Metamorfose.

28º

Nas semanas que se seguiram Vinicius com autorização de sua mãe - pois ainda faltavam três meses para seu aniversário de dezoito anos - escolheu os primeiros esboços das tatuagens que iria fazer.

Greg, o professor tatuado que assumiu no lugar de Edward e que também era jovem e muito bonito, e que, como qualquer um, se apaixonara pela fofura do menino, o acompanhou ao estúdio depois de muita insistência.

Ele sabia boa parte da história dos dois já que Vinicius era o tipo de pessoa que desabafava sempre que podia com quem estivesse perto.

- Você tem certeza que vai fazer isso? - ele o indagou enquanto o homem riscava no pulso do menino uma bússola.

- Tenho! - Vinicius repetiu pela milésima vez. - Não estou escrevendo o nome dele, nem nada do tipo, são tatuagens aleatórias pra quem não nos conhece.

- E se um dia acabar? - Greg insistiu.

- Se um dia terminarmos eu faço a egípcia e ressignifico todas as tatuagens. - ele riu e o amigo o acompanhou.

O telefone de Vinicius tocou e ele viu o número de John.

- Oi, meu amor. - ele chaleirou assim que atendeu.

- Oi. Onde você está? - John interpelou entediado. - Posso ir pra sua casa estudar? Essas provas estão me enlouquecendo.

Agora com reinicio das avaliações os dois se viam muito pouco, sem contar que Vinicius agora era responsável, ainda que tivesse auxiliares, por uma turma e vivia ocupado com o evento sobre bullying.

E ainda tinha Juliana que vivia o convocando para que a ajudasse com os preparativos finais para o baile de formatura que estava cada vez mais próximo.

- Hm, estou ainda no curso. - ele mentiu. - Pode, claro. Estou morrendo de saudades!

- Então vou aí te buscar.

Greg viu o rosto de Vinicius enrubescer e ele começar a gaguejar.

- Não precisa vir me buscar. Vou demorar aqui... Pego um táxi.

- Sério, o Ricardo e eu estamos nos matando de estudar desde que chegamos da escola, preciso de ar fresco. Faço questão.

- Você mente muito mal, man. - Greg pigarreou sem perceber que fora alto o suficiente para John ouvi-lo do outro lado.

Merda.

- Vinicius, onde você realmente está? E quem é esse aí?

- Não posso dizer. - o menino respondeu nervoso.

Greg entregou sua expressão de desculpa com o olhar fuzilante que Vinicius o lançou.

- Não pode dizer? - o tom de John era um misto de irritação e mágoa.

- Não agora... Mas você vai adorar. É uma surpr... - o telefone ficou mudo.

- Ele desligou? - o rapaz lamentou enquanto Vinicius tentava retornar a ligação.

- Você é lesado, praticamente gritou... Argh!

- Desculpa! Agora guarda esse ódio pra amenizar a dor. - Greg brincou.

- Vou precisar que você deixe o celular para começarmos com a agulha. - o tatuador alertou.

- Sua sorte eu não poder usar os braços agora, Greg. - Vinicius ameaçou rindo antes de sua expressão risonha assumir uma de dor e fazer o outro rir.

Depois de três horas Vinicius saiu com suas duas primeiras tatuagens. Uma bússola e uma corda. Elas cobriam metade das marcas do seu pulso e ele estava apaixonado pelos desenhos.