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A rotina de Vinicius voltou pouco a pouco ao normal.

Sua recepção na escola não poderia ter sido melhor.

Juliana promoveu uma grande festa no pátio com ajuda de Bruna, muito contrariada, pois não adiantava o que dissessem, ela odiava a menina.

- Eu fiz tudo praticamente sozinha, Vini. - sua melhor amiga disse assim que pode se aproximar.

Muito gente sorria e vinha abraçar Vinicius o parabenizando.

Várias bandeiras de arco-íris foram postas pelos corredores da escola.

- Uau! - ele disse admirando o ambiente. - O bolo é um unicórnio!

Uma fila de alunos e professores se formou ao redor de Vinicius para cumprimentá-lo.

Vinicius abraçou mais de cem pessoas diferentes.

Francine sorriu quando chegou sua vez na fila.

- Não é engraçado? Da noite para o dia ir de um zé ninguém, rejeitado, para um herói inspirador? Você realmente acha que merece toda essa atenção? - ela falou com azedume.

Jonh observava inquieto do outro lado do pátio.

- Francine, não quero atenção. Tudo que eu quero é servir de exemplo para as pessoas que sofrem todos os dias, como eu sofri. - ele respondeu calmante.

- É claro, parabéns! - ela sorriu com sarcasmo. - Acho que você e seu namorado ainda terão muito o que comemorar!

Vinicius olhou involuntariamente para John.

- Não tenho namorado! - ele exclamou com a boca seca.

- Ah não? E o John? É o quê? Alguma amizade colorida? - Francine percebeu o nervosismo de Vinicius e isso a encorajou a prosseguir. - Você acha justo ele esconder o relacionamento de vocês? Pensa bem? Você sofreu tanto para se assumir... É justo arrumar alguém que não compartilhe dessa liberdade?

Os olhos de Vinicius estavam arregalados e ele tremia.

- Não sei do que você está falando... Eu sou gay, o John não tem nada a ver com isso! Somos amigos... apenas!

- Você está certo. - Francine sorriu maliciosa. - Eu devo estar louca! Boa sorte na sua nova vida, e... Toda a felicidade do mundo! Acho que não temos mais motivos para nos odiar, estou propondo uma trégua.

- Obrigado. - ele disse aliviado. - É tudo que eu quero, claro! Posso te dar um abraço?

Francine assentiu e o abraçou tentando disfarçar sua repulsa.

- Boa sorte!

No final da comemoração, John, que não se aproximou de Vinicius durante toda a festa, o aguardava na rua da frente para levá-lo para o curso.

Tudo tinha que ser feito disfarçadamente.

- Cadê o Edward? - Juliana perguntou assim que eles se aproximaram do portão.

- Ele está vindo, Ju. Você pode ir... O Ricardo não está se sentindo bem, você deveria ir encontrá-lo. - Vinicius respondeu ansioso para poder encontrar John.

- Não, vou esperar! E se ele não vir? Você ainda não pode andar muito ou fazer esforço!

- Eu posso ficar aqui esperando, Ju. Dai você vai encontrar o Rick... Ele é muito manhoso quando está doente! - Bruna riu ao se lembrar de alguma coisa do seu relacionamento. - Melhor você ir logo!

- Oi? De onde essa intimidade? É Juliana para você, querida. - a menina grunhiu para a outra.

- Para, Juliana! Ela não fez nada. Que grosseria.

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