Diálogos #01 - Estrutura

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Uma das armas eficazes de um escritor é, sem dúvida, o diálogo. E, é claro, esta é também uma das maiores armadilhas que existem no mundo da escrita; sempre que seu personagem abrir a boca para falar algo, ele está, na verdade, cuspindo uma lâmina (bem afiada) de dois gumes direto na sua cara.

Diálogo é de extrema importância. Vejo muitos escritores por aí que até possuem uma boa descrição e uma história legal, mas pecam tanto nos diálogos que a coisa toda se torna insuportável. Para evitar isso, há alguns conselhos que podem ser seguidos.

Diálogos não podem ser fantasiosos.

Adolescentes não falam como advogados em um tribunal. Uma pessoa que nunca estudou provavelmente não falará como uma que passou a vida enfiada nos livros. Velhos não falam como jovens, e ninguém (além de professores e pessoas discursando) faz monólogos que duram três páginas. Simplesmente não rola.

Diálogos não podem ser reais.

O quê? É, diálogos não podem ser reais. Você já viu como falamos no dia a dia? É um caos. É comum pararmos e ficarmos repetindo a última palavra, por exemplo, enquanto estamos pensando no que dizer, e isso não pode de jeito nenhum acontecer no seu livro. Diálogos não podem ser reais e não podem ser fantasiosos;diálogos devem ser realistas, o que acaba sendo bem diferente. As falas realistas lembram as nossas da vida real, mas não fazem uso das diversas imperfeições que se misturam aos nossos diálogos.

Há algumas regras na hora de estruturar o seu diálogo.

Como assim? Simples: uso de travessão ou aspas, quando usar pontos e quando usar a letra maiúscula. E, obviamente, diálogos são separados por linhas. Cada personagem tem sua própria "linha", por assim dizer. Em hipótese alguma duas pessoas podem falar no mesmo parágrafo.

1. Aspas

"Maria, você disse que iria comigo ao parque," murmurou Ana, chorosa.

A garota mais velha bagunçou os cabelos castanhos da menina e sorriu. "Talvez amanhã, irmãzinha."


Quando se usa aspas, a frase não precisa começar com a fala desde que seja indicado quem a está dizendo. Antes da aspa final, deve haver uma vírgula se a palavra seguinte for um verbo de ação (dizer, murmurar, sussurrar, gritar, etc, como na primeira fala do exemplo) e um ponto quando for fim de paragrafo (como na segunda) ou quando o que vier depois não for relacionado à fala.

"Mas você me prometeu!"

"Falamos disso depois, Ana." Maria se virou com um movimento rápido e deixou a irmã amuada para trás.


2. Travessões

- Maria, você disse que iria comigo ao parque - murmurou Ana, chorosa.

A garota mais velha bagunçou os cabelos castanhos da menina e sorriu.

- Talvez amanhã, irmãzinha.


Travessões são um pouquinho mais exigentes. Não se pode começar uma frase destinada a diálogo com outra coisa que não seja um travessão. Porém, assim como as aspas, com travessões não devemos usar ponto antes do verbo de ação e devemos usar quando for fim de parágrafo ou quando o que vier depois não for relacionado à fala.

- Mas você me prometeu!

- Falamos disso depois, Ana. - Maria se virou com um movimento rápido de deixou a irmã amuada para trás.


Nada de usar sotaques nas falas.

É sério. Além de ficar feio e difícil de ler, você pode acabar ofendendo alguém sem intenção. A melhor saída é comentar o sotaque durante a narrativa e, se não houver jeito, modificar apenas uma coisa ou outro na fala propriamente dita do personagem.

Ápice de Pandora - Dicas Para EscritoresOnde histórias criam vida. Descubra agora