I hate that I love you.

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P.O.V. HAILEE

FLASHBACK ON

07 de março de 2012, Los Angeles.

Eu achei que a minha vida fosse mudar completamente ao ser adotada, e por um lado eu não estava errada, só que mudou pra pior.

No orfanato, eu ainda tinha direito à uma cama e à comida, já na casa desses meus "pais", eu dormia num colchonete mais fino que meu braço. Eu sempre acordava com dor nas costas, saía logo cedo pra trabalhar e depois eu ia pro colégio; consegui acompanhar com facilidade, pois as aulas no orfanato eram muito boas, e depois de um ano e meio, tive que mudar de turno, pois os meus queridos pais queriam que eu trabalhasse à tarde e à noite.

Não vou reclamar tanto, pois foi quando tudo começou a melhorar, eu conheci a Juliet alguns meses depois, ela morava com os pais e não suportava.

Um dia, quando eu ia voltando pra casa, decidi usar o dinheiro que eu estava usando há algum tempo, passei numa loja de brechó e achei um violão dentro do meu orçamento, e o homem ainda deu um desconto para as novas cordas.

Pela primeira vez em anos, eu voltei pra casa feliz, pois não tinha passado o dia em semáforos vendendo jujubas, eu não tinha corrido de homens com intensões ruins, eu simplesmente tinha passado a tarde na biblioteca do colégio pesquisando sobre preços de violão, e finalmente eu tinha comprado um.

Ao abrir a porta de casa, estranhei as luzes não estarem acesas, e o cheiro de cigarro estava distante.

— Molly? Ed? – chamei o nome dos meus "pais", não conseguia chamá-los de "pai" ou "mãe". – Vocês estão aí? – coloquei meu violão encostado na parede e a minha bolsa em cima da mesa da sala. – Oi? – perguntei entrando na cozinha e ligando a luz. Tudo estava revirando e eu estranhei, foi quando eu notei um papel em cima da mesa.

Franzi o cenho e olhei de lado, logo me sentando na cadeira e pegando o papel.

"Hailee, tivemos que ir embora, não conseguíamos mais pagar o aluguel da casa, e o seu trabalho não estava mais rendendo, então, desculpe qualquer coisa, você é uma boa garota, nós que não somos bons pais, você sempre soube que te adotamos para trabalhar pra nós, mas a situação ficou pior. Você vai se virar, eu tenho certeza. Suas roupas estão em uma mala em cima da sua cama, assim como seu travesseiro e lençol, você pode pedir abrigo em alguma igreja ou voltar pro orfanato. Você merece ter uma vida boa, Hailee, sinto muito por não termos proporcionado isso."

Eu estava boquiaberta e com o coração apertado, meus olhos estavam marejados e eu sentia uma dor enorme, e infelizmente não era física.

— Me deixaram... – falei ainda sem acreditar. – Mais uma vez, meus pais me deixaram... – amassei a carta com força e fui correndo pro meu quarto, peguei minha mala e o travesseiro, fui até a sala, coloquei minha bolsa do violão nas costas e carreguei a bolsa do colégio com a outra mão.

Saí de casa sem rumo, andando pela rua escura sem saber o que fazer e pra onde ir. Pensei na Juliet, mas eu mal conhecia a garota, seria estranho pedir abrigo.

Eu passei meses na rua, passando fome e tentando me sustentar com o resto de dinheiro que eu tinha, foi quando eu tive a ideia de voltar a cantar. Comecei a cantar em lugares movimentados de Los Angeles, eu abria a bolsa do meu violão e começava a tocar o que eu tinha aprendido no orfanato, logo fazendo novas melodias ou cantando músicas conhecidas.

Com o tempo, fui arrecadando dinheiro, passei a tocar em bares e fui melhorando, tudo o que eu recebia eu dava pra Juliet guardar, foi quando começamos a nos aproximar de verdade e ela começou a desconfiar.

The OrphansOnde histórias criam vida. Descubra agora