Uma Nova Ameaça

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   Eram quase 5 da manhã, quando escuto Ana me chamando.

- Ouvi tiros! - Ela disse, quase gritando. - Pode ter alguém caçando aqui perto!

- Ou pode ser a pessoa que esfaqueou a velhinha! - Falei, o mais baixo possível - Vale a pena mesmo correr esse risco? 

   Ana me olhou como se eu fosse um ratinho medroso, apontando para o machado.

- Pegue aquilo, e vamos ver se encontramos alguém na estrada. - Disse ela - E se estiver com medinho, vou sozinha! 

   Realmente, Ana era mais corajosa que eu... E mais corajosa que a maioria das pessoas que eu conhecia! Por isso, acabei cedendo e fomos juntos até a estrada.

  A lua iluminava a noite, e podíamos distinguir ao menos a silhueta das árvores. No meio do caminho, ouvimos mais um tiro, o que nos assustou.

- Quem quer que esteja atirando, está perto. - Falei.

   Andamos até a estrada, olhamos para os dois lados e não vimos nada.

- Ele deve estar dentro da floresta... - Ana falou.

- Ou não... - Eu disse, ao sentir o cano da arma no meu pescoço. - Ana...

   Ana olhou para trás, e viu uma moça alta, de cabelos pretos e curtos, com um revólver na mão, apontando para a minha nuca.

- Gestoppt - Disse a mulher - oder stirbt.

- Speak english? - falei, tentando argumentar.

- Silent - a moça disse, e eu entendi o recado.

   Ela me empurrou, acho que queria que andasse. Quando fez isso, me abaixei. Ana devia estar esperando uma chance, pois quando o fiz, acertou o braço da mulher com o cabo do machado, que derrubou a arma, então saímos correndo.

   Enquanto corríamos, ouvíamos balas acertando as árvores, até que vimos um precipício com um rio no fundo. não tivemos escolha, além de pular. Quando caímos na água, a moça que estava atirando parou na borda e atirou mais duas vezes.

   Um dos tiros acertou meu braço. A mulher atirou mais duas vezes, procurou algo nos bolsos, não achou, então desistiu e foi embora.

- Meu braço está sangrando, vamos até a margem. - Falei.

- Quem era ela? - Perguntei, enquanto Ana rasgava uma parte da minha camisa, e amarrava no ferimento. 

- Não faço ideia. - Ela respondeu - Mas logo vai amanhecer, e como não conseguiríamos escalar aquela borda, é melhor continuar pelo outro lado. 

   Chequei todos os bolsos, e encontrei um isqueiro molhado, um canivete e duas moedas de um real. O resto tinha ficado na cabana. 

- Vamos seguir o rio, com sorte achamos uma estrada ou coisa parecida. - Sugeri. 

- Esse canivete tem uma bússola, não tem? - Ana perguntou.

- Sim, e pelo GPS, vi que a estrada seguia na direção Sudeste - Noroeste, e viemos na direção sul, então a estrada deve passar em alguma parte ao nosso leste, ou seja, na direção da corrente desse rio. - Deduzi.

- Nem à beira da morte, você deixa de ser tão nerd - Ana disse.

- E você não para de fazer piadinhas nem sob tortura - Respondi, quase rindo.

- Então, seguimos o rio. - Ela me disse.



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