Capítulo 3- A Ansiedade Em Todas As Suas Formas

48 7 8
                                    


Assustei-me ao perceber que o fim da tarde se aproximava, e junto dele, o nosso "encontro". Não tive paciência alguma para arrumar-me, encher o rosto de maquiagem ou buscar no guarda-roupas as melhores peças para a noite, simplesmente vesti uma jaqueta e saí.

O plano era encontrar-me com o Diego  no shopping, eu realmente queria estar um pouco a sós com ele, como melhores amigos, fazia tempo que não conversávamos a sério. Cheguei antes do horário marcado para poder ver algumas coisas, que certamente não iria fazer depois, ainda mais com uma companhia masculina. Uma chuva forte pouco antes da hora em que havíamos combinado de nos encontrar me surpreendeu, como eu o conhecia, sabia que ele não gostava de sair com aquele tipo de tempestade. Fiquei desapontada ao concluir que não ia só ter de passar aquela noite sozinha, como teria de ficar presa naquele lugar até que a chuva diminuísse. 

A porta automática de entrada do lugar se abriu e vi quem eu mais almejava ver naquele noite. Completamente encharcado, ele correu pela entrada enquanto ria, fazendo-me rir junto a ele, no entanto meu sorriso logo foi embora quando vi o Samuel  vindo atrás. 

Permiti-me sentir algum ciúme e fui cumprimenta-los.

-O que houve? Pelo jeito a chuva os pegou de jeito!- ri alto ao ver o estado de suas roupas. Um ar frio que passou pela porta fez-me tremer.

-A chuva quis nos ferrar, só pode!- Diego disse ofegante, e passando a mão pelos cabelos fez espirrar água em mim. – Começou bem quando saímos e trancamos o carro, não teve jeito a não ser correr!

-Oi, Sam!- O amigo veio em minha direção depois de tirar sua jaqueta molhada e deu-me um beijo no rosto, afastei-me rapidamente me perguntando se ele agia com todos assim. Aparentemente sim, sua indiferença no gesto aliviou-me um pouco. Eu estava incrivelmente incomodada com a sua presença.

-Olá!- Dessa vez Diego veio abraçar-me, mas de uma forma que me deixou sem folego, eu sentia imensa saudades dele.  –Já descobriu a cura do câncer hoje?- Ele brincou

-Ainda não, mal tive tempo, estive reconstruindo alguns DNA's humanos!- Dei de ombros, entrando na brincadeira.

O Samuel nos olhava como se fossemos loucos.

-Ela faz faculdade de Biomedicina, minha futura cientista maluca!- O outro logo tratou de explicar, mesmo com termos falhos, entre uma tentativa falha de bagunçar meu cabelo.

Andamos por algumas lojas conversando animadamente, o lugar estava vazio e havia um aroma de baunilha no ambiente que me agradava. Fiquei ainda mais próxima do Diego quase que sem perceber, e ele parecia gostar, era capaz das pessoas ali acharem que éramos namorados.

Antes que eu criasse uma bagunça em minha cabeça, tive que organizar esses fatos: Eu não o amava, não daquela forma. Ele era o meu amigo, mas eu havia mudado de ideia em relação aos velhos hábitos. Que mal tinha? Afinal, eu não manteria nenhum tipo de relacionamento sério com ele, aquilo era só uma brincadeirinha para ocupar um pouco a mente com algo bom. Claro, desde que não saísse do meu controle e virasse algo pior.

Subitamente, enquanto estávamos dentro de uma loja de produtos variados, as luzes se apagaram, e ativaram-se as lâmpadas de emergência. Droga, eu não costumava odiar chuva, mas aquilo era o suficiente para me enfezar. Bastaram 5 minutos sem ar condicionado para que eu entrasse em desespero, e os dois a minha frente notaram.

-Sam... Está tudo bem? Nem está tão escuro para teres medo!- Diego falou com a mão nas minhas costas, como se eu fosse uma garotinha de 5 anos.

A angústia que a claustrofobia causava em mim fez com que eu respondesse da forma mais grosseira que pude. Ele encarou-me como se estivesse ofendido, não sabia se era sério ou de brincadeira, mas preferi não abusar da sorte e causar um briga.

SamanthaWhere stories live. Discover now