Clean Criminal » Larry (Portuguese Version)

xxvi.

Honestamente, Louis não tinha ideia de como ele havia chegado naquele lugar. Ele estava confuso a respeito de como tudo aconteceu e, ainda em um estado de choque, ele nem se incomodou em arrumar seu cabelo bagunçado.

Ele sentou em um sofá muito limpo em um lugar bastante familiar. Ele já tinha estado lá algumas vezes antes. Ele já tinha feito amor lá em diversas ocasiões. As memórias desse lugar esquecido voltaram de uma vez só.

Todas as conversas que Louis teve quando ele ficava lá o fez querer chorar. Ele pensou em todas as brigas, toda a tristeza, tudo de ruim.

Mas quando ele entrou no cômodo, quando ele se sentou perto de Louis e o entregou um copo de chá, a única coisa que Louis pensava era como tudo era bom; os beijos, as carícias, as promessas da madrugada, os milhares de "eu te amo". Tudo era tão bom com ele.

"Está bem?"

Louis não falou nada. Ele continuou a encarar sem expressão a parede, focando principalmente no fato de as fotografias não estarem mais lá e da decoração ter sido mudada.

"Lou?"

Louis finalmente voltou sua atenção para o homem perto de si. Analisou desde seus olhos castanhos até sua rala barba limpa, cabelo perfeito e suaves lábios rosados.

Murmurou, "Yeah?"

"Nem tocou no seu chá. Você precisa que eu esquente de novo? Eu fiz errado? Me desculpe se eu esqueci como--"

"Está bom", Louis interrompeu. Ele encarou o chá, mexendo a colher em círculos. "Obrigado por me ajudar, Li".

Liam sorriu, "Acho que eu estava no lugar certo na hora certa."

Louis estava feliz por Liam estar lá. Ele era agradecido por Liam ter sido como seu anjo guardião, por ele aparecer para o salvar.

"Muito obrigado, mesmo", Louis disse outra vez.

"Quem era aquele bastardo mesmo?" Liam questionou.

Louis suspirou, colocando seu copo na mesa de café. "Algum bêbado do bar no fim da rua do meu prédio. Ele... Ele tinha tentado fazer coisas comigo na última vez que eu fui ao bar."

"Espere, você estava no bar?"

Louis encolheu os ombros. "Eu precisava relaxar."

"Lou, existem outras maneiras de liberar o stress, a dor, e qualquer outra coisa que você precise libertar. Isso é apenas... Tão não você."

Louis nunca pensou que ele iria a um bar. Havia sujeira, cheiro de cigarro e continha as pessoas mais estranhas. Era um choque não apenas para Liam, mas para Louis também quando ele estava lá. E pensar que ele realmente bebeu era ainda mais surpreendente.

Então, de novo, Louis nunca teria pensado que ele seria forçado a entrar em um caminhão, quase sem conseguir andar e meio sonolento, para ser salvo pelo Liam depois. O mesmo Liam que havia o deixado meses antes.

"Sabe", Liam disse, indo para mais perto de Louis enquanto sua voz ficava mais baixa. "Eu senti muito a sua falta."

Louis foi para trás, tentando se afastar de Liam. Ele estava agindo estranho, diferente. Ele nunca era desse jeito quando os dois estavam juntos. "Eu-Eu senti sua falta, também, mas tenho uma pessoa nova agora."

Liam parou de se movimentar e sua expressão facial mudou. "É aquele detetive filho da puta?", perguntou com os dentes cerrados. Ele deveria saber que perderia Liam para aquele cacheado perdedor.

"S-sim", Louis gaguejou, se sentindo intimidado e com medo. "Ele é--Nós estamos juntos, ele e eu. Somos um casal."

"Bobagem!" Liam gritou, batendo sua mão no sofá. "Nós éramos um casal. Nós éramos perfeitos juntos. Todos nos amavam; todos queriam ser a gente. Estávamos tão bem, tão bem." Liam havia segurado os pulsos do Louis. "Você não sente falta disso? Não tem saudade da gente?"

Louis lutou contra o aperto do Liam. Foi nesse momento que ele percebeu que o monstro de verdade não era o bêbado do bar. O monstro era o cara que estava agarrando seus pulsos, sem os soltar. Era o cara pairando sobre ele, o cara que tinha assombrado seus sonhos, o cara que um dia ele amou.

"Liam, por favor, pare." Louis apelou.

Liam puxou Louis para mais perto de si, fazendo o outro ganir. "Você está aqui comigo, você não precisa voltar para eles. Nós podemos ser felizes aqui. Podemos ser felizes juntos."

"Mas eu não te amo mais!" Louis gritou, conseguindo se livrar rapidamente das mãos de Liam e se levantar. "Eu não te amo e acho que nunca mais serei capaz de amar outra pessoa, porque eu estou apaixonado por ele."

Liam também ficou de pé e, depois, empurrou Louis para uma das poltronas reclináveis da sala. "Você não o ama. Você me ama e sabe disso, não minta para si mesmo."

Louis se contorceu por baixo de Liam e, logo, teve uma ideia. "Você está certo, Li. Eu nunca conseguiria amar qualquer outra pessoa mais do que te amo. Você foi meu primeiro tudo. Como eu poderia amar alguém mais do que você?"

Liam sorriu, se esquivando para beijar Louis, mas o de olhos azuis virou o rosto. Os lábios de Liam ralaram na bochecha de Liam e ele resmungou. "Malcriado, malcriado, tentando evitar meus beijos. Isso não é muito legal, Louis."

Merda, Louis pensou, eu nunca vou conseguir sair desse inferno.

Quando Liam mergulhou para outro beijo, Louis deixou seus lábios tocarem os de Liam. Ele não sentiu nada. Não tiveram nenhuma faísca ou fogos de artifício imaginários. Não houve nada. Liam não conseguia fazer Louis se sentir do mesmo jeito que Harry fazia. Harry deixava Louis se sentindo no topo de mundo, o rei da sua própria vida. Liam o fez se sentir pequeno, como uma formiga recebendo ordens de um gafanhoto.

"Você o matou, não foi?" Louis finalmente perguntou, seus olhos estavam arregalados. Foi como se a verdade tivesse dado um tapa forte no seu rosto, o acordando da falsa realidade que estava vivendo.

Liam se afastou de Louis, "Não tive outra opção."