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Uma hora e meia foi o suficiente para Vinicius conhecer tudo sobre a vida de Edward. Que ele nasceu em Doncaster, na Inglaterra, que veio morar com a avó aos doze anos no Brasil ( hoje ele tinha vinte e dois.)

Que adorava lecionar, que pretendia cursar Literatura em Oxford em Londres, que amava fotografia, que estava quase tudo certo para voltar no próximo ano para seu país, e que era solteiro, sim, ele repetiu isso umas trezentas vezes ocasionalmente no meio das conversas.

"Uma das primeiras palavras que aprendi em português foi a palavra solteiro, acredita?!"

Vinicius por sua vez não contou muito da sua vida, apenas o necessário. O que pareceu incomodar Edward, que estava realmente interessado em saber.

- Você não fala muito, né? - ele observou enquanto terminava de escrever uns exercícios no quadro.

- Gosto mais de ouvir... Seu sotaque é muito fofo. - Vinicius sorriu.

- Flertando comigo, little intern? - Edward questionou mordendo o canto da boca para não rir.

- Não! - o menino respondeu corando. - Foi só um elogio, desculpe se...

- Ah, que pena... - Edward o interrompeu e voltou sua atenção para o quadro com a feição divertida.

Vinicius ficou bem aliviado quando conheceu a turma que iria auxiliar, eram crianças na faixa dos dez e doze anos. Eles eram adoráveis e ficaram igualmente apaixonadas por ele.

Edward deixou o quadro após a explicação dois exercícios que havia passado e sentou-se em sua cadeira.

- Chega mais perto... Não mordo, quer dizer, não para machucar.

Vinicius engoliu em seco.

- Ah, claro. - ele se aproximou de Edward envergonhado.

- Você vem depois da escola pra cá? De carro? - Edward o interrogou.

- Isso, a minha amiga ficou de me dar carona todos os dias.

- Tio Vini?! - Uma menina com sardas e as bochechas rosadas chamou. - Pode me ajudar?

Edward admirou Vinicius se aproximar da garotinha com toda a paciência e simpatia possível. Ele deveria estar preocupado, pois praticamente todos os alunos o ignoravam e recorriam ao menino, mas a verdade é que ele entendia perfeitamente o porquê. O jeito meigo e divertido que o colega lidava com elas era invejável.

Quando Vinicius voltou a se sentar ele comentou:

- Vou ter que pedir seu afastamento. Essas crianças não dão a mínima para mim!

Vinicius arregalou os olhos e depois relaxou sorrindo.

- Pare com isso! Eles o adoram também!

- Tudo bem, não consigo ser tão encantador.

Edward mordeu os lábios satisfeito quando o rosto de Vinicius ruborizou.

- Bem, vou indo para a aula agora... Obrigado, Edward. Até amanhã! - ele se levantou e estendeu a mão, mas o outro o puxou para um abraço.

- Calma, não vai se livrar de mim assim tão facilmente! Saio daqui há duas horas também... Posso te dar uma carona? É caminho.

Metamorfose.Onde histórias criam vida. Descubra agora