Capítulo Treze

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Depois de passar pelo que pareceram horas intermináveis (do nível "Jason saindo e voltando pelo menos quatro vezes para saber se já tinha acabado a tortura") vestindo e tirando peças e mais peças, procurando um carigian que ficasse incrível em mim, nada pareceu bom. Nas opiniões de Valerie e Helena, louca o bastante para aguentar aquilo por vontade própria, ou eu estava parecendo uma anciã, ou a cor me apagava, ou estava largo demais, ou apertado demais. E ainda tinha pelo menos mais dez deles para experimentar... Definitivamente, eu odiava o meu aniversário.

Enquanto eu me despia ao que parecia ser pela centésima vez, minha consorte se aproximou com uma peça marfim de fita verde. Helena disse algo sobre aquele ser maravilhoso, mas eu ignorei, à espera de mais uma decepção. Valerie passou as mangas pelos meus braços e a amarra pela minha cintura três vezes antes de fechar em um laço. Uma parte estava feita. Só faltava a saia e fita na cintura. Levantei os braços enquanto ela passava a saia volumosa pela cabeça, que agarrou na hora de descer pelos meus seios ― isso era um bom sinal. Pelo som de aprovação que ecoou atrás de mim, até então, estava tudo bem; o problema era a fita, que poderia destruir toda a composição. Quando a ruiva começou a circulá-la pela minha cintura e moldá-la, eu já estava querendo arrancar todas as peças e sair dali só com as handark a me cobrir.

Pelo menos ela não tomou muito tempo.

― Pronto ― disse, logo que deu um leve tapa no tecido para ajustá-lo. Mas ela só pareceu ter realmente notado o resultado quando me encarou de cima abaixo. ― Uau.

― É. Uau mesmo. Ficou lindo, Kate.

Observei o reflexo no espelho enorme que havia no quarto de costura do palácio: elas estavam certas, aquilo era definitivamente um "uau". Com um pequeno rodopio, vi os detalhes encrustados em laranja na barra da saia, todavia, ainda faltava algo.

― Ele tem uma sana? ― encarei meus pés descalços e Valerie assentiu, tirando o par de sapatilhas de uma caixa enumerada com um "23". Colocou-o no chão e eu calcei, pensando que em termos de conforto, as sanai haviam melhorado muito. ― Acho que acabou a busca. Finalmente.

Helena sorriu, concordando.

― Se você não tiver nada pra fazer hoje, eu queria aproveitar pra te dar o seu hanir porque acho que amanhã não vai dar tempo ― ela falou, já de pé e braços semi-cruzados.

Aceitei, enquanto Valerie me ajudava a tirar o carigian do corpo.

Minha consorte separou o que eu vestiria e se retirou, no entanto, quando fui começar a colocar minhas roupas comuns, a futura sacerdotisa me parou. Seu sorriso parecia o de uma criança prestes a fazer besteira...

― No lugar que vamos você não vai precisar disso.

― Você espera que eu ande só de handark por aí? ― perguntei; a incredulidade corria pelas minhas veias.

― Não se preocupe, Kate, você não estará sozinha nessa empreitada ― e piscou um dos olhos para mim. Isso antes de soltar o laço que prendia seu vestido e ficar tal como eu.

As handark em sua pele misturavam o tom violáceo da mãe, com o amarelo escuro do pai, dançando em espirais pelo torso, ombros e outras partes. Não poderia negar que era uma visão bonita e que eu não via a muito tempo, desde o início do ciclo; era estranho e engraçado o quão incríveis as handark poderiam ser.

Assim, sem dizer uma palavra então, ela me arrastou pelo braço até o lado de fora do palácio, onde seus dois consortes lhe esperavam. Helena se afastou para dizer algo a eles e voltou até mim, segurando um embrulho nas mãos, que eu não presumi que fosse meu hanir, apenas parte dele. Sua animação parecia escapar pelos poros, mal podia contê-la e eu poderia admitir que me contagiou um pouco também.

Sacerdotisa de Landar - Livro Um (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora