Recordando o Passado

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Eu nunca soube a verdade...
A minha vida se baseia em mentiras, segredos e mistérios que talvez eu nunca resolva, mesmo que isso seja algo importante, eu já não ligo mais, meu foco agora é fazer o que faço de melhor e não há nada suficiente que me tire disso, é o que sou, é o que sei fazer e sempre farei. Não é questão de vontades, é o destino pregando peças.

Acordei na manhã de sábado, 16 de Janeiro, com a luz do sol batendo em meu rosto refletida pela janela do hotel, era um dia de descanso, mas eu não o teria. Levantei como sempre, não era ânimo e nem preguiça, eu apenas precisava fazer e quanto antes, melhor. Fiz minhas higienes matinais e saí indo até uma lanchonete no fim da rua, como meu terninho preto era a hora de trabalhar. Me sentei no balcão ao lado de uma mesa onde um grupo de jovens cercavam uma garota em prantos, ela lamentava a perda dos pais, que aliás, eram os números 5 e 6 á morrer na semana no Oregon. Algo sem dúvidas que eu iria investigar. Peguei meu descafeinado sem açúcar e me aproximei chamando o nome da garota.

—Jhenethi Rileveer? —tentei passar confiança, era um estado de choque e ela poderia muito bem se desesperar e não conseguir me passar as informações que precisava.

—Sim, sou eu. —ela me olhou entre soluços e limpado as lágrimas que escorriam pela rosto abaixo.

Senti um aperto tão grande no peito quando lembrei como era estar no lugar dela.

—Sou Brooke Kaway, estou na cidade para investigar o que houve com seu pai e as outras famílias. —fui direto ao assunto, sabia bem a dor que ela sentia e me sentia constrangida em relação à isso.
—Podem nos deixar a sós? —assentiu ela e pediu licença aos amigos que compreenderam e nos deixaram sozinhas.
—Então, eu soube que foi a última à vê-los. O que pode me dizer em respeito?
Ela não tremeu e nem pensou de mais, simplesmente falou, como se fosse realmente simples.
—Eu estava em casa vendo filme com uma amiga no meu quarto e eles estavam na sala, de repente ouvi barulhos estranhos... Coisas começaram à serem quebradas e gritos ecoou pela casa, corremos para o andar de baixo e quando eu cheguei... Eles... Eles estavam mortos no meu sofá, de mãos dadas e ensanguentados. —explicou, seu rosto ficou todo vermelho e os olhos se encheram de lágrimas novamente.
Era um álibi perfeito, mas mesmo assim havia um erro e eu precisava descobrir onde exatamente ele estava.
—Entendo. E o que fez? 

Perguntei friamente, eu precisava ou não conseguiria passar por aquilo, mas faz parte da interrogação e todas ás vezes, eu tive que ser forte.

—O que faria se fosse você? —ríspida ela me olhou nos olhos, eu podia ver a raiva flutuando de um lado para o outro, como se a culpa fosse minha.

Mas não foi isso que me chamou a atenção, o que ela me perguntou trouxe lembranças, lembranças que nunca deveriam vir á tona novamente.

<<<<<<<<FLASHBACK>>>>>>>>
17 de Janeiro de 2006
Eu estava no quarto quando ouvi barulhos na sala, um estrondo gigante que me fez arrepiar, então ouvi gritos vindo do quarto dos meus pais, corri para lá esperando encontrar proteção, o medo que sentia naquele momento não era mais forte que minha vontade de correr até meus pais, precisava saber o que estava acontecendo e quando cheguei, vi o que nenhuma filha deseja ver na vida. Ellie e Stive estavam deitados sobre a cama, pareciam perfeitamente bem como se fosse apenas sono, muito sono. Em desespero corri pulando sobre ambos e me assustei com o que me deparei. Os olhos deles, ou onde deveriam ser os olhos, estavam queimados e só havia um vazio imenso. O que seria capaz de fazer aquilo? Nada natural faria, desde então me dediquei à descobrir o que fez aquilo e me vingar. Passei dois anos de luto, eu só chorava o tempo todo, comecei à morar com minha única tia que era da mesma cidade, ela era tudo que havia me restado e se preocupava comigo, mas não durou por muito tempo e o mesmo episódio voltou à se repetir, parece que era uma maldição determinada à me seguir. Quando isso aconteceu, eu já tinha 16 anos e era legalmente possível que me cuidasse sozinha, eu já tinha me acostumado com a dor do luto então quando tia Helen se foi, continuei na mesma. Passei seis meses sem se quer sair de casa, eu não tinha amigos e nem ninguém pra conversar, era uma cadeia de depressão em que eu mesma tinha as chaves, mas não queria sair de lá. Até que um dia finalmente determinei que iria me vingar por eles. Por todos eles.

A Filha De •John Winchester•Onde histórias criam vida. Descubra agora