Depois do primeiro final de semana realmente bom em muito tempo, logo a segunda-feira voltou a chegar, e aquele era provavelmente o momento mais tenso de minha vida: Tudo que eu queria viria apenas de mim, todos os meus sonhos dependiam da minha dedicação naquele momento para se realizarem. Eu era responsável pela minha própria vida e destino.
Eu nunca havia me sentido tão adulta. E isso era assustador.
A questão era que desde muita nova eu sonhava em cursar Biomedicina, mesmo que por alguns meses, no Reino Unido. Era algo que eu me inspirava pela minha mãe e avós, que seguiam o mesmo ramo, no mesmo lugar. E no momento eu precisava provar para os meus superiores que era capaz, e ganhar uma bolsa de estudos para tal universidade. Não era fácil passar por todo esse teste moral, eu tinha que mostrar-me e ser boa o suficiente, e toda essa pressão destruía-me diariamente.
Endireitei-me naquela desconfortável mesa universitária tentando voltar a concentração na aula, era a matéria da qual eu não havia entendido bem, e minha total compreensão era essencial. Os testes do final do semestre estavam próximos, e eu dependia de bons resultados. O sol do final da tarde coloria de amarelo as paredes brancas da sala, e fazia daquele ambiente algo um pouco mais acolhedor. Olhei para a porta, e a diretora da ala internacional da universidade estava observando a sala, fingi não vê-la e anotei qualquer coisa em meu caderno para parecer muito aplicada a aula.
"Passam horas, dias, meses, e nada mudou. Minha vida será o que eu fizer dela. Mas só consigo temer o que hei de trazer a mim"
Acabei vendo a tal senhora encarar-me, o que fez minhas mãos suarem frio. Não pude evitar de imaginar o que ela pensava sobre mim, e se ao menos cogitava me dar uma chance. Ao menos, acho que nunca dei razão para uma má impressão. Só o que me restava era esperar o final do semestre, e se tudo desse certo, eu seria convocada, e em mais alguns meses estaria fazendo as malas e fugindo daquele lugar.
Passei pela porta do apartamento frio e escuro lançando minha bolsa para qualquer lado. Cumprimentei meu peixe e meu único companheiro de quarto nos últimos dias, Paulo, dei-lhe ração e fiz meu trajeto direito para o banho, e, em seguida, para a cama. Pensei em como naquele momento eu queria ser chamada para mais um encontro com amigos no bar, por mais que eu odiasse álcool, ele era a única coisa que me faria socializar e ser um pouco menos rabugenta. Lamentei ser uma segunda e fui tentar distrair-me na internet.
Abri o Facebook e me deparei com diversas solicitações de amizade de todos que conheci no bar. Eu não me lembrava de ter lhes passado meu perfil, mas aceitei todos, inclusive do estranho e quase calado Samuel. Ele parecia quase nunca entrar na sua conta, aparentemente só aparecia ali a cada 6 meses para adicionar alguém aos amigos.
Sem que eu percebesse, simplesmente dormi. Com o notebook em meu colo, alguma musica tocando alto nos fones e um enorme medo do futuro rodeando meus pensamentos.

YOU ARE READING
Samantha
RomanceSamantha não acredita em paixões incondicionais, amor a primeira vista ou almas gêmeas. Desde que foi obrigada a enfrentar velhos sentimentos e viver novas experiências sozinha, a última coisa que a machucava era a solidão. Seu foco e suas certezas...