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John sorria e tinha em um de seus bolsos uma linda e delicada margarida. A boca de Vinicius se abriu, suas pernas estremeceram e o ar pareceu mais tóxico.

Ele tinha imaginado as mil coisas que diria quando o visse. Ele queria xinga-lo e dizer o quão infantil ele era por ter feito o que fez, mas tudo que conseguiu fazer, foi sorrir de volta.

- Pela segunda vez... Qual o seu problema com elefantes? - John perguntou ao reparar do lado do que ele estava.

Seu rosto apesar de alguns arranhões superficiais estava intacto, ninguém que não o conhecesse imaginaria que há sete dias atrás ele havia sofrido um acidente que quase lhe tirara a vida.

Nos pesadelos de Vinicius o rapaz sempre aparecia ensanguentado, sem vida. No entanto, lá estava ele, lindo como sempre. Com seu cabelo encaracolado, sorriso de dentes perfeitos, covinhas e olhos esmeraldas.

Percebendo que o menino não se mexia e nem falava, John segurou cuidadosamente em uma de suas mãos suadas e o conduziu à pista de dança.

Todos os olhares recaíram sobre os dois.

O rapaz parou no meio da pista e segurou as duas mãos de Vinicius com seus olhos fixos nos do outro.

- Sei que você deve estar se perguntando o porquê de muitas coisas, mas escute, você disse que seu sonho era dançar essa música, certo?

Vinicius concordou, ainda sem voz.

- Então vamos deixar pra estragar essa noite depois disso, ok? Agora vamos apenas dançar! Como qualquer casal livre e que se ama.

Ele colocou os braços de Vinicius envolvidos sobre seu pescoço e o aproximou pela cintura. O cheiro que emanava da margarida em seu bolso deixava tudo mais agradável.

As palavras da tão conhecida canção pelos dois embalavam seus passos. Eles nunca deixavam de se encarar, e devido a isso, nem perceberam quando todos os casais deixaram a pista exclusiva para os mesmos e passaram a contempla-los.

John sussurrou os últimos versos próximo da orelha esquerda do namorado, lhe causando arrepios e excitação.

- Sempre vou amar você, Vinicius.

- Por que não me deixou visitá-lo? - ele interpelou com desespero.

Os dedos de John deslizavam pelo rosto ansioso do outro, ele fechou as pálpebras com o toque.

- Você está tão abatido, docinho.

- Por que não me deixou visitá-lo? - Vinicius repetiu ainda com os olhos fechados.

I'll be do Edwin McCain era agora a responsável por dar melodia ao ambiente.

- Posso te beijar? - John fixava a boca do mais novo com saudades.

- Aqui? - Vinicius questionou olhando ao redor e lembrando-se pela primeira vez que não estavam sozinhos. - Na frente de todo mundo?

John sorriu com a inocência do menino.

- Não será nenhuma novidade, será?

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