Mr. Closet.

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Abri os olhos e eu estava sorrindo. Por que eu estava sorrindo? Me sentei na cama e olhei pros lados, eu estava sozinha no quarto. Franzi o cenho ao me lembrar do Sammy. Ele realmente tinha dormido comigo ou tinha sido só um sonho? Balancei a cabeça negativamente e fui cambaleando até o banheiro.

Fechei a porta e me encostei nela, fechando os olhos. Respirei fundo e os abri, indo até a pia e escovando os dentes. Me olhei no reflexo do espelho enquanto minha cara amassada de sono me fazia rir. Fui pra debaixo do chuveiro me despindo no caminho e tomei um banho demorado.

Saí do banheiro com meu cabelo enrolado na toalha e outra no corpo, sentei-me na cama e escutei o barulho da porta se abrindo, tive um susto, mas era a Juliet, ela jogou os sapatos no chão e se jogou na cama.

Sua respiração estava calma e aquilo me acalmou, mas eu não sabia o que estava acontecendo.

Sim, ela tinha me decepcionado, mas eu sabia que ela precisava de mim, precisava de uma amiga, principalmente nessas horas.

Levantei-me da cama e me sentei ao seu lado, seu rosto estava afundado no travesseiro e eu passei minha mão pelo seu cabelo, automaticamente ela se virou e eu tive um susto.

Juliet se sentou na cama e me abraçou com força, logo começando a chorar, e não um choro baixo, e sim um choro alto com soluços.

— Me desculpa... – Ela disse entre os soluços e eu senti um peso no meu peito.

— Eu fui grossa com você, Juliet, não deveria ter falado aquilo... – Disse e ela se afastou um pouco, olhando pra mim.

— Haiz... – Ela disse tentando se acalmar e seus olhos estavam vermelhos, não por droga ou algo do tipo, ela parecia ter passado a madrugada toda chorando. – Eu não quero mais isso pra mim. – Ela disse enquanto controlava a respiração. – Me desculpa. – Ela me abraçou mais uma vez e eu fechei os olhos. – Começou com a bebida... – Ela disse com dificuldade.

— Não precisa falar agora... – Eu disse enquanto ela se desfazia do abraço e olhava pra mim.

— Mas eu preciso falar. – Ela disse enxugando umas lágrimas e se ajeitando na cama. – Eu achei que fosse me preencher, sabe? A ausência da minha mãe sempre mexeu comigo, o fato do meu pai não aceitar uma filha lésbica também me deixava mal. Achei que quando me mudasse pra o dormitório da igreja do colégio as coisas fossem se acertar. Meu avô sempre me ajudou na questão financeira, ele é a única pessoa da família que se importa comigo. – Ela falou e eu assenti com a cabeça. – Acabei conhecendo a Nina. – Ela deu um sorriso. – Ela fodeu com cada parte que restava do meu coração. – Juliet negou com a cabeça e eu segurei em sua mão, fazendo com que olhasse pra mim. – Nessa época, eu já tinha experimentado cigarro e só fumava em festas, uma vez na vida, mas foi aí que me apresentaram a maconha e depois a cocaína, que só experimentei uma vez. – Meu coração gelou nessa hora, como eu nunca percebi isso? – Depois que eu te conheci... – Ela disse sorrindo pra mim. – Eu me esqueci das drogas... Eu só ia pro telhado no início, quando ainda éramos colegas. Eu senti a necessidade de ficar bem pra você, de ficar forte.

— E o que aconteceu ontem? Foi por que eu falei aquilo da Nina? – Ela negou com a cabeça e voltou a olhar pra mim.

— Eu vi a Nina, ela estava com o lábio machucado, como um corte, achei aquilo estranho.

— Você perguntou o que foi?

— Eu me aproximei com certo medo, nós não nos falamos direito desde o colégio, ela mudou de assunto e disse que tinha que ir embora.

— E você sabe o que foi? – Ela deu de ombros e respirou fundo.

— O Brad, namorado dela, sempre foi muito ciumento, uma vez ela apareceu com um roxo no braço, eu perguntei o que tinha sido e ela disse que bateu na quina da porta. – Revirei os olhos com isso e ela deu uma risada irônica. – Pois é... Eu sei que ele faz algo com ela, mas não posso fazer nada, da última vez que eu questionei sobre ele, ela tinha acabado de se separar dele, logo depois sumiu pro internato, aí depois reaparece na universidade e justamente com ele???

The OrphansOnde histórias criam vida. Descubra agora