida. Não me parecia nada agradável. Nem se imaginar comendo aquilo era legal. Pego a colher de plástico que ficava ao lado da tigela e cutuco a "gororóba" com a mesma. Sua consistência era como um líquido pegajoso. Pego um pouco com a colher e a levo lentamente até a minha boca. Eu não podia deixar me levar por outras opiniões, mas respeitava o ditado "Quem avisa, amigo é". E também não poderia me recusar de comer, já que eu morreria muito antes de desidratação. O gosto é um pouco ruim no começo, mas depois se tornava um pouco saboroso. Me assusto ao ver um borrão logo em minha frente. Uma pessoa estava se sentando do outro lado da mesa. Era a Emma. Abro minha boca para falar algo mas ela logo me interrompe.

- O que você quer comigo? -ela fala apoiando seus braços na mesa.

- Eu? Eu não quero nada! Por que você acha que eu quero alguma coisa?

- Por que acenou pra mim quando eu estava na minha cela? -ela sussurra.

- Porque eu estava sendo educado.-falo em um tom de dúvida e como mais um pouco da minha comida, fazendo uma leve cara de nojo no início.

- Não quero que seja educado. Na verdade, não quero nem que fale comigo. Nós não somos amigos. Não temos nada em comum, só nossos poderes, mas isso não importa. -aquilo parecia uma ameaça pelo tom de voz sério dela.

- Por que você me odeia tanto? Eu não fiz nada para você! Não mereço isso! -falo sussurrando. Estava visível que alguns Ghramers estavam nos olhando, mesmo tentando disfarçar.

- Sinto que você não é nada bom. Só acho que você não é uma boa pessoa.

- Você mal me conhece! Como pode falar assim de mim sem ao menos saber quem eu sou? Nem eu sei quem eu sou!

- É... eu também. -ela se levanta e vira a de costas para mim. Eu achava que ela iria embora, porém ela volta a me olhar. - E que nojo. - seu olhar se desvia para a comida e em seguida para mim várias vezes. Depois de tudo aquilo ela se vai, me deixando sozinho.

- Até que é gostoso! -meu tom de voz soa mais alto do que eu imaginava, e como consequência, recebo vários olhares das pessoas próximas a mim.

*

Todos estavam conversando e rindo animados. O som do local se juntava fazendo com que não conseguisse entender nada. Não sei o porquê de eles estarem tão animados assim, pois nada de bom iria acontecer.

- Ei, Max... o que vai acontecer aqui?

- Ah! Você não sabe? Quando tem alguma luta nós podemos ver. Não te contei isso, não?

- Sério? Tem mais alguma coisa que você tenha que me contar? Não quero ser pego de surpresa novamente. - reviro os olhos e fico batendo meus dedos na mesa.

- Não... acho que...- Max é interrompido por uma pessoa. Um menino. Ele subiu no banco e tossiu de um jeito falso.

- Meus caros jogadores! Vocês estão mais uma vez aqui, neste campo de guerra, para... provarem quem é o passivo da relação...-todos em sua volta riram. Eu não entendi o que aquilo significava, então fiquei apenas observando. - Quero... fazer uma aposta...- a parede de trás do garoto começou a escurecer, ficando totalmente preta logo em seguida. Será que aquilo seria uma coisa ruim? Ou até mesmo péssima? A cor preta se foi, deixando aquela tela com uma imagem que me parecia pausada, porém aquilo era o começo de uma luta.

- Ah, é... eles apostam. -Max sussurra ao meu lado, apontando para as pessoas sentadas.

- Eu aposto que o Scott, o churrasco flamejante, vai ganhar a luta. - o menino continua e logo em seguida abre os braços. - Se eu ganhar... uma menina terá a sorte de ter os lindos lábios do Steven em seu rosto. Se eu perder... vou fazer o que quiserem. -ele pula da mesa para o chão com um sorriso de lado no rosto. Não sei o porquê de ele estar se gabando.

- E por que ele falou daquele jeito? -viro meu pescoço para o lado e olho para o Max.

- Por causa do Sr. Black.

- Quem é o Sr...- paro de falar assim que ele me manda ficar quieto, pois a briga acabara de começar. Eu já tinha ouvido esse nome aqui. Max falou o mesmo no dia em que eu cheguei, o que me lembra que tinha que tirar satisfações sobre isso com ele. Uma voz se pronuncia. Uma voz familiar. A mesma que eu não esperava ouvir novamente.

- Senhores e senhoras, boa tarde! Estamos mais uma vez aqui, presentes para mais uma disputa desses seres mutantes. Um Mediano com outra Mediana. Que o melhor ganhe, e que o pior seja massacrado.

Mais uma briga acabara de ser iniciada. Mais uma morte será realizada. Agora eu entendo como o boato de eu ser uma aberração se espalhou por toda a PPG. Eles assistiram a minha luta, como assistiam a de todos. Agora só me resta ficar calado e observar.

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Oie, pessoal! Nossa! Vocês chegaram até aqui! Que ótimo. Muito obrigado a todos que estiveram presentes, votando, lendo e comentando suas opiniões. Estou muito grato por isso, sério!
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