A Juliet estava toda animada com a preparação da festa, os meninos também acharam legal, eles gostavam de apoiar essas causas e eu achava isso lindo. Eu estava animada, a liberação do casamento gay nos Estados Unidos foi um marco importante, era como se a humanidade ainda tivesse salvação, aquilo me dava um pingo de esperança pra uma vida melhor.
Com as preparações e a euforia da Juliet, no sábado à tarde enquanto estávamos discutindo sobre as bebidas, eu tinha me esquecido totalmente de outra coisa importante.
— A segunda parte da iniciação! – Disse me levantando da cama com o lápis da mão.
— E o que é que tem? – Ju disse enquanto continuava anotando umas coisas no papel.
— Juliet! É hoje! – Ela olhou pra mim e colocou o lápis entre os dentes, prestando atenção no que eu tinha pra falar. – Eu não preparei nada! – Disse nervosa e ela revirou os olhos.
— E... – Ela começou a falar e o lápis caiu da sua boca. – Eu devia ter previsto isso... – Ela disse olhando pro papel que agora estava manchado com a tinta do lápis permanente vermelho. – Organizar o que, Haiz? As batalhas musicais que você me falou são surpresa, temos que pensar na hora. – Disse se sentando na cama e me observando andando de um lado pro outro do quarto.
— Vamos batalhar com quem? Não faz sentido. – Disse voltando a me sentar na cama e olhando pra Juliet.
— Você é anta mesmo ou só se faz? – Ela perguntou revirando os olhos e eu não entendi. – As festas da nossa fraternidade são as mais esperadas de toda a universidade, todas as fraternidades virão, é claro que vai ter disputa com as outras pessoas.
— Com a Ashley? – Perguntei e ela franziu o cenho.
— Quem é Ashley? – Ela perguntou se ajeitando na cama.
— A ex oxigenada do Sammy. – Disse revirando os olhos e ela riu pelo nariz, me fazendo rir. – O que foi?
— É que Sammy parece nome de cachorro. – Ela riu mais ainda e eu também.
— Pior que é, um cachorro que eu lamberia todo. – Disse olhando em um ponto fixo e não percebi a cara de safada que eu estava fazendo.
— Hailee! – A Juliet jogou um travesseiro na minha cara, fazendo com que eu caísse pra trás, no chão. Levantei com dificuldade e fiquei de joelhos, jogando o resto do corpo na cama enquanto cessava o riso.
— Eu queria saber o que cantar. – Disse desanimada e ela bateu de novo com o travesseiro na minha cabeça. – O que foi? – Perguntei olhando pra ela estendendo o "foi".
— Dessa vez não foi nada, só queria te bater mesmo. – Deu de ombros e eu voltei a me sentar na cama, mas me levantando com um pouco de dificuldade, pois meu joelho esquerdo era fodido por conta de uma queda. – Por que você não canta aquela... – Ela pareceu pensar e se levantou da cama, logo pegando a escova de cabelo, fazendo-a de microfone. – Scream the words... – Ela falou num tom baixo e eu arregalei os olhos, negando com a cabeça. – I LOVE ME! – Ela gritou e eu me levantei da cama, a fim de fazê-la parar. – Gonna love myself, no I don't need anybody else!
— Juliet! – Corri atrás dela, mas ela pulou por cima da cama e continuou correndo enquanto gritava.
— HEY! Gonna love myself, no I don't need anybody else! – Consegui alcança-la, colocando-a contra a parede, mas ela sorria como se me desafiasse. – I love me! Can't help myself, no I don't need anybody else. – Ela falou baixinho, me fazendo sorrir. Juliet arqueou as sobrancelhas e direcionou a escova pra minha boca.
— Anytime, day or night. – Cantei o restinho e ela sorriu, me abraçando com força.
— Você é muito talentosa. – Ela disse se desfazendo do abraço e apoiando as mãos nos meus ombros. – Só precisa acreditar nisso. – Ju piscou o olho pra mim e eu abaixei a cabeça sorrindo.
— E você? – Perguntei enquanto ela passava por mim, parando de andar e me olhando.
— O que é que tem eu? – Ela disse penteando o cabelo com a escova que antes era seu microfone.
— Deveria cantar Girls Like Girls.
— O que? – Ela perguntou surpresa e eu ri da sua reação.
— Qual é, você acha que eu não escuto você cantarolando no banho? Sua voz fica linda nessa música. – Ela deu de ombros e se virou, voltando a deitar na cama e a escrever no papel.
— Não estamos falando disso, eu não escrevi essa música. – A acompanhei e me deitei ao seu lado, respirando fundo.
— Tem outra música também que é bem legal, é do Ed Sheeran...
— Photograph? Você vai cantar? – Ela perguntou sorrindo enquanto olhava pra mim e eu não pude não rir.
— Não. – Sorri olhando pra ela e respirei fundo. – Nina. – Disse arqueando uma sobrancelha, e com a mão que ela estava apoiando o rosto, levantou o dedo do meio, me fazendo rir. – Mas é sério, essa música dele é linda.
— Você ama todas as músicas dele. – Ela disse revirando os olhos enquanto riscava umas coisas no papel.
— É porque todas são maravilhosas. – Disse dando de ombros.
— Então canta Photograph.
— Pra que? – Dei uma risada enquanto ela olhava pra mim.
— Só pra mim, por favor, eu amo essa música. – Ela pediu com aqueles olhos de cachorrinho e eu sorri, me ajeitando na cama, ficando de frente pra ela, que também se ajeitou.
— Só uma parte, ok? Essa música me toca mais do que deveria. – Disse sem jeito e fechei os olhos.
Sammy P.O.V.:
Era um pouco imaturo de minha parte entrar no quarto silenciosamente e apertar aquela buzina, mas eu amava dar sustos, desde criança eu era expert nisso, e fiquei mais viciado ainda quando o Nate fez xixi nas calças quando o assustei.
Enquanto eu andava pelo corredor com a buzina escondida atrás das costas, tentava pensar na reação da Hailee, na última vez que a dei um susto, ela caiu da cadeira e quebrou um dedo, não foi muito legal.
Cheguei no seu quarto e abri a porta vagarosamente, avistando-a de costas pra porta e a Juliet olhou pra mim, colocando o dedo indicador na frente dos lábios pra que eu fizesse silêncio.
A Hailee respirou fundo e eu tentei entender o que estava acontecendo.
— Oh, you can fit me inside the necklace you got when you were sixteen. – Ela cantou lindamente e senti meu corpo gelar. — Next to your heartbeat where I should be, keep it deep within your soul... – Andei mais um pouco, vagarosamente, fiquei de frente pra ela e pude vê-la melhor enquanto cantava. — And if you hurt me, well, that's ok, baby, only words bleed, inside these pages you just hold me, and I won't ever let you go... – Ela segurou no colar e eu sorri, ainda não acreditava que ela ainda usava. — When I'm away... – Ela respirou fundo e parou por uns segundos. — I will remember how you kissed me... – Ela passou o dedo indicador pelo lábio enquanto sorria, mas pude observar uma lágrima escorrer pelo seu olho e olhei pra Juliet preocupado, que fez sinal pra que eu saísse. Andei vagarosamente até a porta e segurei na maçaneta. — Under the lamppost back on 6th street, hearing you whisper through the phone... – Ela pausou e observei seus ombros se elevarem, indicando que ela estava respirando fundo. – "Wait for me to come home.". – Sorri ao escutar aquilo e fechei a porta vagarosamente, me encostando na parede.
— Essa música foi escrita pra nós dois? – Perguntei olhando pra cima e respirei fundo, olhando pra buzina e rindo baixo. – Não quero quebrar outro dedo. – Falei e olhei pra porta do seu quarto. – Muito menos seu coração.
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The Orphans
Fiksi PenggemarHailee, Sammy e Nate, abandonados em um orfanato quando tinham apenas dois anos de idade. Trágico? E se eles crescessem sem nenhum sinal de um adulto querendo adotá-los? Hailee não teve a mesma sorte de Sammy e Nate, irmãos, que foram adotados aos q...