Antes mesmo de decidir se gostamos ou não de uma certa história, decidimos se gostamos ou não da escrita de quem a escreveu. Por mais que sua ideia seja original e seus personagens sejam bem-feitos, é muito difícil conquistar leitores se sua escrita não for, no mínimo, boa.
Já cansei de ver boas histórias escritas de modo péssimo. Recentemente até desisti de comprar um livro brasileiro por causa disso. Obviamente, não sou nenhuma profissional e minha própria escrita é capaz de dar do de barriga no papa, mas se tem uma coisa que me enerva profundamente é um erro bastante comum entre iniciantes: o uso dos verbos.
Existem basicamente duas coisinhas com que você deve se preocupar quando o assunto são os verbos da sua história. São muito fáceis de corrigir, por isso, na maior parte das vezes, esses erros são mais por distração ou pelo autor não se dar conta mesmo. Depois de tê-los corrigidos, acredite, sua escrita dá um salto duplo mortal de qualidade.
Tempo verbal.
Existem basicamente dois tempos verbais com que você pode escrever sua história: passado e presente. Até onde eu sei, ninguém jamais tentou escrever algo com os verbos todos no futuro (e convenhamos que isso seria deveras estranho). O tempo verbal mais popular, pelo menos aqui no Brasil, é o passado, mas alguns livros escritos no presente já começaram a desembarcar por aqui fazendo sucesso estrondoso (olá, Jogos Vorazes).
A primeira coisa que você tem que decidir é: qual tempo verbal usarei?
Isso, obviamente, é uma questão que só você pode responder; depende da sua preferência, do gênero da sua história, do seu estilo, etc. Porém, depois de decidido, aconselho que só mude o tempo verbal se for muito, muito necessário (como, por exemplo, um livro narrado por um homem velho que conta sua história. Nos trechos narrados por ele, os verbos estariam, digamos, no passado, mas quando chegam as partes do homem e não de sua história, seria compreensível que os verbos estivessem no presente - mas aí é um caso especial, já que faz um contraste entre o que está acontecendo agora, presente, como o que já aconteceu, passado).
Depois de decidido, vem a parte mais trabalhosa:como identificar verbos no passado ou no presente?
Isso é muito, muito fácil. Absurdamente fácil, eu diria, porque usamos a conjugação dos verbos para presente e passado diariamente, a todo instante. Verbos no passado mostram ações que aconteceram ou que costumavam acontecer no passado (obviamente). Por exemplo:
Maria jogou bola com seu irmão.
O verbo jogar está no passado. Maria já concluiu a ação de jogar bola com seu irmão, portanto, não está acontecendo nesse momento.
Maria jogava bola com seu irmão.
O verbo jogar está, mais uma vez, no passado, mas agora, além de indicar uma ação que já foi concluída, ele indica um hábito. Podemos inferir que Maria costumava jogar bola com seu irmão com frequência e que não era algo que aconteceu uma vez só, como no primeiro exemplo. Verbos desse tipo também dão a ideia de continuidade. Exemplo:
Maria ainda corria atrás do menino, que tinhaa bola nos pés e arfava, os pulmões ardendo.Acelerou; talvez chegasse ao gol antes dela.
Nesse caso, Maria continua correndo atrás do menino, que continua com a bola nos pés e que também continua arfando. Já o verbo acelerarestá como no primeiro caso; o menino acelerou e depois parou de acelerar, mantendo a nova velocidade.
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Ápice de Pandora - Dicas Para Escritores
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