Let it go.

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— Eu não tenho tempo pra uma social, Ju, eu tenho que descobrir isso do colar. – disse enquanto a Juliet me empurrava pra sala da casa da fraternidade.

— Eu não tô nem aí, você não conseguiu abrir e nem quebrar, agora dá um tempo que a gente vai se divertir. – ela entrelaçou nossos braços e o Sammy brotou na nossa frente.

— Sam. – falei assustada e ele me olhava com preocupação.

— Eu preciso falar com você. – ele olhou pra mim e depois pra Juliet, que respirou fundo e soltou meu braço.

— Te espero lá embaixo. – ela me olhou arqueando as sobrancelhas e eu assenti com a cabeça.

— Vou te poupar de explicar muita coisa, Samuel. Só me diz: O que diabos tem nesse colar? – dei um suspiro fundo e ele abaixou a cabeça.

— Você ainda faz o pedido às três da manhã se acordar com medo? – ele perguntou com um sorriso no rosto e eu franzi o cenho.

— O quê? – perguntei num tom cansado, esperando que ele me falasse do colar, e não de pedidos na madrugada.

— Você não lembra? Você tinha medo desse horário, aí eu disse que seria especial, que se você acordasse às 3h da manhã e sentisse medo, era pra fazer um pedido, como se fosse noite de ano novo. – disse sorrindo, ignorando as minhas perguntas e agindo com naturalidade.

— O que você tá falando, Sam? Sim, eu lembro disso, mas o que tem a ver com a minha pergunta sobre o colar? – ele me olhou sorrindo por um momento, mas logo abaixou a cabeça e seu olhar tornou-se triste.

— Eu não posso. – disse voltando a olhar pra mim.

— Não pode o que? – perguntei me aproximando dele.

— É só um colar, Hailee, não tem nada demais, e...

— Não mente pra mim. – disse olhando em seus olhos e ele pareceu paralisar ao olhar pra mim.

— Eu não posso fazer isso, eu tenho que me afastar, é o melhor...

— Então é isso? – o interrompi. – Sempre que surge alguma dificuldade você se afasta? Que ridículo, Samuel. – aumentei o tom da minha voz e ele pareceu surpreso. – Para de fugir, de se esconder e de se privar de enfrentar as coisas. Dessa vez, por algum motivo, você sabe o que tem nesse colar e não quer me contar, eu te pergunto e você nega, diz que é melhor se afastar. Qual foi o primeiro motivo? Por que você se afastou da primeira vez? Por que eu te empurrei no parque do orfanato? Por que eu dei mais atenção pro Nate? Por que eu chorava todas as noites desejando saber como seria o rosto dos meus pais? – perguntei com a respiração ofegante e me encostei na parede, fechando os olhos e respirando fundo. Um silêncio tranquilizante pairou por uns segundos, mas logo eu escutei a voz dele.

— É só um colar. – ele disse calmamente e eu abri os olhos, vendo a sua expressão preocupada.

— Foi você. – olhei firmemente em seus olhos enquanto sentia meu coração pular do peito, me lembrando da noite em que toquei violão num bar, era ele, eu não estava enganada como achei que estivesse. – Você que me deu o colar. – respirei fundo e pude observar seu rosto, que confirmava o que eu tinha dito. – O que tem aqui, Samuel? – gritei novamente com ele enquanto sentia meu coração apertar.

— Eu não posso fazer isso. – ele disse se encostando na parede e eu fechei os olhos, tentando imaginar por que ele estaria mentindo pra mim e tentando se afastar sempre que tinha uma oportunidade.

— Eu que não posso fazer isso. – respirei fundo e abri meus olhos, que estavam quase marejados.

— Não pode fazer o que? – ele perguntou me olhando confuso.

The OrphansOnde histórias criam vida. Descubra agora