Respirei fundo e tentei manter a postura que eu já tive há muito tempo, a postura séria que eu buscava quando via o Sammy, mas perdia quando olhava em seus olhos.
Por que aquele garoto me deixava daquele jeito? E por que fui mais legalzinha com ele do que com o Nate? Ok, Nate que prometeu que iria voltar e não voltou, mas não foi ele que deixou de falar comigo do nada por dois anos. Revirei os olhos ao me lembrar do orfanato e decidi descer as escadas, mas quando peguei no corrimão, avistei o Nate subindo.
Ok, vamos lá...
— O que aconteceu com o Sammy? – Ele perguntou assim que chegou ao meu lado. Dei de ombros sem olhar em seus olhos e o escutei bufando. – Até quando você vai ficar assim, Hailee? Pare de se fechar pro mundo, não é fazendo isso que você vai evitar sofrimento.
Olhei pra ele e arqueei as sobrancelhas, ele ainda me olhava e deu um sorriso.
— Você não tem noção do quanto eu senti a sua falta. – Ele disse ainda olhando pra mim e eu sorri sem jeito. – Tá, já entendi, você não quer falar comigo, mas eu... – O interrompi o abraçando pelo pescoço e fechei os olhos. Senti suas mãos ao redor da minha cintura, me abraçando com força, como ele sempre fazia, só que agora estava mais forte e eu pude sentir todo o seu peitoral junto ao meu corpo. Respirei fundo, podendo sentir o seu cheiro maravilhoso, fechei os olhos e sorri sem que ele visse. Tentei me afastar, mas Nate ainda estava me abraçando.
— Nate.. – Falei e ele me soltou vagarosamente, ainda olhando em meus olhos. – Pronto, falei com você. – Disse sorrindo e me afastando dele, mas ele me puxou pelo braço.
— É sério isso? – Ele perguntou sorrindo e soltou meu braço, eu acabei desequilibrando, sentindo meu corpo cair, Nate rapidamente me puxou pela cintura e eu olhei de lado, vendo a altura daquela escada. Minha respiração ainda estava ofegante por conta do susto, virei o rosto e Nate me fitava com preocupação.
Não conseguia dizer nada, e parecia que ele também não, nós só ficamos nos olhando naquela posição, nossos corpos colados e nossos rostos separados por míseros centímetros de distância.
Levei meu olhar até sua boca e notei que estava entre aberta, voltei a olhar em seus olhos e ele fitava minha boca. Achei estranho ele não falar nada, ficamos alguns segundos naquela posição, até que antes que eu pudesse reagir, senti os lábios do Nate chocando-se com os meus. Suas mãos continuavam firmes em minha cintura e as minhas estavam em seus ombros. Meus olhos ainda estavam abertos e empurrei Nate, me encostando na parede.
— O que você fez? – Perguntei enquanto o olhava assustada.
— Desculpa, eu não tive a intenção... – Ele disse tentando se explicar enquanto eu ainda tentava controlar minha respiração.
O que fez com que eu ficasse daquele jeito não tinha sido o beijo do Nate, e sim o que eu pensei quando senti seus lábios nos meus.
Foi como um flashback em velocidade rápida, lembrei do Sammy dizendo que queria que o primeiro beijo dele fosse comigo, isso com sete anos de idade, eu contestei dizendo que beijar era nojento e ele disse que não seria se fosse comigo. Mas que droga, Hailee, o que tá acontecendo com você? Pra que pensar no Sammy dessa forma?
— Hailee? – O Nate perguntou e eu saí daquele maldito transe.
— Não tem problema, Nate. – Disse suspirando e fechando os olhos enquanto colocava as mãos no rosto, logo depois abrindo-os. – Você tem razão, eu não deveria me fechar pro mundo. – Disse sorrindo sem jeito e saindo de perto da parede, me apoiando no corrimão.
— Hailee. – Ele falou e eu me virei. Assenti com a cabeça pra que ele falasse e ele negou com a cabeça, rindo. – Deixa pra lá. Quer ajuda? – Ele perguntou e eu neguei com a cabeça, logo agradecendo.
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The Orphans
أدب الهواةHailee, Sammy e Nate, abandonados em um orfanato quando tinham apenas dois anos de idade. Trágico? E se eles crescessem sem nenhum sinal de um adulto querendo adotá-los? Hailee não teve a mesma sorte de Sammy e Nate, irmãos, que foram adotados aos q...