- Eu te amo! - Gritei, segurando a mão de Ana.
O carro se desestabilizou e acabou capotando várias vezes, e isso fez com que eu acabasse ficando desacordado. Já tínhamos entrado na cidade, haviam muitas testemunhas, então o último jipe foi embora, nos deixando sob o carro completamente destruído.
Alguns dias depois, acordei sozinho em um pequeno quarto de hospital, sob um fino lençol branco. Uma enfermeira estava entrando no quarto, e ao notar que eu estava acordado, me deu um sorriso e saiu em direção ao corredor.
- O que aconteceu? - Perguntei em voz alta para mim mesmo, sozinho no recinto. - Onde está Ana?
Alguns minutos depois, um homem alto, de terno e cabelos brancos entrou na sala.
- Bom dia, Pedro... - Disse ele, se aproximando e apertando minha mão. - Você não deve me conhecer, mas eu sou o embaixador do Brasil aqui na Alemanha.
- Nós... estávamos indo até a embaixada. - Contei ao senhor. - Tivemos muitos problemas e perdemos nossos documentos...
- Bom, teremos tempo para esclarecer todos os assuntos referentes a você. - Disse o embaixador.
- Mas... onde está Ana? - Perguntei a ele, fazendo com que seus olhos ficassem com uma expressão melancólica.
- Pedro, você ficou desacordado por duas semanas, e... - Falava ele, quando o interrompi.
- Onde está a minha esposa? - Perguntei, com um tom mais agressivo do que antes.
- Ana se foi... - O senhor disse, como se tirasse um peso de suas costas. - Ela não aguentou os ferimentos, e acabou falecendo antes de chegar aqui...
- Isso não pode ser verdade... - O mundo parou de girar para mim, fiz de tudo para salvar uma única pessoa, mas não consegui cumprir meu papel.
Lágrimas encheram meus olhos, e nada mais fazia sentido. Ela esteve comigo nos piores momentos, e agora que estávamos a salvo, não estava mais ao meu lado.
- Quando vou poder sair daqui? - Perguntei, desolado. - Quero ao menos poder enterrar o corpo de minha esposa...
- Você teve costelas fraturadas, um dos tiros acertou seu rim, colocaram pinos no seu joelho, grande parte da pele de seus braços e rosto foi cortada por cacos de vidro, além de ter ficado em coma por duas semanas... - Explicou o senhor. - Você vai ter que passar algumas semanas aqui, até que esteja bem o suficiente para voltar ao Brasil. E por enquanto, vamos poder pegar seu depoimento sobre as ocorrências do último mês...
- Você tem um telefone para me emprestar? - Perguntei. - Preciso falar com a minha mãe, ela deve estar desesperada depois de mais de um mês sem notícias.
- Sua mãe já foi comunicada de tudo que ocorreu. - Respondeu ele. - Mas você pode usar o meu celular para falar com ela, se isso te deixa melhor...
O embaixador me emprestou seu telefone, então disquei o número de minha mãe e finalmente, depois de tanto tempo, consegui falar com ela.
- Meu filho! - Gritou ela. - Graças a Deus, você está acordado!
- Mãe, não se preocupe... eu estou bem agora, e logo estarei aí com a senhora. - Falei, me contendo para não acabar chorando. - Eu posso explicar tudo quando chegar em casa...
- Tudo bem meu filho... - Disse ela, com a mesma calma de sempre. - Tenha cuidado, eu amo você...
- Eu também te amo, mãe... - Falei, encerrando a ligação.
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Apenas uma Viagem
AdventureO que acontece quando tudo que poderia dar errado, dá errado? O que acontece quando uma simples viagem de férias acaba virando uma luta pela sobrevivência?