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"Harry, eu não entendi por que eles me trouxeram de volta para cá. É uma piada?" Louis sussurrou para Harry, esperando que os aparelhos de gravação não conseguissem o escutar.

O detetive não respondeu Louis e, em vez disso, desabou em sua cadeira, chateado por ter que estar lá naquele momento. Não poderia ter sido Louis, apenas não poderia.

"Harry". Louis suplicou, querendo nada além de uma simples resposta. Ele estava começando a ficar nervoso e o fato de haver mais gomas de mascar embaixo da mesa não o agradava.

Louis sentiu como se tivesse sido enviado de volta à quarta série, quando ninguém falou com ele e ele parecia uma formiga ignorada com pessoas pisando ao seu redor. Ele era mais tímido naquela épica, com medo até mesmo de falar, mas depois chegou o Zayn. Zayn era como o gafanhoto especial que ajudava Louis. Zayn fazia as pessoas o notarem. E, claro, Louis ainda era um pouco estranho, menor do que o resto do mundo, porém ele era uma formiga corajosa, preparada para segurar qualquer coisa que o mundo jogasse nele.

Harry jogou o arquivo em cima da mesa, fazendo Louis focar nele ao invés dos chicletes. "Me conte como conheceu Zayn, Sr. Tomlinson."

Louis franziu as sobrancelhas, por que Harry estava agindo de um modo tão estranho? "Nós éramos crianças. Eu era tímido, ele não. Amizades começam assim, você sabe."

"Como era a amizade de vocês?"

Louis encolheu os ombros. "Era como qualquer outra." Louis mexia seus dedos. "Ele me convidava para sua casa sempre, nós saíamos. Ele jogava videogames enquanto eu... Enquanto eu limpava seu quarto. Eventualmente, nós crescemos e, então, ele começou a ter namoradas e a gente saía menos. Mas ainda éramos melhores amigos porque ele brigava com todos os garotos que tentavam encostar em mim."

 Harry tentou fazer suas mãos pararem de tremer, mas não conseguiu. Então, rapidamente deslizou pela mesa uma fotografia que estava na pasta de arquivos. "É seu?"

O garoto encarou o troféu de soletração que ele recebeu quando estava na quinta série. "Sim, é meu. Pensei que tivesse jogado fora há um tempo. Onde você encontrou?"

Harry colocou outra foto na frente de Louis. "Esse lugar parece familiar?"

Louis balançou a cabeça. "Não, eu nunca estivesse aí."

"É onde Zayn foi morto. Alguém o apunhalou nas costas bem aqui. Tem certeza de que nunca viu esse lugar antes?" Harry questionou, ficando um pouco frustrado. 

"Vou te prometer que nunca estive aí. Vasculhe as imagens de segurança ou qualquer coisa, eu não estarei lá. Eu só vou à alguns lugares cada semana, não é como se eu já estivesse explorado a cidade." Louis respondeu.

Harry pegou de volta as fotos e, depois, mostrou alguns resultados para Louis. "Você tem alguma ideia sobre o porquê de suas impressões digitais estarem na arma?"

"Bem, qual é a arma?" Harry virou a folha, revelando a imagem de uma faca. "Eu nunca a vi antes. Todas as minhas facas são guardadas juntas na minha cozinha. Se quiser ir checar, você pode. Você encontrará todas lá."

Harry assentiu, trocando de página no seu bloco de notas para escrever algumas coisas. "Pode contar com isso. Você tem qualquer razão para não gostar do Zayn? Alguma vez ele fez algo para você? Ele já te machucou?"

Louis estava começando a tremer mais. "Não", exclamou. "Ele nunca fez nada além de me tratar como um boneco da China, frágil e valioso."

"Como você era valioso?"

Louis não conseguiu deixar de perceber que Harry tinha escrito sua pergunta e estava esperando por uma resposta, como se isso pudesse inverter todo o caso. Ele finalmente falou, "Zayn não era o tipo de cara que tinha muitos amigos. E isso não era porque ele não conseguia ter, é que ele gostava de ser particular, um-a-um era seu estilo. Ele gostava de criar laços que nunca conseguiriam ser desfeitos, por isso que apenas confiava em poucos selecionados. Eu, sendo seu amigo por mais de uma década, devo servir para alguma coisa. Ele me protegia e se importava comigo."

Harry registrou pedaços da resposta de Louis. "No seu apartamento, por que tem tantas fotos emolduradas suas?"

"Zayn as tirou, ele era fotógrafo e muito bom nisso. Ele... Bem, ele gostava de as compartilhar comigo. E eu não suportava ter fotos soltas por aí, então eu emoldurei e as espalhei pelo lugar. Eu gosto delas, mesmo sendo de mim e eu realmente não gostar de me ver em todo lugar."

"Alguma vez ele tirou fotos inapropriadas de você?" Harry perguntou repentinamente.

Louis balançou rápido sua cabeça. "Não, não, não. Zayn não era assim. Ele era doce e carinhoso e--"

"Tinha uma queda por você", Harry exclamou.

"O que? Não, não tinha." Louis disse, sendo pego desprevenido. "Ele era meu melhor amigo, ele não gostava de mim desse jeito."

"Mas, você gostava dele desse jeito?"

O silêncio de Louis deu a Harry sua respostar e, assim que começou a guardar as coisas dentro da pasta, Louis o impediu gentilmente colocando sua mão no pulso do detetive. "Ele me tratava como um bebê. Fazia carinho quando eu estava triste. Poderia me balançar para frente e para trás tentando me acalmar quando eu estivesse tendo um daqueles momentos. E, claro, era legal saber que eu tinha sua atenção inteira para mim, mas isso eventualmente se tornou tão... Tão sufocante."

"Quem é Liam Payne?"

Louis prendeu a respiração e deu o seu melhor para tentar parar de balançar suas pernas, ignorando o fato de suas mãos estarem começando a ficar extremamente suadas. "Apenas um amor do passado."

Harry olhou para seu bloco de notas pela primeira vez em cinco minutos. "Por que acabou?"

"Porque não era para ser." Louis mentiu, esperando que Harry não percebesse. Acontece que ele conseguia ver através do homem.

"Devo te lembrar que é melhor falar a verdade aqui do que na frente de um júri?"

Louis assentiu, concordando em contar a verdade para Harry. "Ele acreditava que eu tinha sentimentos pelo Zayn."

"E não tinha?"

"Eu já te disse! Agora, por que eu estou aqui? Você não espera que eu seja o assassino, espera?" Louis questionou, ficando irritado com as perguntas de Harry.

Harry abriu a pasta de arquivos mais uma vez, lançando fotografias em frente de Louis. "A cena estava imaculada, as roupas dele estavam arrumadas, a arma que encontramos estava quase perfeitamente limpa. Você não acha que isso me faz ter dúvidas da sua inocência?"

"Sou inocente até que se prove a culpa!" Louis gritou.

"E eu tenho todos os fatos que provam que você é culpado!" Harry falou, com seu tom de voz igualmente tão alto quanto o de Louis. "Terminamos aqui", ele concluiu. "Espere oficiais no seu apartamento amanhã de manhã. Você pode permanecer aqui essa noite." Com suas palavras finais, Detetive Styles foi embora e Louis algemado e escoltado por policiais.

Ele nunca pensou que estaria nessa posição, acusado pelo assassinato do seu melhor amigo. "Eu não o matei!" Louis gritou enquanto era levado para longe. "Eu não o matei! Eu não o matei! Não há nenhuma maneira, em nome do bom Deus, de eu ter o matado, você precisa acreditar em mim!"

Harry escutou as apelações de Louis e ele silenciosamente rezou para que o homem estivesse certo, que ele não fosse o assassino, e algo dentro dele queria encontrar qualquer possível evidência que provasse a erroneidade dos fatos. Não havia mal nenhum em tentar.





Clean Criminal » Larry (Portuguese Version)Onde histórias criam vida. Descubra agora