Always and forever.

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Flashback ON

8 de março de 2001, Orfanato Angel's Smile Hospice, Los Angeles.

Abri os olhos e olhei ao meu redor, percebi que o teatro estava vazio e uma sensação de medo tomou conta de mim.

— Eu vou te achar! – Gritei enquanto andava pelo palco e me aproximava das cortinas.

Eu tinha seis anos, e por mais que aquela brincadeira parecesse coisa boba, sempre fui muito medrosa, muito insegura, muito... Estranha.

Insegurança? Se eu tinha medo das pessoas e de ser deixada de lado? Por quê? Só porque fui deixada num orfanato na data do meu aniversário de um ano de idade?

Besteira, não? Sentir que seus pais cansaram, desistiram de você.

Quando comecei a pensar aonde ele poderia estar, senti duas mãos nas minhas costas me empurrando pra frente, fazendo com que eu caísse no chão.

Era ele, ele amava implicar comigo.

— Desculpa. – Ele disse rindo, mas me ajudando a levantar.

— Você é um idiota, Samuel. – Eu disse enquanto me levantava.

— Quando você vai parar de me chamar de Samuel? – Ele disse fazendo uma careta.

— Nunca, é legal. Sammy parece nome de cachorro. — Disse dando de ombros e ele riu.

Flashback Off

A minha amizade com o Sammy era divertida, ele me estressava, a gente brigava, mas era legal.

Nate e Sammy eram irmãos com um ano de diferença, eles chegaram juntos no orfanato na mesma época que eu, e crescemos juntos. O Nate era o meu melhor amigo, enquanto o Sammy, depois dos doze anos, passou a me ignorar e implicar comigo.

Nós tínhamos uma amizade estranha, vivíamos brigando e dois segundos depois fazíamos as pazes. Brigando pelo que? Por brinquedos, por comida e por falta de atenção.

Sim, falta de atenção.

Quando tínhamos dez anos, entrou uma menina nova no orfanato, ela era loirinha dos olhos claros (que logo foi adotada), bem diferente de mim.

Não, eu não sentia nada pelos meninos aos dez anos e muito menos agora, mas eu me senti substituída quando vi que eles conversavam mais com ela do que comigo.

Quer dizer, o Sammy falava comigo enquanto o Nate tentava impressionar a garota.

Aos quatorze, eu passei por um dos momentos mais difíceis da minha vida. A cada ano que passava, ficava mais difícil alguém me adotar ou adotar os meninos, as pessoas sempre querem as crianças, os bebês, os fofinhos, e nós não nos encaixávamos nesse padrão.

O Nate foi adotado aos quinze, junto com o Sammy, que tinha quatorze, enquanto eu permaneci lá até mais tarde.

— Vai me mandar cartas? – Perguntei com um sorriso no rosto enquanto eu o abraçava.

— Você não entende minha letra, pirralha.

— Não me chama de pirralha. – Disse enquanto me separava do abraço.

— Você vai sentir falta até disso, Hailee.

— Ok. – Eu disse tentando controlar o que eu estava sentindo, tentando controlar o choro que queria sair por perder a única pessoa que um dia se importou comigo. – Pode me chamar de pirralha. – Eu disse o abraçando mais uma vez e escutei a sua risada.

— Eu venho te visitar. – Ele disse pegando as malas do chão enquanto a diretora do orfanato o apressava.

— Jura? — Perguntei quando ele voltou a olhar pra mim.

The OrphansOnde histórias criam vida. Descubra agora