Um Sofrimento

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   Fechei os olhos quando a lâmina começou a descer. Senti uma dor enorme invadir meu corpo, mas ela tinha apenas acertado meu indicador com o lado contrário à lâmina, quase que fazendo meu dedo quebrar. 

- Chega... - Implorei. - Só deixe nós irmos embora...

- Vocês só vão sair daqui em sacos pretos, diretamente para uma cova rasa na floresta... - Disse ela, tirando a venda dos olhos. - Quer sair logo mesmo?

   Teresa passou a lateral do cutelo por seus seios, sobre o vestido, e mordeu o lábio. Apesar de ser uma psicopata, viciada em gastar e todos os outros adjetivos negativos possíveis, tinha um corpo impressionante.

- Sabe... - Disse ela. - Acho que você está merecendo uma coisinha...

- Se for continuar vivo, eu aceito... - Disse eu. - Mas se for alguma outra coisa, vou recusar...

   Teresa abriu a maleta que estava no chão e tirou uma pequena adaga. Ela levantou a pequena faca e a beijou, sem explicação alguma, então golpeou violentamente a mesa, errando meu dedo médio por poucos centímetros.

- Não se assuste... - Disse ela. 

   A loira se abaixou e analisou a valise, pegando a machadinha e repentinamente atingindo o meio de uma das falanges de meu polegar esquerdo, dividindo o osso em duas partes. Soltei um grito grave, sangrava muito, mas não podia fazer nada. 

- Nossa... - Disse ela, alegremente. - Isso deve doer...

- Vadia! - Gritei. - Dói muito!

   Teresa ria muito, enquanto ia novamente em direção à cômoda, pegando uma pequena maleta branca. Ela voltou até mim e colocou a pequena caixa de metal sobre a mesa.

- Não se preocupe... - Disse ela, abrindo a maleta. - Eu resolvo isso.

   A maleta continha materiais de primeiros-socorros, então a loira pegou um pequeno recipiente rotulado como "Ethylalkohol". Torci para minha intuição estar errada e não ser álcool, mas estava certa. 

- Não vai doer... - Ela disse calmamente, derramando álcool em meu dedo decepado, me fazendo sentir um ardor insuportável. - Tudo bem, pode ser que doa um pouco...

   Achei que não poderia piorar, mas com certeza poderia. Meu dedo sangrava sem parar, mas ao menos o fluxo diminuíra um pouco, já que as amarras impediam que minha circulação fosse normal.

   Ela pegou o revólver novamente, apontou entre meus olhos e soltou as amarras de minhas mãos. 

- Mãos pra trás... - Disse ela, mas como não respondi, me deu um tapa no rosto. - Você não vai sair daqui, apenas me obedeça... não torne as coisas mais difíceis do que precisam ser...

   Lentamente, pus meu braço esquerdo para trás, sentindo o sangue escorrer pelo dedo lacerado. A loira se acalmou, e aproveitando o momento de distração, movi minha cabeça para longe da mira e dei um tapa na arma, a jogando para longe. 

   Peguei nos cabelos de teresa e a puxei, derrubando por cima de mim. Ela deu uma cotovelada forte em meu ombro esquerdo, e como ele estava para trás, a dor foi insuportável.

   A loira tentou dar mais uma cotovelada, mas acabou acertando a parte de trás da cadeira. Envolvi meu braço em seu pescoço e apertei o máximo que pude, até que ela parasse de se debater e caísse desacordada.

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