Capítulo 10 -Pessoas e monstros são como irmãos

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Gália Stand
Sonhei. Mais um pesadelo. Fazem dois anos. Dois anos que fui embora. Dois anos que ele me procura. As pessoas não entendem. Ficam se perguntando o por quê de eu ter fugido já que "eu tinha a vida perfeita"! Mas e se eu dissesse que não? Seria a mesma coisa? Falariam que "Deus me ama". Eu acredito... Mas eu me amo? Realmente não sei.
Tenho expectativas, medos, amores. Nunca me imaginei namorando de verdade um garoto. E antes que se pergunte, não. Também nunca me imaginei com garotas. Mas sei que parece estranho, mas você se perguntou? A questão é essa: não é filosófico, só é... A realidade.
Ele entra, e me dá um jornal. Mais um que diz:
"Fará agora (16/08) o aniversário de morte da filha dos empresários Stand. Ela faria (19) dezenove anos neste dia."
Após ler a manchete, ele vê minha expressão de solidão e diz:
-Você tem que agir. Os elimine do nosso caminho.
-Não farei isso. Você me prendeu aqui há dois anos! O que quer mais? -pergunto quase em prantos.
-Queria uma vida. Algo que nunca tive. E você? Você no início me compreendia... Agora só quer liberdade?
  -Eu sofria. Eu não era compreendida. Eu mudei. A questão é essa. Você falava que me amava, então me deixe ir.
  -Eu fui seu início.
  -Mas também pode ser meu fim. Eu tinha curiosidades, eu tinha momentos de dor, eu queria saber como ficava com o cara mais estranho à como poderia ficar com drag Queens. Você me mostrou tudo isso... E hoje chegou minha hora de ir.
  -Eu te mostrei algo que você nunca teve: a felicidade. Então por que agora me acusa de ser o vilão da história?
  -Porque para todos, eu era a perfeitinha, mas também já fui a vilã. Então querido, chegou minha hora de brilhar.
  -Não deixarei você ir embora.
  -Não estou pedindo sua permissão.
  Ele corre e me puxa. Me debato em seus braços. Ele me beija, e me rendo. Sim, assim como já fui vilã, ele ainda é. Mas com certeza, pode ser o mocinho.

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