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Juliana sentiu, com surpresa, os lábios do amigo nos seus.

Seu coração batia ainda mais forte, e ela segurou o rosto de Vinicius com a intenção de que o beijo não terminasse, mas ele se afastou assim que ouviu a porta do quarto bater.

- Você viu a cara do meu pai?! - ele perguntou animado, mas parou quando viu a expressão retraída da amiga. - Ju... Me desculpe por isso. - ele começou, mas ela o interrompeu com um selinho inesperado.

- Eu adorei! - ela sentiu suas bochechas queimarem. Você beija muito bem para um amigo.

Vinicius notou que ela parecia nervosa e tímida como nunca antes.

- Beijo bem pra um amigo? - ele riu.

Vinicius não sabia explicar, mas se sentia super normal.

Beijar a amiga na boca tinha sido como um beijo na bochecha, fraterno e confortável.

Já para ela, tinha sido a coisa mais incrível que viveu nos últimos anos.

Juliana o amava e queria que esse fosse só o primeiro de muitos.

- Não me importaria de te beijar sempre... - ela disse com dificuldade e ele a olhou intrigado.

- Sempre?!

- É... Mas eu preciso ir agora. - ela levantou sem o encarar.

- Tudo bem, nos vemos amanhã. - ele a abraçou apertado. - Amo você.

Juliana tentava resistir durante o abraço o impulso de beija-lo novamente, mas foi vencida. Vinicius aceitou seu beijo, e quando se afastaram de novo ela sorriu confiante.

- Até amanhã. Se eu pudesse passava a noite aqui cuidando de você... Até porque depois do que aconteceu as chances de eu conseguir dormir são quase nulas... - ela falava rápido e Vinicius tentava a acompanhar. - Eu te amo.

Ele viu com receio quando ela cobriu o rosto com as mãos, envergonhada, e pela primeira vez percebeu que existiam divergências na maneira de amar dos dois.

Juliana deixou seu quarto saltitante e com um sorriso bobo no rosto.

Enquanto pensava preocupado sobre os sentimentos da amiga, seu pai entrou em seu quarto.

- E aí, filhão? Só pegando a gordinha né? Também sempre gostei de uma mulher com pernocas... Ela é gostosa!

Vinicius tentou não responder com repudio ao palavreado chulo do pai.

- Ela é uma mulher extremamente linda, não um pedaço de carne.

Jonas sentou ao lado do filho na ponta da cama.

- Calma garoto! - ele disse animado. - Não estou ofendendo sua garota não... Ela é gata! Mas me diz, como foi meter? Gostou? Fez ela gritar?

- Meter? Ai meu Deus, não! - Vinicius respondeu horrorizado, e notando a irritação repentina do pai completou. - Mas logo vai rolar, só não quero força-lá. - ele tossiu nervoso.

- Hm sei... Mas anda logo com isso! Mulher gosta de cabra macho!

O filho assentiu e ele deixou o quarto satisfeito.

De volta aos seus pensamentos Vinicius se via em um beco sem saída.

Investir em Juliana poderia ser a cura de seu desejo por um outro homem, além de o permitir a oportunidade de causar alegria ao seu pai. Sem contar que ele não conhecia nenhuma garota mais interessante que a amiga, e ela o amava.

Seria perfeito.

Só o que o assustava era a possibilidade disso magoa-lá, e o pior, de lhe mostrar de uma vez por todas que não há como lutar contra a sua natureza.

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