Capítulo 15 -Ela.

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  Pete Rights
  Não direi que é mentira, de fato não é ela. De fato, fico querendo dizer algo... Pensar em algo. Algo para trazê-la de volta. Mas eu sei que é impossível. Talvez já tenha encontrado o amor da minha vida, mas ela não tenha achado o mesmo.
  Desculpe Gália, mas não irei atrás de você, não irei gastar o tempo dos outros, não irei fazer de todos nós apenas bonecos seus, não irei te amar para sempre e muito menos irei atrás de você para sempre.
  Gália deve estar por aí, gritando, sendo quem é. Loucamente, com os chinelos verdes, e aquela blusa de Margarida que, segundo ela mesma, havia comprado num brechó. Ela deve estar fugindo dela mesma, sem ter para onde ir, ou a quem recorrer. Na verdade, ela sempre foi assim, e não, não irei dizer que ela deveria ficar aqui, comigo, porque a verdade é essa: eu não ficaria se fosse ela. Nunca houve ninguém a quem recorrer, a quem gritar por socorro. Ela esquecerá de mim, da mesma forma que eu dela, e espero que, de alguma forma ela entenda. De alguma forma ela pense, pense em como a amei... Mas em como a amava tanto, que não faria de seus pesadelos meus sonhos.
  Pode parecer mentira, mas ela não era para sempre. Ela nunca foi. Ela nunca será.
  Bebo. Bebo o máximo que posso até que ela chega:
  -Tudo bem? -Pergunta Alison.
  -Tudo... Só não há o por que continuar agora. -respondo.
  -Você está...
  -Voltaremos. Não há como ir atrás dela, não a preço de nada.
  -Pete, estamos todos aqui por ela. Não podemos fazer isso.
  -Ninguém está aqui por ela! O Ethan está por você! A Juli por você! O Theo pela Juli e o Robert por você! Entende! Não podemos ir a preço de nada. Não podemos ir sem ter nenhuma pista de seu paradeiro! Não podemos!
  -E eu?
  -Seguirá sua vida. Apenas.
  -Não acredito. Você me ligou, pediu para eu te ajudar, eu ajudei. Ou melhor, estou ajudando. E você simplesmente vai dizer que desiste!? Eu estava bem, eu estava...
  -O que vai dizer? Que estava Feliz? Todos sabemos que após a Gália ter sumido, você deixou de ser você. Virou uma garota depressiva, triste, que chora por tudo e totalmente anti-social.   Você não pode dizer que estava bem, porque não estava. Eu trouxe o que você queria, você deveria me agradecer, ao invés de me dizer não o tempo todo.
  -Oi? Pete, você não era assim... Você...
  Perco o controle, e quando vejo já estou em cima dela.
  -O que você quer que eu seja? Um trouxa. Um burro, que ela usa todos os dias? Tudo foi por água abaixo... Você não entende!? -soco seu rosto, até que Ethan chega e me soca.
  -O que vai fazer? Salvar sua donzela do perigo? Todos sabemos que você a ama! Todos! Você...
  -Pete! -conheço essa voz, porém não a escuto a muito tempo.
  Me viro, não pode ser ela... Não pode ser a Gália. Sinto algo bater na minha cabeça e desabo. Desabo até não ver mais nada. Apenas vozes.

-Eu não queria fazer isso. Me desculpe... -diz alguém.
-Você nos abandonou. Como você pode? -fala outra pessoa.
-Como seria para você? Como seria se te chamassem de rebelde, trouxa, infantil, irritante... Te tratasse como se não fosse bem vinda, como se você não tivesse ninguém para confiar?
-Você tinha a nós, Gali. A nós! Entende! -desta vez a pessoa grita.
Abro meus olhos, mas elas não estão mais lá.
Tento me levantar, mas sinto minha cabeça pesar e algo me puxar. Estou no hospital. Provavelmente o mais longe de todos, já que estávamos no meio da estrada. Tento posicionar meus pensamentos, nada. Não lembro do que houve, de quem estava lá, até que alguém bate na porta, porém logo entra.
-Tudo bem? -a voz soa feminina e ao ver, percebo que é Juli.
-Eu não lembro... Eu... -sussurro.
-Tudo bem, não importa. Algumas pessoas estão te esperando, mas antes quero te dizer uma coisa: o que, ou melhor, por que você fez aquilo ontem? Pete, você bateu na Alison! Você bebeu... Você nunca fez isso... Por que...
-Eu já disse que não lembro.
-Iria fazer diferença? Iria fazer diferença você lembrar ou não? Pete, o que você fez ontem... Eu sinceramente, tenho nojo de você. -aquelas palavras soaram como uma bala, me fazendo chorar.
  Não entendo... Como por segundos pude ser tão próximo e tão distante de alguém!? Eu... Não sei o que pensar ou como agir. Ela sai do quarto, e pela primeira vez sinto como se tivesse perdido algo, ou melhor, alguém.
                                •
  -Pete? -pergunta alguém. Acordo.
  Bem, digamos que tenha dormido muito ultimamente, já que não tenho nada para fazer.
  -Oi... Alison? -pergunto/digo.
  -Você não se lembra, não é?
  -Não.
  -Quer saber?
  -Sim.
  -Você desistiu da procura, então fui falar com você e... Você estava bebendo. -ela soluça, quase chorando.
  -Eu não...
  -Você bateu em mim, Pete. Você deu um murro no meu rosto. Você...
  -Alison me desculpe! Me desculpe, eu não...
  -Palavras não vão tirar o machucado da minha cara!
  -Mas eu estava bêbado!
  -Mas tudo que fazemos bêbado, tem um pouco de verdade.
  -Alison, você sabe que eu nunca faria isso com você. Você me conhece...
  -Não, Pete. Não conheço. Mas pelo menos sua ação nos trouxe algo, mas após isso, não sei se ela vai te perdoar.
-Me desculpe, eu não sabia...
-Ah, só pra constar: fui eu que dei aquela pancada na sua cabeça.
Ela sai, e fico na sala, indignado.
Eu não posso... Eu sou um monstro. Eu...
A enfermeira chega, após alguns minutos, recebo alta.
Ao sair, Theo está falando com Ethan, e ao me ver, pula em cima de mim e grita:
-Seu idiota! Por que você fez isso!? Por que você bateu nela!? Você... Argh!
Ele me empurra contra a parede e foco na minha respiração.
Ele soca meu rosto e Theo o separa. Alison observa de longe, com os olhos cheios de lágrimas.
-Se fui alguém ruim, me desculpe, mas não irei apanhar por aquilo que não lembro. -digo.
Percebo que mais alguém olha para mim. Até que encontro esse olhar, e sorrio em meio a lágrimas.
-Gália! -grito.
-Pete... - diz.
Corro para abraçá-la, porém ela apenas se recua e continua:
-Não irei fazer isso, não dessa forma, Pete. Não com você. Me desculpe.
-O que!? Gália! Eu te procurei durante dias, sem saber para onde ir, ou como ir. Com apenas um mapa que você havia deixado em meu quarto, e quando te acho, você fala que não quer chegar perto de mim! Ouvi direito?
-Ouviu. Eu não vou encostar em você, não depois do que você fez.
-Eu estava bêbado!
-Mas bateu!
-Foi só um soco!
-Nunca diga que foi só um soco! Nunca diga que ela mereceu, ou que estava bêbado, porque você se lembra! Da mesma forma que se lembra de mim! Da mesma forma que veio a minha procura, Pete. Você lembra, e me desculpe, mas eu nunca pedi para que viesse a minha procura, nem a Alison, nem a Juli, nem esse bando de garotos que nunca falei na minha vida. Eu nunca deixei pista nenhuma, e nunca precisei de sua ajuda! Pelo contrário, eu me importava, mas eu queria distância!
-Mas e o livro...?
-Aquilo foi há dois anos! Entende! Na verdade, acho que muita gente aqui tem que voltar ao jardim de infância para saber como brincar.
-Então, na verdade, tudo isso foi um jogo?
-Por que não seria?
-Gália, seus pais, seus amigos...
-Que nunca me deram valor. Quer dizer, sempre fui a boneca deles, não é mesmo?
-Gália o que está acontecendo você nunca...
-Adeus, Pete.
Alison chora e diz:
-Eu não acredito que passei por tudo isso, sem que você nem se importasse conosco.
-Adeus, Ali. -ela pega um ônibus e, antes que ele pare, ela diz: -Amanhã estarei lá. -se refere ao seu "aniversário de enterro", que provavelmente, não existirá mais.
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Oiii!
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  Bem, próximo capítulo só depois de amanhã, Okay?
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  Xoxo
   <3

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