O frio tomava conta de cada parte do meu corpo enquanto estava sentada na grama molhada em meio a escuridão da noite. Abraçada com meus joelhos me sentia suja e incapaz, um turbilhão de sentimentos invade-me por inteiro de forma devastadora. Meus olhos refletiam uma nevoa negra e espessa que estava pairando sob cada parte do meu coração machucado, a imagem do Josh tentando me violentar não saía da minha cabeça, e fico imaginando o que teria acontecido caso aquele homem não aparecesse, no exato momento em que minha vida teria fim.
E a pergunta que não saí da minha cabeça é...
Quem seria aquele homem?
Aquele olhar frio e gélido, mesmo com aquela situação os olhos dele pareciam completamente imparciais. Ele nem se quer parecia se importar com a cena que havia acabado de presenciar, qualquer um naquela situação iria sentir-se no mínimo incomodado. Ergui rapidamente a cabeça quando um som familiar chamou minha atenção fazendo com que meu olhar fosse rapidamente de enquanto a uma luz fraca que iluminava um pequeno arbusto, em questão de segundos corro até ela sabendo que iria encontrar meu celular completamente descarregado.
Angel: 5 chamadas perdidas
Retorno a chamada rapidamente aproveitando a bateria que ainda me resta. Como sempre minha amiga atende no primeiro toque e pela sua respiração acelerada parece mais preocupada que o normal.
Call On
– Lili onde você está? Por que não atende a porcaria do celular? Por que sua respiração está assim acelerada.
Angel pergunta histérica, mal dando espaço para que eu tivesse a chance de proferir se quer uma palavra.
– A-Angel...vem me buscar, por favor. – Minha voz praticamente não saiu dentre os soluços do meu choro incessante.
– O que aconteceu? Por que está chorando? Quem está aí com você? Onde está o Josh? – Ela perguntava freneticamente sem nenhuma pausa.
– Estou atrás do bar, vem me buscar, por favor.
– Chego aí em cinco min...
Ela foi interrompida pela falta de bateria.
Call Off
Voltei a mesma posição que me encontrava enterrando a cabeça entre os joelhos. A sensação de vulnerabilidade é uma das piores, por incrível que pareça aquele escuro e a solidão do momento estava me fazendo sentir-me melhor. Não tinha medo que o Josh voltasse, sei que ele está bem longe dali depois daquilo, é covarde o suficiente para se borrar só em ouvir falar em uma arma, imagine com ela apontada para sua cabeça. As luzes de faróis me tiraram de um completo transe, não pensei duas vezes quando me levantei rapidamente ao ver a Angel correr em minha direção tão nervosa quanto eu.
– Aí meu Deus o que aconteceu? –Pergunta minha amiga olhando para minha roupa, melhor dizendo não exatamente minha.
– Me leva embora daqui eu te conto tudo no carro.
Imploro a puxando rapidamente. Tudo que menos quero agora é passar mais um minuto nesse lugar. Apressamos os passos e logo entramos no carro, onde fecho a porta atrás de mim prendendo rapidamente o cinto. Ela parecia assustada com cada movimento que fazia, e confusa ao mesmo tempo por me ver amedrontada e atordoada.
Assim que dá a partida afastando-se daquele lugar, logo começo a contar tudo, detalhe por detalhe, fazendo-a chorar ainda mais que eu. Ela consegue ser exatamente o que preciso, uma amiga perfeita e compreensiva. Obviamente o correto seria contatar a polícia e denunciar todo o ocorrido, porém tanto nós duas como Josh sabíamos muito bem que aquilo era impossível. Não por falta de coragem ou algo do gênero, mas tudo que minha família não iria aprovar nesse momento seria algo negativo aos olhos da mídia.
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Stockholm Syndrome - Harry Styles
Hayran Kurgu"A escuridão nem sempre remete a coisas ruins ou algo obscuro. Na maioria das vezes é apenas o abrigo de um amontoado de coisas boas, que apenas não encontraram o caminho para felicidade. E usam as sombras para se manterem camuflados de toda maldade...