Um Rio

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   Fiquei alguns minutos olhando para o fogo, e Ana me abraçava forte. Só então voltei à realidade.

- Eu não me importo em me machucar aqui... - Falei. - Mas tenho medo de que algo machuque você...

- Eu vou ficar bem... não precisa se preocupar. Nós vamos sair daqui a salvo! Você que disse isso! - Ana disse, tentando me animar.

- Nós vamos... - Falei.

- Agora tenta descansar um pouco, pelo que você disse, hoje vamos atravessar o rio. - Ana disse.

- É melhor... vou tentar dormir... - Falei. - Boa noite.

   Quando amanheceu, notei o estrago. Puxei o facão do corpo do grande lobo que havia nos atacado na noite anterior.

   Limpei o sangue da lâmina com um pedaço da manga que tínhamos cortado para fazer a sacola das maçãs, e pendurei o pano na árvore. Se alguém estivesse nos procurando, saberia que passamos por ali.

- Então vamos lá. - Falei, checando a bússola e apontando para o Oeste. Ana foi na frente, pois as árvores estavam ficando menos espaçadas.

- Já te disse que você tem uma bundinha muito sexy? - Perguntei, rindo.

- Eu sei, querido... - Respondeu calmamente, e riu.

   Estava com fome, então comi uma maçã. Ainda restava uma para a noite, pensei.

   Já estava no meio da tarde quando começamos a ouvir o som da água. Estávamos nos aproximando do rio.
- A correnteza é bem fraca, parece uma lagoa... - Falei ao ver a corrente.

- Vem aqui! - Ana disse, largando as coisas na beira da água e se jogando no rio.

   Larguei as coisas junto com as de Ana, e a segui para dentro das calmas águas. Não era fundo, a água chegava ao pescoço na parte mais funda.

   Ela colocou as mãos no meu pescoço, pulou e passou as pernas pela minha cintura e ficou no meu colo. Segurei a ruiva pelas coxas e a beijei.

- Não desiste, por mim... - Ela pediu.

- Faço qualquer coisa por você. Eu não vou desistir. - Respondi. - Mas agora é hora de pescar, essas maçãs não vão durar pra sempre...

- Ah, fica comigo mais um pouco. - Ela pediu.

   Ficamos ali por vários minutos, nos beijando e aproveitando um momento de paz. Depois saímos da água, sentei na beira da água e joguei a isca. Ana sentou ao meu lado.

- Acho melhor levarmos nossas coisas para o outro lado, e passamos a noite sob aquela árvore grande lá... - Ana falou, apontando para um grande pinheiro.

- Concordo... pode cuidar da enquanto eu levo as coisas? - Perguntei.

- Claro! - Ela disse, passando a mão perto da minha coxa, depois me encarou e riu.

   Ana ficou cuidando da pesca enquanto eu levei as coisas para o outro lado. Tive que ir e voltar umas três vezes, para garantir que nada se molharia no caminho.

- Acho que peguei algo! - Ana gritou, puxando a vara do rio enquanto eu chegava do outro lado da leve correnteza. Quando voltei, vi que Ana tinha pescado um peixe suficientemente grande para nós.

- Bom trabalho, garota! - Falei, e logo fui limpar o recém pescado.

   Coloquei tudo no lugar e espetei o peixe. Só faltava acender o fogo, mas isso só seria feito ao anoitecer.

   Olhei em direção ao rio, e vi que Ana estava sentada perto da água. Fui até ela e sentei ao seu lado.

- A vista é tão linda daqui... - A ruiva me disse, com os olhos brilhando.

   Estávamos em cima de uma grande pedra plana, então nos deitamos e ficamos olhando para o céu por alguns minutos. Ana se virou e deitou em meu peito.

- Precisamos mesmo sair daqui? Perguntei rindo. Peguei em sua cintura e a beijei.

   Notei que estava escurecendo, não queria sair dali, mas estávamos com fome, então fomos assar o peixe.

- Estamos comendo carne graças a você, obrigado... - Falei.

- Você sabe como pode agradecer, não sabe? - Ana respondeu, com segundas intenções.

- Sei sim, minha ruiva. - Falei. - Mais tarde acertamos nossas contas...

   Sim, eu agradeci da maneira que ela imaginava, e não foi nenhum sacrifício fazer o que fiz, na verdade, eu gostava. Ana se ofereceu para ficar com o primeiro turno da vigia, aceitei, e fiquei com o segundo.

Apenas uma ViagemOnde histórias criam vida. Descubra agora