We are friends, aren't we?

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Depois de alguns dias tentando evitar o Sammy (ele adiou o início do trabalho da composição, ainda bem) e ficando mais inspirada para a minha música "You're such a", o Johnson planejou uma festa de despedida de período, algo que me animou por um lado, pois seria uma oportunidade pra eu focar na felicidade de terminar um período, e não no fato de ter perdido o Sammy.

— O Sammy tá querendo falar com você. – a Juliet disse se sentando ao meu lado na cama. Dei de ombros e ela revirou os olhos. – Eu acho que você entendeu errado, Haiz, ele deve ter dito só que a Stassie tinha um namorado e pronto, não necessariamente ele. – ela disse me olhando, enquanto eu continuava escrevendo no meu bloco de músicas. – Eu acho que ele quer voltar, Hailee, ele fica sorrindo pra você, tenta se aproximar...

— Quanto ele te pagou, Juliet? – perguntei semicerrando os olhos e ela franziu o cenho. – Você nunca gostou de verdade do Sammy, sempre falou que ele podia estar me iludindo, e no fundo você tinha razão, ele me iludiu em relação a um sentimento que era tão verdadeiro que acabou desistindo de mim. – suspirei fundo e ela virou o rosto. – Eu não quero mais sofrer. – dei de ombros. – Sou muito nova pra me iludir em relação ao amor e sofrer por causa disso. Porque, sinceramente, isso não é amor pra mim. – disse me encostando na parede e a Ju deitou a cabeça nas minhas pernas.

— O que é amor pra você? Quando você sentiu isso, fora o Sammy? – ela perguntou sorrindo e eu revirei os olhos.

— É sério, Ju? – ela assentiu com a cabeça e eu sorri. – Eu senti amor quando um recém-nascido chegou no orfanato depois de ter sido abandonado na beira de uma estrada e eu me preocupava em ir vê-lo todos os dias, eu me preocupava como uma mãe, irmã, parente de verdade. Ele era tão pequeno, tinha acabado de sair do hospital e estava se recuperando aos poucos. Amor foi o que eu senti quando ele apertou o meu dedo pela primeira vez, foi o que eu senti ao ver o Sammy se despedindo dele. – suspirei. – eu senti a necessidade de proteger e cuidar de um ser tão pequeno, que eu não soube colocar em palavras o que eu sentia, e quando eu fui embora, ele tinha dois anos, ele pronunciou a palavra "mamã" e eu fiquei sem chão. Não era só eu que cuidava dele, e eu tentei não criar nenhum vínculo com ele para não sofrer depois, mas foi praticamente impossível. – fechei os olhos e passei minha mão pelo cabelo da Juliet. – até hoje eu penso nele, penso em visitá-lo, mas as diretoras do orfanato disseram que é melhor não, que ele pode desenvolver um afeto por mim que não vai ser levado a diante.

— Você nunca me contou isso. – ela falou, parecendo surpresa.

— Isso mexe muito comigo, me lembra de uma época tão boa com o Sammy, éramos apenas amigos e cuidávamos desse bebê com tanto amor...

— Ele já foi adotado? – ela perguntou e eu dei de ombros, desanimada.

— Não sei, acho difícil, ele foi encontrado em situações precárias, quase ninguém quer bebês que foram abandonados assim, têm medo dele desenvolver alguma doença...

— Ele hoje tem quantos anos?

— Acho que uns sete anos, ele faz aniversário no dia 1º de junho, já passou. – disse olhando pra um ponto fixo enquanto alisava o cabelo da Ju. Senti meus olhos marejarem, e logo a Juliet deu um pulo da cama, me assustando.

— Não vamos falar mais disso, vamos falar de como a Nina beija bem. – ela disse se sentando ao meu lado, me fazendo sorrir.

— Eu queria saber se a Sophie beija bem... – disse num tom malicioso e a Juliet deu um sorriso à altura do tom usado.

— Só tem uma forma de saber... – ela disse sorrindo, me fazendo revirar os olhos.

— Não, Juliet, eu não quero cagar com a nossa amizade. – disse desanimada.

The OrphansOnde histórias criam vida. Descubra agora