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"Eu nunca escolhi ser gay, aconteceu tão naturalmente quanto a cor dos meus olhos. Essa noite eu posso ser eu de verdade pela primeira vez, e a sensação é incrível." - Colton Haynes no dia em que se assumiu, em um discurso para a Human Rights.

Vinicius acordou no dia seguinte, uma sexta-feira, e viu com os olhos apertados que John o observa com um sorriso.

- Bom dia, palestrante do dia!

- Bom dia! - ele sorriu de volta. - Você não dormiu?

- O suficiente. - John garantiu. - Que horas que você tem que estar na escola?

- O evento começa às 15h, então chegarei às 13h, para me preparar.

- Vou tentar convencer meus pais a não se atrasarem. Eles são horríveis.

- Por favor! Preciso ver seu rosto no meio daquela multidão... Não sei se consigo discursar sem ter esses olhos por perto me acalmando.

- Eu estarei lá, vida.

Os dois permaneceram deitados e agarradinhos por mais uma hora até que John resolvesse ir embora.

- Vou indo para apressar meus pais. - ele se despediu do namorado. - Mesmo sabendo que o evento é obrigatório, eles não estão muito animados.

Ele parou para pensar nos absurdos que ouvira durante toda a semana.

"Um evento para falar de homossexualismo... É o fim do mundo! - seu pai praguejara em uma manhã. - E ainda vão me obrigar a pagar por isso."

- Tudo bem, baby. Quando o evento acabar podemos fugir... Fred me emprestou a chave da casa de praia. - Vinicius disse sonhador. - Tantas lembranças daquele lugar!

- Claro! Vai ser bom mesmo, tudo por aqui está me sufocando. - ele beijou a testa do menino, mas foi impedido de se afastar.

- Promete que sempre que se sentir infeliz aqui, vai pensar no quanto nos amamos naquela casa de praia, do quanto fomos livres? Vai pensar sobre como tudo isso é temporário. Não iremos nos esconder para sempre, John. Um dia esse peso vai desaparecer, eu juro. - Vinicius desabafou com o rosto afundado no pescoço do outro. Ele o apertava tanto que seus braços doíam.

- Prometo. Não se preocupe!

Os dois se encaram por algum tempo e John desistiu de ir embora.

- Talvez ainda tenhamos algum tempo. - ele disse enquanto empurrava Vinicius contra a cama e lhe arrancava um gemido com uma mordida em sua orelha.

Como se fosse a última vez, eles se amaram.

Com todo o fogo e devoção que possuía um casal apaixonado.

- Ah... - Vinicius arquejou enquanto sentia o outro. - Nunca vou enjoar de nós. Cada vez que nos amamos é melhor do que a anterior.

- É sim. - John gemeu antes de entrelaçar seus dedos nos do menino. - Seu corpo e sua alma foram feitos para mim.

- Eu pereceria sem você.

- Eu pereceria se não pudesse te fazer feliz.

- Então é como uma equação de primeiro grau, onde o X é permanecermos juntos, independentemente do que aconteça.

John segurou o rosto de Vinicius como se guardasse cada detalhe.

- Vamos dançar no baile de formatura.

Os olhos do menino se arregalaram.

- Quê?! Não brinca comigo!

- Não estou brincando. - ele riu com a reação do garoto. - É uma promessa! Não estou dizendo que irei te abraçar no meio do salão ou declarar meu amor na frente de todos, mas também não deixarei você terminar essa fase de sua vida sem realizar esse desejo. Vamos dançar, como amigos, que seja.

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