Clean Criminal » Larry (Portuguese Version)

viii.

Louis acordou na segunda-feira animado para tomar café da manhã com o Zayn até ele perceber que isso não seria possível.

Então, ele sentou na mesa, encarando seu prato cheio, sem querer comer alguma coisa. Ele se sentia mal do estômago, como se fosse vomitar a qualquer momento. Desta forma, tentou tirar o pensamento de sua cabeça. Para ele, Zayn ainda estava lá, uma presença na sua vida.

A mãe de Louis sempre brincava dizendo que Zayn era o protetor de Louis, seu anjo guardião. Ele afastou todo mal que tentou entrar na vida de Louis e, por isso, Louis era eternamente grato. Ele estava satisfeito por ter tido um melhor amigo que o amasse tanto, talvez um pouco mais do que devesse.

Uma batida soou na porta de Louis e ele estava começando a ficar cansado das pessoas constantemente vindo para seu apartamento. O que tinha de tão especial nele? Por que as coisas não conseguiam voltar ao normal? Ele lentamente levantou da cadeira e foi até a porta, se sentindo terrivelmente preocupado com quem estava lá. Ele ficou chocado ao ver quem era.

"Vai embora". Louis exclamou, repetindo a frase milhares de vezes. "Vai embora, vai embora, vai embora!" Ele emburrou o peito de Liam para o fazer sair da porta, mas seus esforços se mostraram claramente não sucedidos quando Liam entrou no apartamento e fechou a porta.

"Olha", Liam começou. "Eu só queria passar aqui e dizer que lamento sua perda. Ele era um bom garoto, um bom amigo para você. Lamento que ele não irá estar na sua vida para sempre, sinto muito de verdade. Eu queria falar para você que ainda quero ser seu amigo, Lou. Quero poder vir aqui, comer um pouco e conversar com você." Liam soltou uma patética risada por entre os dentes. "Quero o que Zayn tinha."

Louis estava conflituoso. Ele esteve esperando Liam voltar durante anos. Ele esteve esperando Liam aparecer na sua porta, começando a fazer parte da sua vida outra vez. Mas, aquela não era a hora. Louis tinha Harry agora e Harry era bom para ele. Harry o respeitava. Liam nunca fez isso, ele sempre queria que Louis permanecesse um segredo.

"Ninguém precisa saber, amor". Liam sempre dizia quando os dois estavam juntos. "Apenas você e eu, sim?"

Louis era tolo de concordar todas as vezes que Liam falava isso, porém acabou se tornando um hábito. E Liam tinha o hábito de mentir para Louis na cara dura.

"Não. Você não pode ter isso. Você foi embora! Você pediu para que as coisas acabassem! Eu queria que continuássemos juntos. Eu queria te amar pelo resto de nossas vidas, mas você jogou tudo isso fora quando me deixou!" Louis gritou, ficando bastante emocionado. Ele realmente não queria chorar, entretanto ter Liam parado bem na sua frente, sabendo que ele poderia ter matado seu melhor amigo, não soava muito bem para ele. "Você me deixou com o Zayn. Ele era o único que eu tinha, Liam. A única pessoa que eu podia verdadeiramente confiar depois de tudo."

"E isso é porquê ele te amava! Não percebe isso? Ele estava tão apaixonado por você que doía te ver com ele. Doía saber que você conseguiria me deixar a qualquer hora por ele. Você deveria ter visto o jeito como ele te olhava! Ele estava de joelhos para você e eu era o cara no caminho do que ele queria. E sempre tinha algo em mim dizendo que você também o amava. Que você queria beijá-lo e abraçá-lo tanto quanto ele desejava fazer o mesmo com você, então eu fui embora. E essa foi uma decisão estúpida pra caralho, realmente foi". Liam divagou.

"Bem, talvez você devesse encontrar outra pessoa para incomodar, porque eu não vou lidar com isso agora. Saia da minha casa, vai embora, vai embora, vai embora". Louis disse, abrindo a porta e acenando um 'tchau' para Liam.

Liam deixou escapar um suspiro. "O que quiser". Ele já tinha andado alguns passos antes de se virar para Louis. "E só para sua informação: Eu não o matei."

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As mãos de Louis tremiam enquanto ele lavava a louça suja do almoço. Elas estavam incontroláveis e ele ficou confuso por não saber porquê não pararam de mexer. Assim, ele soltou o prato na pia, lavou as mãos e, depois, foi sentar no sofá para assistir alguns episódios de Judge Judy. A tremedeira não tinha diminuído e suas pernas estavam começando a balançar para cima e para baixo. Ele sentia como se seu coração fosse sair do seu peito. Por que ele não estava controlando?

De repente, começou a pensar no Zayn. Ele poderia ter salvado o garoto. Ele poderia ter deixado Zayn ficar até o outro dia e, logo, Zayn nunca teria o deixado para sempre. Ele poderia ter insistido para Zayn ficar e assistir os programas da televisão, mas, ao invés disso, ele o empurrou para fora de seu apartamento, alegando que Zayn não sabia o que era certo para ele.

"Estúpido!" Louis gritou para si, batendo na testa com sua mão a cada palavra dita. "Estúpido, estúpido, estúpido!" Ele começou a chorar e a respirar mais freneticamente.

Foi tudo sua culpa. Ele havia feito isso com o Zayn. Se ele tivesse parado de agir como um bebê, seu melhor amigo ainda estaria presente. Ele não seria solitário. Ele não estaria gritando consigo e seu corpo inteiro não tremeria.

Soltou um soluço assim que se espremeu como uma bola em cima do sofá, sentindo como se sua vida estivesse chegando a um final. Não havia nada que ele pudesse fazer para consertar isso, não tinha nada mesmo. Ele estava atrasado demais.

Os gritos, tristeza e mágoa continuaram o inundando como uma onda. Repentinamente, ele sentiu o que qualquer pessoa normal sentiria. Ele se sentiu perdido, depressivo, como se o sol nunca mais fosse nascer. Ele se sentiu expulso da sua própria amizade. Era como se Deus estivesse fazendo uma brincadeira de mau gosto com ele, esperando Louis rir, mas Louis não estava rindo. E, para ele, parecia que nunca iria rir outra vez.