Uma Fuga

38 4 15
                                    

   Teresa estava desmaiada e eu não tinha as chaves, e nem sabia onde elas estavam.

- Ana, espere um pouco... - Falei, tentando a acalmar. - Logo resolverei isso. 

   Olhei para o chão e vi que a machadinha tinha caído, então empurrei a mesa para longe e estiquei meu braço para alcançá-la. Peguei o pequeno machado e golpeei a parte central das algemas que seguravam minhas pernas, me libertando. 

   Fui até a ruiva e tirei a mordaça de sua boca, a fazendo respirar aliviada.

- Não quer aproveitar a oportunidade e... - Disse ela, com segundas intenções. 

- Infelizmente, não é o momento certo. - Respondi. - Precisamos sair logo dessa casa, dessa cidade, desse país!

- Tudo bem... - Ela respondeu. - Concordo com você, estamos em perigo aqui.

   Quebrei as algemas que prendiam a ruiva à cama, mas acabei caindo por cima dela.

- Vai com calma... - Falou ela. 

- Bom, agora que você está livre, eu queria dizer uma coisa... - Falei, apreensivo.

- Pois diga, então... - Respondeu.

- Você vai me pagar muito caro por hoje. - Disse, a beijando. - Aliás, acho melhor eu fazer alguma coisa, meu dedo voltou a sangrar...

- E eu vou me vestir... - Disse ela. - Ou prefere que eu fique assim?

- Nessa situação... - Respondi. - Vestida é melhor.

   Fui até a mesa e abri novamente a maleta de primeiros-socorros. Improvisei um curativo para meu dedo decepado e pus uma luva cirúrgica por cima, caso houvessem problemas no caminho.

   Corri os olhos pelo quarto em busca do revólver, e acabei o achando perto da cama. Coloquei ele e mais duas das facas na cintura. 

- Vamos agora, mas é melhor sair rápido daqui. - Disse eu. - Contando com todo esse envolvimento criminal da sua prima, logo estaremos em perigo.

- Ela deve ficar algum tempo desacordada, mas é melhor irmos rápido mesmo. - Comentou ela.

   Achei a chave da porta jogada no chão, então saímos rapidamente e fizemos o caminho contrário do que viemos, mas sem passar pela sala onde a velha estava algumas horas antes. Encontramos o mordomo andando por um dos corredores, mas passamos rápido e ele não fez nenhuma objeção.

   Quando saímos pela porta, vimos nosso carro do outro lado da rua, então corremos até ele. Entramos e eu dei a partida no veículo, acelerando para longe da casa.

- Vamos para onde? - Perguntei. - Não temos documentos e só um pouco de dinheiro...

- Podemos tentar ir até Berlim, encontrar a embaixada brasileira... - Sugeri. - Não faço ideia...

- É o caminho mais fácil... - Respondeu ela. - O GPS vai ajudar...

- Mas sem passar pela floresta, por favor... - Falei.

- Segundo ele, demoraria muito mais... - Disse a ruiva, mexendo na pequena tela do aparelho. - Vamos por lá mesmo, ao menos não está chovendo...

- Porque o problema todo foi a chuva, não é? - Ironizei.

- Prefere ser pego e torturado novamente por aquela psicopata? - Disse Ana, racionalmente.

- Bom... espero que você esteja certa. - Falei, desacelerando o carro e fazendo o retorno, como mandava o GPS. - Mas quando não está, não é mesmo?

   Já anoitecia, então continuamos indo pela floresta durante a noite. As memórias eram péssimas, e tudo me fazia lembrar daqueles dias em que passamos perdidos, mas isso não aconteceria de novo.

Apenas uma ViagemOnde histórias criam vida. Descubra agora